Internacional - Estados Unidos
Já se sabe que não há limites possíveis para a hipocrisia e a dualidade de critérios dos democratas. Pelo que a grande questão que habitualmente se coloca é apenas a de saber se os novos exemplos de "olha para o que eu digo, não para o que eu faço" dos "azuis" serão ou não… risíveis.
E, quanto a gargalhadas, dois dos mais recentes anúncios da campanha de Barack Obama arrancam bastantes. Neles é promovido um jantar de angariação de fundos no apartamento (que custou 20 milhões de dólares) de Sarah Jessica Parker. Esta atriz, logicamente, protagoniza um deles, onde afirma que “aquele tipo” que “terminou a guerra no Iraque, disse que podes casar com quem quiseres (incluindo pais e irmãos?) e que criou quatro milhões (?!) de novos empregos (…) precisa de nós”.
Contudo, é o segundo, protagonizado por Anna Wintour, que é ainda mais inacreditável. Quem é ela? É a editora da Vogue dos EUA… e que serviu de base, de inspiração ao romance O Diabo veste Prada e ao filme com o mesmo título, e que proporcionou por sua vez a Meryl Streep (outra apoiante do atual presidente) mais uma das suas espantosas interpretações, tendo-lhe aliás valido outra nomeação para os Óscares.
Ou seja: no próprio dia em que era divulgado um dos piores índices do (des)emprego no país, com um aumento da taxa para 8,2%, os democratas escolhem como «porta-voz» o «Diabo», uma pessoa totalmente conotada e integrada com os «um por cento», e que é (tristemente) famosa por ser – num dia bom – arrogante, caprichosa, cruel e snob, e conhecida por ser capaz de humilhar, despedir e boicotar seja quem for ao menor pretexto. E depois acusam Ann e Mitt Romney de serem milionários elitistas e «out of touch» com os supostos «99%»? Glenn Beck divertiu-se bastante, e não foi de certeza o único.
Porém, por mais irritantes e alienadas, clueless, em relação ao mundo real que Sarah Jessica Parker e Anna Wintour possam ser (e são), elas parecem “anjos” quando comparadas com os vultos “demoníacos” que se acoitam nessa rede de "lojas do aborto" que é a Planned Parenthood.
Em mais uma demonstração de “great timing” que “favoreceu” os democratas, a organização eugenista fundada por Margaret “dei aulas ao KKK” Sanger anunciou o seu apoio a Barack Obama – sublinhado em simultâneo com um anúncio televisivo contra Mitt Romney – quase ao mesmo tempo em que era revelado que, em algumas das suas filiais, as funcionárias estavam disponíveis para praticar aborto seletivo – concretamente, remover um feto caso fosse de uma menina.
Não é esta, sim, (um)a verdadeira “guerra às mulheres”? Recorde-se que a Planned Parenthood esteve, não há muito tempo, no centro de outra controvérsia, quando foi revelado que, também em algumas das suas filiais, as funcionárias estavam disponíveis para “apoiar” prostitutas imigrantes ilegais e menores de idade.
No entanto, e até agora, estes líderes da “indústria da IVG” continuam a não ter que recear consequências pelos seus atos: os democratas no Congresso persistem em opor-se, e até a inviabilizar, qualquer medida que os penalize. Foi o que aconteceu na semana passada, quando uma lei que criminalizaria o aborto seletivo não foi aprovada – apesar de obter a maioria dos votos, eram necessários dois terços dos mesmos.
E, mesmo que nasçam, cresçam, estudem e trabalham, muitas mulheres norte-americanas serão alvos da discriminação sexista, e do paternalismo machista, do Partido Democrata: este apela, oficialmente, a que se pague “salário igual por trabalho igual”, mas depois descobre-se que isso não acontece na Casa Branca nem nos gabinetes “azuis” do Capitólio.
Elas que dêem graças, todavia, pelo “benemérito” Barack Obama estar disposto a apoiá-las – isto é, a torná-las dependentes do Estado – “do berço até ao caixão”… porque, “coitadinhas”, elas não são capazes de tomar conta de si próprias.
14 de junho de 2012
Octávio dos Santos, jornalista português
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