"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 7 de maio de 2012

DESEMBARGADORES E JUÍZES CORRUPTOS DE SÃO PAULO ENFIM SERÃO INVETIGADOS. MAS NÃO HAVERÁ PUNIÇÕES.

O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Márcio Fernando Elias Rosa, enfim instaurou procedimento preparatório de inquérito civil para investigar pagamentos irregulares concedidos pelo Tribunal de Justiça do Estado a magistrados e servidores, o que poderá até provocar ações com base na Lei da Improbidade.

Embora as denúncias tenham partido do Conselho Nacional de Justiça (leia-se: corregedora Eliana Calmon), o procedimento oficialmente foi aberto “em razão de matérias jornalísticas dando conta de que o tribunal abriu sindicância para investigar pagamentos irregulares de créditos trabalhistas a um grupo de juízes, desembargadores e funcionários, entre 2006 e 2010″.
A investigação será conduzida pelo próprio procurador-geral, que detém as atribuições quando a autoridade sob suspeita é ex-presidente de tribunal, inclusive para apuração de eventual prática de atos de improbidade.

O Tribunal de Justiça paulista atravessa a mais grave crise de sua história. Houve uma sucessão de pagamentos antecipados em favor de um grupo de magistrados, rotina que afrontou os princípios da isonomia e da impessoalidade. Contracheques milionários foram expedidos entre 2008 e 2010, período em que os desembargadores Roberto Antonio Vallim Bellocchi e Antonio Carlos Vianna Santos presidiram o trbunal.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, se ao fim do inquérito o procurador Elias Rosa concluir que há provas contra magistrados, poderá propor ação com base na Lei da Improbidade para requerer devolução do dinheiro, imposição de multa e outras sanções de natureza civil, até mesmo perda da função pública e cassação de aposentadoria.

Bem, isso tudo pode acontecer na teoria. Na prática, porém, todos sabem que o máximo que vai ocorrer é um ou outro magistrado serem aposentados precocemente, com salários integrais e direito de seguirem trabalhando como advogados, o que não significa uma punição, mas um verdadeiro prêmio aos “malfeitores”, como se diz hoje em dia.

E la nave va, fellinianamente.

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