Sem noção
Logo após a confirmação da vitória de François Hollande nas urnas da eleição presidencial francesa, a presidente Dilma Vana Rousseff enviou mensagem ao candidato socialista, na qual afirmou que ambos os países poderão “compartilhar posições comuns nos foros internacionais”.
Na mensagem, Dilma afirmou ter acompanhado com grande interesse a proposta de Hollande, de vencer a crise da União Europeia “com responsabilidade macroeconômica, mas, sobretudo, com políticas que favoreçam o crescimento, o emprego, a inclusão e a justiça social”.
A manifestação da presidente não poderia ser diferente, afinal trata-se de um representante da esquerda, mas o discurso do presidente eleito da França, após a vitória, deu sinais claros de que essa tal responsabilidade exalta por Dilma está longe do Palácio do Eliseu. Hollande disse estar “orgulhoso por ter sido capaz de devolver esta esperança” ao povo francês. “Prometo ser o presidente de todos”, completou o eleito.
O grande tropeço de François Hollande foi abusar do ufanismo ao tratar da solução da crise econômica europeia. “Vocês são muito mais do que um povo que quer mudar, são um movimento que começa a se levantar em toda a Europa e talvez em todo o mundo para promover nossos valores, nossas aspirações e nossas exigências de mudanças”, disse o socialista.
Mudar o atual quadro da economia da zona do euro não acontecerá com discursos populistas e irresponsáveis, como o da noite de domingo (6). Como afirmou o ucho.info na matéria anterior, debelar a crise europeia exige foco e medidas assertivas e convergentes.
Se cada país da União Europeia atirar para um lado, o bloco tende a implodir.
Outro erro de Hollande foi afirmar que seu governo será menos austero no plano econômico. Se isso de fato acontecer, a França será o próximo país a integrar o bloco dos países europeus dragados pela crise.
A não contenção de despesas públicas no momento atual é suicídio político. Fora isso, Hollande terá de aguardar as eleições parlamentares, em junho próximo, para definir os rumos de um governo que só foi possível por causa de promessas que podem ser anuladas pela realidade.
A mensagem de Dilma foi tão protocolar quanto ideológica, mas afirmar que o Brasil e a França compartilharão “posições comuns nos foros internacionais” é querer enganar a si e a todos, pois ambos os países têm realidades distintas e vivem momentos diferentes.
07 de maio de 2012
ucho.info
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