"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 20 de março de 2012

CRAQUE E GROSSO

Temos o hábito de comparar qualidades e estilos de times e de jogadores, mesmo de épocas diferentes. Apenas os comuns se repetem. Grandes times e grandes craques nunca são idênticos. Cada um faz de seu jeito. Ainda bem.

Pior que ter um estilo que não agrada é não ter nenhum estilo. A seleção, com Dunga, tinha uma maneira definida de jogar. Marcava mais atrás e contra-atacava com velocidade. A atual não faz isso nem joga como os times brasileiros, que usam muito as jogadas aéreas e os chutões, nem como as grandes seleções, como Espanha e Alemanha, que trocam muitos passes e que atuam com os jogadores muito mais próximos um do outro.

Mano disse que estamos no caminho certo. Não será com Ronaldinho. Ele não dá mais para a seleção. Mas dá para o Flamengo. Não vejo mistério em sua queda, mesmo abrupta, a partir da Copa de 2006. Ronaldinho brilhou muito cedo e caiu também cedo. Todos os grandes craques têm um tempo de esplendor técnico. O dele foi apenas um pouco mais curto. Temos de vê-lo com o olhar do presente.

Neymar, além de uma excepcional técnica, gosta do show particular, variado, às vezes pirotécnico, com muitos efeitos especiais. Ele se parece mais com Ronaldinho, em seus grandes momentos, e com Maradona.

Já Messi, pelo estilo mais minimalista, sóbrio, repetido, de driblar sempre em direção ao gol, de evitar a firula, me lembra mais Zico, e também Pelé. Messi é um Zico melhorado, sem ser tão completo quanto Pelé. Se Messi brilhar e for campeão do mundo, até os argentinos dirão que ele é melhor que Maradona.

Todos os craques citados, e mais Cruyff, Platini e outros da mesma posição, têm em comum uma extraordinária técnica. Cruyff era o que tinha mais talento coletivo. Jogava como se estivesse na arquibancada, vendo o conjunto. Não foi por acaso que se tornou o inspirador do Barcelona atual, além de ser um ótimo analista e crítico. Cruyff disse que jogava 85 minutos para o time e, em cinco, dava show.

Pelé, além de ter sido o melhor, era o mais viril e guerreiro. Quando era muito marcado, jogava como um típico centroavante. Pedia a bola, trombava, deslocava os zagueiros, muitas vezes com falta, dominava e fazia o gol.

Nuno Ramos, artista plástico, em um ensaio para a revista Piauí, sobre futebol brasileiro, disse que Pelé, “ao lado de um inacreditável primor técnico, em todos os fundamentos, usava a canela e a botinada como ninguém”. Completou: “Pelé era craque e grosso ao mesmo tempo”.

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POLUIÇÅO E VIOLENCIA

Na semana passada, o brilhante jornalista André Trigueiro mostrou, em uma reportagem para o programa Cidades e Soluções, do Globo News, o grave problema da poluição, de todos os tipos, nas grandes cidades brasileiras.

Além disso, crescem a violência, o barulho e o desrespeito aos cidadãos e às leis. Pequenas infrações, tão comuns como jogar papel na rua, estacionar em fila dupla e tantas outras são o início para problemas muito mais graves, como a corrupção.

O Brasil tem a sexta economia do mundo e está em 84º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que é o mais importante. Melhora a economia, e pioram os problemas sociais.

Tostão
20 de março de 2012
(Transcrito do jornal O Tempo)

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