De chute em chute, vai sobrar para o traseiro do contribuinte
O ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, rebateu neste sábado as afirmações do secretário-geral da Fifa, Jèrôme Valcke, de que a construção de estádios e de infraestrutura de transportes e hotéis para os torcedores da Copa do Mundo de 2014 estão atrasadas.
Para o dirigente francês, poucas coisas estão funcionando no Brasil e os organizadores precisam de “um chute no traseiro”, pois o País parece mais preocupado em ganhar a Copa que com organizá-la.
A reação do ministro é típica de um brasileiro, que normalmente não gosta de ouvir verdades, principalmente quando ditas por um estrangeiro. As obras para a Copa de 2014 não estão acontecendo dentro dos prazos.
O que se sabe é que tem estádio, por exemplo, que não está com sua conclusão garantida para a Copa das Confederações, em 2013, pois o que sabemos é que elas andam em marcha lenta.
Nossos aeroportos estão funcionando de modo aceitável? Há alguma expectativa de que os problemas estão sendo tratados de modo que em 2014 os atrasos e cancelamentos de voos parem de acontecer?
Já estão adiantadas as obras que garantirão rapidez no acesso aos estádios em todas as sedes já estabelecidas. O sistema de transporte público está sendo adequado à demanda durante a Copa? Vê-se, então, que o francês não falou nenhuma mentira.
A questão é saber-se em qual traseiro o chute deve ser desferido, ou em quais traseiros devem ser dados os chutes.
Some-se a essa confusão toda o fato de que o presidente Dilma Rousseff também quer um outro interlocutor com a CBF, visto que ela não tem mais diálogo com o ainda presidente Ricardo Teixeira.
Acresça-se ainda o fato de que o presidente da CBF está sendo acusado de irregularidades praticadas na sua condição de integrante do quadro dirigente da Fifa. Parece (?) que tem muita sujeira no meio do futebol.
Mas existe mais alguma coisa para se estabelecer uma série de chutes em traseiros por conta da Copa do Mundo de 2014, que são as denúncias de superfaturamento em diversas obras que são de responsabilidade do Poder Público. Tem gente enriquecendo por conta do evento, o que não é de se estranhar num país no qual dinheiro público é tratado como coisa particular.
E para terminar, ainda sobre a declaração do secretário-geral da Fifa, Jèrôme Valcke, de que o País parece mais preocupado em ganhar a Copa que com organizá-la, nessa ele está totalmente enganado, merecendo também um bom chute no traseiro.
As convocações do técnico Mano Meneses e os amistosos contra adversários de nenhuma qualidade demonstram que se a Copa for mesmo realizada no Brasil, essa Seleção de Fernandinho, Sandro, Ronaldinho e outros 'menos votados' não vai ser vista pelos cariocas na final do Maracanã, pois dificilmente chegará à final, único jogo da 'amarelinha' previsto para acontecer no Rio de Janeiro.
Talvez fosse melhor que acontecesse desde já um chute no traseiro de Mano Meneses.
05 de março de 2012
Airton Leitão
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
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