"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 18 de abril de 2012

DESTRUINDO OS ARGUMENTOS ABORTISTAS

Antes que pensem que é pretensão, é isso mesmo, este artigo visa acabar com todo e qualquer argumento abortista. Tendo em vista que essa corrente nefasta já matou bilhões de pessoas e vem matando silenciosamente todo ano mais de 5 milhões pelo mundo, acho o objetivo justo e a firmeza das palavras mais urgente ainda.




Vamos a uns fatos que logo de cara já deixam qualquer abortista em saia justa: ora, uma célula fecundada, um zigoto, é um ser vivo e não há como negar. Por mais louco que um abortista seja esse crivo da ciência é reconhecido por todos. Ora se um espermatozoide é vivo e um óvulo é vivo também, não há porque pensar que a união dos dois gera uma morte, e depois de algum tempo, uma vida novamente. O caráter vivo não se perdeu. A célula não sofreu, lise, nem autólise, nem necrose nem nada. Continua lá vivinha.




Fato de número dois é que esse ser vivo não sou eu (como poderia atribuir ao meu espermatozoide) e também não é a minha parceira (como ela poderia afirmar sobre seu óvulo). E esse fato se deve a um único motivo: essa célula não possui nem meu genoma e nem o da minha parceira. Ele possui um novo genoma. Se analisarmos todos os genes dessa célula, veremos que ele não é idêntico nem a mim nem a minha parceira. Tendo em vista isso, esse célula precisa ser considerada como pertencente a uma classificação na natureza que não a minha pessoa nem a da mulher. É um novo ser. Um indivíduo (termo biológico mesmo) novo que ainda não existia na natureza. É um fenômeno totalmente inédito. É um novo ser vivo na natureza.




Como todo ser vivo, vivente, ele claramente pertence a uma espécie. E a pergunta é: a que espécie pertence esse novo ser vivo? Todo abortista condena o zigoto, o embrião a um limbo da biologia. Se eles não consideram como aquilo humano, a que diabos pertence então essa entidade viva? Em que lugar da taxonomia foi parar esse ser vivo? De repente eu tenho todos os seres vivos no universo classificados em um grupo exceto um? Esse grupo está condenado a “viver” em uma não classificação?




Logo de cara temos um problema que não se pode resolver com a concepção dos que defendem o aborto. Se querem estar de acordo com a ciência são obrigados a considerar que o embrião é uma nova vida e que só podem pertencer a espécie humana e não outra. O problema deles já começa aqui, simples e sem rodeios. Logo se queres ser abortista te aconselho a não começar pelo mérito de onde a vida começa, pois como já mostrado, ela nunca terminou, ela aconteceu novamente e ineditamente e teve um marco zero (um instante t = 0 que é a concepção). E esse t = 0 é de forma simples e harmoniosamente o instante em que minha célula não é mais minha e a célula da minha esposa não é mais dela existe um ser vivente inédito, e isso é bem claro e objetivo.




Um abortista poderia argumentar que essa célula ovo é tão ser vivo e tão célula quanto qualquer outra célula, portanto tão digna quanto um espermatozoide. Mas isso não é verdade. Todo ser vivo o é em sua totalidade. Um estreptococo é uma bactéria na sua totalidade de uma única célula. Assim como o zigoto é um Homo sapiens na totalidade da sua única célula. Embora digno, um espermatozoide não pode representar a dignidade total de um ser humano. Eu sou uma pessoa na totalidade de todas as minhas células juntas. Minha dignidade está confinada na minha dimensão multicelular. Assim, um zigoto é um ser humano confinado na sua condição unicelular (momentânea) e por isso carrega na sua unicelularidade toda a dimensão humana. Se uma bactéria é bactéria toda em uma única célula, assim também é o embrião, ele é todo homem em uma única célula por enquanto. O mesmo não vale para o meu espermatozoide, essa célula não sou eu todo, e sim uma parte de mim, porque na condição adulta, a minha totalidade não se confina em uma única célula, mas em muitas.




Agora entremos no mérito da dignidade. Todo ser vivente é dotado de uma dignidade. Que de forma bem simples, é o valor atribuído por nós seres humanos a tudo que existe vivo. E essas coisas vivas possuem esse valor intrinsecamente. Quando digo intrinsecamente estou dizendo que essas coisas possuem valor apenas por existir. Não precisa uma bactéria fazer absolutamente nada para ter valor, basta existir, basta ser bactéria. E esse valor vem do fato de que quando eu vejo uma bactéria reconheço nela algo que diz respeito a mim (ser humano): ela partilha algo que me ajuda a me dizer que eu sou eu, que eu existo, e esse fato é a vida. Por serem vivos, eu posso reconhecer vida nesses seres e me identificar com eles. Nesse identificar-se damos valor a coisa identificada. Assim uma bactéria agora possui um valor intrínseco, é vivo como eu e não pode mais estar no mesmo “balaio” das coisas não vivas.




Essa é uma forma simples de compreender que a dignidade é um valor exclusivamente humano. Só nós seres humanos atribuímos esse valor as coisas. Apenas nós somos capazes de dizer aquilo que tem dignidade ou não. A dignidade atribuída as demais coisas da natureza, as não vivas, não são valores intrínsecos e sim atribuídos. De tal sorte que contribuem para a manutenção da coisa viva, então possuem valor, no mais, uma pedra em Plutão não possui valor nenhum. Em resumo, valor intrínseco apenas coisas vivas possuem e valor atribuído e não direto possui qualquer coisa que possa contribuir para a vida. Ou seja, a vida é o crivo da dignidade.


E essa conclusão é tão verdadeira que tão logo encontrássemos vida em outro planeta, haveríamos de lhe dar valor, independente de não se relacionar com manutenção da vida aqui na Terra. Um homem possui dignidade aqui em comunidade, ou em outra galáxia perdido, sozinho. Não é a comunidade nem qualquer outra coisa que faz o ser humano ter valor. É apenas o fato de ser gente. Assim seria tosco da sua parte não se importar se descobrisse que em Plutão que vive isolado lá um ser humano. Assim que você soubesse do fato se sensibilizaria e iria querer a manutenção desse homem vivo, onde quer que ele esteja.




É por isso mesmo que o direito a vida é um direito universal. Se estendêssemos o conceito poder-se-ia dizer que isso vale para qualquer entidade viva no universo. Mas dado o grau de relação entre as entidades vivas aqui no Planeta, só devemos afirmar isso invariavelmente para os seres humanos. Para ficar claro, temos que uma bactéria possui direito a vida e tem seu grau de dignidade. Mas em sendo que se essa mesma bactéria se relaciona com a espécie humana podendo causar-lhe a perda da vida, é necessário escolher qual vida vale mais. E como Thomas de Aquino define, a coisa que julga é sempre superior à coisa julgada. Se nós quem julgamos o que é dignidade, a nós cabe dizer a quem ela pertence absolutamente. Logo sou superior a qualquer bactéria, estou no grupo do julgador e não da coisa julgada. Ora, se em uma disputa não querida entre eu e a bactéria tenho que sair vivo, claro que estou supondo que tenho mais dignidade que a bactéria. E isso vale para qualquer outra coisa viva na natureza. Isso é tão moral que me faz querer bem as coisas vivas (e assim a ecologia) mas sem perder de vista a minha humanidade.




Entre uma mãe e um feto, não existe relação de superioridade. Não há nada intrínseco na humanidade do Homo sapiens mãe que seja superior à humanidade do Homo sapiens filho. Ambos pertencem a mesma espécie, ambos vivos e ambos dotados de dignidades e potencialidades. Há quem diga que as relações pessoais vividas pela mãe colocam-na um patamar acima do feto, ela possui mais “pontos” em uma das dimensões humanas, a social (a saber, as dimensões humanas são biológicas, psíquicas e sociais. As psíquicas abarcam aí a espiritual do ponto de vista prático). Mas como disse, o valor humano é intrínseco e não depende do quanto você já se relacionou na vida. Uma relação vale tanto quanto mil. Se fosse o contrário, “o menino lobo” – famoso caso – seria menos humano que os outros e assim seria menos digno que os outros. Além disso o feto já possui uma rede de relacionamentos desde a concepção: com o universo uterino e toda a estrutura familiar que o espera lá fora do ventre materno.




Como dito, em Plutão, na selva ou no útero, seres humanos são sempre seres humanos e iguais em dignidade em qualquer situação. Afinal não é isso que diz a declaração universal? Todos os homens nascem iguais em dignidade? Agora vem abortista falar em direitos humanos? Afinal, estão querendo enganar quem? A própria declaração afirma que somos biopsicossociais desde sempre, desde que somos seres humanos. E como provado somos seres humanos desde a concepção.




Um abortista descuidado poderia argumentar. Mas o feto depende da mãe para viver. Tudo bem,depende. Mas quantos outros seres vivos não dependem uns dos outros? Sem emotividade, um paciente em coma depende de outros seres para viver, seria lícito matá-lo sem direito a defesa, sem motivo justo? Sem emotividade, você não tem coragem e até se revolta se matarem cães domésticos, você tem duvidas que cães domésticos dependem de nós para viver? Nesse aspecto, dependemos até de bactérias para viver, e no entanto elas são menos dignas que nós como mostrado antes. Ou seja, não existe essa relação. Dependemos de bactérias e somos mais dignos que elas. Bebes são mais dignos que mães? Concluir isso seria de um non sequitur descarado.


Temos a partir de então duas constantes lógicas. Uma que me coloca em uma posição coerente que explicarei a seguir e a constante da dignidade.


Muitos abortistas afirmam que a ciência não tem um parecer sobre quando começa a vida e quando termina a vida. Poderia citar aqui 1001 exemplos de que isso não é verdade, mas citarei apenas uma fonte confiável que permite a qualquer curioso ir pesquisar daí em diante. Qualquer estudante de graduação médica do Brasil, “que sá” do mundo, estudam a embriologia em fontes comuns. Uma dessas fontes é o embriologista e anatomista Keith Moore, que publicou o livro “Embriologia Clínica”. Nesse livro ele afirma:


“O desenvolvimento humano começa na fecundação, o processo durante o qual um gameta masculino ou espermatozóide se une a um gameta feminino ou ovócito (óvulo) para formar uma única célula chamada zigoto. Esta célula altamente especializada, totipotentes marcou o início de cada um de nós como um indivíduo único.”


“Um zigoto é o início de um novo ser humano (isto é, um embrião).”


Sendo assim ainda posso citar outro, o livro de Rezende de Obstetrícia (um dos mais usados) na medicina, afirma claramente que a vida pode-se afirmar com base nos conhecimentos atuais, que a vida começa na fecundação. A Academia Brasileira de Medicina afirma a mesma coisa. E toda a comissão de bioética e ética médica prevê que os médicos atuem com base nesse conhecimento.


Sendo assim, é esquisito pensar que os médicos levam a sério todo o livro de Keith Moore e façam questão de esquecer somente essa parte. Não que o livro não possa ser questionado em alguma parte, mas o que vemos é algo bem claro.


Enfim nesse quesito, estou seguro, a medicina tem uma posição. Mas ainda um abortista poderia dizer: “mas isso é hoje, amanha não se sabe, uma verdade científica hoje não é a mesma amanhã. E mesmo assim teimo em afirmar que não é consenso no mundo.” Tudo bem. Posso entrar no campo de batalha de qualquer abortista, tenho a lógica do meu lado. Vamos lá. Vamos admitir então que não existe consenso. Sendo assim seria mais burro e perigoso ainda ser a favor do aborto. Ora, a minha posição é confortável; se a vida não começar na concepção tudo bem. Eu já protegia ela antes mesmo, logo não perdi nenhuma vida, digamos assim. Mas e se no futuro firmarem de fato que a vida começa na concepção? Como ficarão os abortistas? Eles estarão a frente de um grupo que foi a favor de matar um monte de gente. Quem pagará essa conta? Veja a diferença: enquanto eu não ficarei jamais responsável por nenhuma morte, o abortista ficará responsável por várias. Isso porque minha posição me dá uma margem segura, cubro toda a possibilidade no tempo da vida humana. E afinal, qual é a posição mais prudente? Você apostaria fifith-fifith na vida de sua mãe se ela em coma afirmassem que ela morreu mesmo sem ter certeza?


Não existe posição inteligente no aborto. Mesmo que você veja lógica no pensamento abortista, é claro que existe muito mais lógica no pensamento pró-vida. E é isso que estou mostrando. Logo, entre duas coisas lógicas devemos estar de acordo com aquela mais harmoniosa e mais lógica das duas.


A argumentação é simples. Por que não mato embriões? Porque eles possuem dignidade e dignidade nítidamente superior a outros seres vivos não humanos, desde a célula ovo. Isso é fato incontestável. Mesmo nos piores centros de fertilização in vitro existe toda uma parafernalha de técnicas visando o “respeito” para com aquela célula. Se fosse uma célula comum como outras, por que tanto cuidado? Se você reconhece dignidade até mesmo em filhotes de tartarugas e cães, por que não enxerga isso em embriões humanos?


A retórica abortista é tão fajuta que no ápice do desespero, escorregadios como todo relativista, eles tentam afirmar que aborto é melhor que criar pessoas na miséria ou então que atrapalha o individuo que não planejou a gravidez. Então quer dizer que se tem um ser humano te “atrapalhando” você mata? Quer dizer que agora os abortistas têm bolas de cristal e sabem da sina de todo mundo? Como saber que aquele garoto vai ser um miserável? Então por esse ponto de vista vamos matar todas as pessoas que podem vir a sofrer na vida, mulheres que tem mutação em BRCA1, por exemplo, que tem altíssima chance de ter câncer de mama; essas não merecem viver, elas fatalmente vão sofrer no futuro, vamos matá-las para evitar que elas sofram. Afirmar isso é totalmente irracional. É eugenia e se aproxima muito do pensamento nazista, de eliminar seres humanos com base em predições. Pelo ponto de vista, seria lícito matar um monte de pobres e seria mais lícito ainda esterilizar todas as mulheres pobres. Mais ainda, para abortar, nesse sentido, a mulher terá que ter um comprovante de pobreza para provar que o filho é forte candidato a viver na miséria.


Você abortista iria querer que sua mãe te eliminasse se em dado momento desconfiasse que não poderia te criar? Tudo isso mostra pequenos exemplos de como o pensamento abortista “não tem pé nem cabeça”.


O último e mais ordinário argumento que um abortista pode ter é afirmar que aborto é uma questão de saúde pública e que milhões de mulheres morrem todo ano vitimas de aborto em más condições. Esse argumento é pífio porque grita contra os fatos. Basta acessar o DATASUS que é a base de dados do SUS para as notificações de todos os quadros de doenças relatadas no país. Basta ir no site e ver com os próprios olhos. De 1996 até 2009, a soma de mulheres mortas por más condições de aborto não chega a 160 mulheres. Vamos admitir que uma parte não chegou a tempo no sistema de saúde e morreram antes de notificar, ainda sim, não chega a 500 com certeza. Ou seja, os dados trazidos pelas ONGs abortistas, de calamidade são falaciosos e mal intencionados. De onde eles tiram esses dados, voce já se perguntou?


A leveza em afirmar os dados acima vem do fato de ser PROIBIDO ao médico não atender um paciente em risco de morte iminente em qualquer situação. Ou seja, nunca vi, e nem pode, um médico negar atendimento à pacientes que chegaram no serviço por más condições de aborto. Muito pelo contrario sempre foram cordiais e prestaram muito bem o serviço. Para falar a verdade não vi na minha experiência (pouca, mas não tanto), nenhuma mulher morrer por complicação de aborto em más condições. Isso porque como disse os médicos agem conforme o juramento.


Outro fato que corrobora, é que quando uma mulher complica o aborto mal feito ela busca o serviço hospitalar comum, na imensa maioria das vezes. Claro! Nenhuma mulher vai morrer para não ter que passar a “vergonha” de assumir ao médico que abortou. Nenhuma mulher preferirá morrer. Para falar a verdade é de se pensar que se foram egoístas para eliminar seus problemas no ventre, não seriam tolas ao ponto de não pensar em si de novo e salvar suas vidas. Ao passo então que se “matam” 700 mulheres em 13 anos (sendo bem pessimista), quantas crianças não morreram nesse mesmo período vitimas do aborto? O próprio DATASUS confirma. Não há como negar fatos. Alguém precisa acabar com isso.


Outro ponto a se cogitar é: existe o fato de que nenhum abortista pode afirmar que a posição pró-vida é ilógica e muito menos que ela é imoral. Não é e não há nada que possa transformá-la numa posição injusta. Basta algum abortista me mostrar um só ponto. É impossível.


Não há como a pessoa estar de acordo com a lógica e de acordo com o aborto ao mesmo tempo, não se coadunam essas possibilidades. Mesmo um livro não seria capaz de esgotar todos os argumentos em favor da vida, e logo fica muito em aberto nesse artigo. Contudo, é confortável que com ele temos motivos mais que suficientes para não requerer o abortismo e na verdade temos aqui motivos suficientes para duvidar da posição abortista.


A luta contra a cultura de morte não pode acabar. A única coisa que temos que lutar para arrasar mesmo, é contra o pensamento abortista. A contra-argumentação é infinita, não por nós, pró-vida, mas por eles que cada vez que refutamos eles em um campo, esquivos eles buscam outros argumentos, sempre relativizando. Mas uma coisa é certa, sempre estaremos destruindo os argumentos abortistas.
18 de abril de 2012

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