"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 7 de maio de 2012

"TINHA UMA CABRAL NO MEIO DO CAMINHO QUE LEVA À CPI"

Estava tudo arrumado: a investigação sobre Carlinhos Cachoeira já foi feita pela Polícia Federal e a CPI ficaria fora dela. O trabalho da CPI seria derrubar o senador Demóstenes Torres, ex-DEM, e o governador tucano de Goiás, Marconi Perillo, que o ex-presidente Lula considera inimigos.
Talvez fosse atingido o governador petista de Brasília, Agnelo Queiroz, mas quem se importa com ele?

Só que, como afirmava o deputado Ulysses Guimarães, o sábio que comandava um PMDB tão diferente do de hoje, CPI se sabe como começa, não como termina. E nesta, como não disse o poeta, tinha um Cabral no meio do caminho.

As fotos de Sérgio Cabral, em cenas de ostensivo luxo e mau-gosto explícito, exigem respostas a várias perguntas.
A primeira, quem pagou a conta:

=> o governador. E com que dinheiro:

=> Ou seus convidados, fornecedores do Governo?

O concessionário do Poupatempo no Rio, Georges Sedala, um dos que aparecem dançando de guardanapo na cabeça?

Fernando Cavendish, dono da Delta, empresa que surge em dez de cada dez denúncias neste caso?

Os secretários de Governo que acompanhavam o chefe no que chamaram de momentos de descontração?

Há outras perguntas, claro. Que é que comemoravam? Será verdadeira a notícia de que fecharam o luxuoso restaurante do Ritz, em Monte Carlo, pagando US$ 400 mil, para que ninguém os incomodasse?

Terá isso ocorrido outras vezes - por exemplo, para comemorar a eleição do prefeito do Rio, Eduardo Paes?

O risco dos personagens não é a prisão, que aqui é Brasil. É cair no ridículo.

(...)

Dentro de pouco mais de uma semana, dia 15, Carlinhos Cachoeira deve depor na CPI.

Dependendo das conversas, gato pode rugir e leão pode miar.

O advogado de Cachoeira, Márcio Thomaz Bastos, que foi ministro da Justiça do presidente Lula, marcou com seu cliente uma visita para amanhã.

Se tudo der certo, Cachoeira vai ronronar.

Se der mais certo ainda, só vai rugir com certos nomes.

***

Frase notável: "Quem no Congresso disser que nunca viu Cachoeira ou fala cascata ou tem catarata".

07 de maio de 2012
Carlos Brickmann

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