Internacional - Europa
Quando o líder do terceiro maior partido de uma das mais antigas legislaturas democráticas da terra tem que viver sob ameaça constante de assassinato e é forçado a viver em “esconderijos” por quase uma década, alguma coisa está muito errada com “o país mais tolerante da Europa”.
Quando me pediram que escrevesse um prefácio para o novo livro de Geert Wilders, minha primeira reação, para ser honesto, foi recusar. O Sr. Wilders vive sob proteção armada 24 horas por dia, 7 dias por semana, porque um considerável número de pessoas obstinadas querem matá-lo, e pareceu-me que, sendo alguém que atraiu uma quantidade mais do que suficiente de atenção homicida ao longo dos anos, dividir com ele espaço nessas páginas certamente implicaria aumento em minhas próprias ameaças de morte. Quem precisa disso? Por que não alegar conflito de agenda e sugerir que o autor tente outra pessoa? Imagino que Geert Wilders recebe muitas respostas assim.
E então eu dei um passeio pelo bosque, e me senti vagamente envergonhado com a facilidade com que quis dar a seus inimigos essa pequena vitória. Depois que desmascarei os valentões islâmicos em meu país, seu porta-voz vangloriou-se ao The Canadian Arab News dizendo que, mesmo depois de o Congresso Islâmico Canadense não ter conseguido criminalizar meus textos sobre o Islã em três jurisdições diferentes, as ações judiciais custaram à minha revista (segundo jactou-se) dois milhões de dólares, e, portanto, “atingiram nosso objetivo estratégico – aumentar o custo de publicação de material anti-islâmico”. Nos Países Baixos, os inimigos do Sr. Wilders, sejam jihadistas homicidas ou o establishment multiculturalista, compartilham o mesmo “objetivo estratégico” – aumentar o custo de associar-se a ele em um nível maior do que as pessoas estão dispostas a arcar. Não é fácil ser Geert Wilders. Ele passou quase uma década em uma estranha, claustrofóbica, fugaz e tênue existência pouco diferente de vítimas de sequestro ou, em suas palavras, de um prisioneiro político. Ele está sob vigilância constante por causa de ameaças explícitas de assassinato por parte de muçulmanos extremistas.
E ele é o único a ser indiciado por incitação.
Na Amsterdã do século XXI, você é livre para fumar maconha ou escolher uma parceira sexual seminua na vitrine de um prostíbulo. Mas você pode ser processado por ter a opinião errada sobre um sujeito que morreu no século VII.
E, ainda que o Sr. Wilders tenha sido eventualmente absolvido pelo arremedo de tribunal que o julgou, a determinação de colocá-lo além dos limites é incansável: “O partido de extrema-direita anti-imigração de Geert Wilders” (The Financial Times)... “O líder de extrema-direita Geert Wilders” (The Guardian)... “O político de extrema-direita anti-Islã Geert Wilders” (Agence France-Presse) está “à margem da política convencional” (Time). O Sr. Wilders está tão no extremo na margem extrema da extrema-direita que seu partido é o terceiro maior do parlamento. Na verdade, o atual governo holandês só está no poder graças ao apoio do Partido da Liberdade, de Wilders. Então, ele é “radical” e “extrema-direita” e “marginal”, mas os sete partidos que tiveram bem menos votos do que o dele são “convencionais”? Isso é justamente uma das coisas que há de errado com o discurso político europeu e sua cobertura midiática: talvez ele pareça tão “radical” e “extrema-direita” porque são os outros que estão à margem.
Ainda assim, não é suficiente distorcer o próprio homem: você também tem que fazer isso com aqueles que decidem conhecê-lo por si próprios. O senador sul-australiano Cory Bernardi encontrou-se com o Sr. Wilders durante uma viagem pelos Países Baixos e, ao voltar para casa, suscitou manchetes como “Senador Sob Ameaça Por Ligações Com Wilders” (The Sydney Morning Herald) e “Geert Wilders Deixa Cory Bernardi Por Um Fio” (The Australian). Membros não só do partido de oposição, mas também de seu próprio partido, pediram que o Senador Bernardi fosse demitido de seu posto de secretário parlamentar da Liderança da Leal Oposição de Sua Majestade. E por que parar por aí? Um porta-voz do governo “recusou-se a comentar se o Sr. Abbott [1] deveria expulsar o Senador Bernardi do Partido Liberal”. Isso não aconteceria se Bernardi tivesse se metido com figuras mais respeitáveis – Hugo Chávez, por exemplo, ou um representante do Hamas. Para minha satisfação, enquanto dividia um palanque comigo em Adelaide alguns meses depois, Bernardi declarou que, como um cidadão livre, ninguém iria dizê-lo com quem ele deveria ou não se encontrar.
Para cada pessoa que pensa de maneira independente, como o Senador Bernardi, Lorde Pearson de Rannoch [2] ou a Baronesa Cox [3] (que organizou uma exibição do filme Fitna, de Wilders, na Câmara dos Lordes), há mil outras figuras públicas que captaram a mensagem: não mexa com o Islã, a não ser que você queira morrer – e fique longe de Wilders se você quiser ficar em paz.
E ele é o único a ser indiciado por incitação.
Na Amsterdã do século XXI, você é livre para fumar maconha ou escolher uma parceira sexual seminua na vitrine de um prostíbulo. Mas você pode ser processado por ter a opinião errada sobre um sujeito que morreu no século VII.
E, ainda que o Sr. Wilders tenha sido eventualmente absolvido pelo arremedo de tribunal que o julgou, a determinação de colocá-lo além dos limites é incansável: “O partido de extrema-direita anti-imigração de Geert Wilders” (The Financial Times)... “O líder de extrema-direita Geert Wilders” (The Guardian)... “O político de extrema-direita anti-Islã Geert Wilders” (Agence France-Presse) está “à margem da política convencional” (Time). O Sr. Wilders está tão no extremo na margem extrema da extrema-direita que seu partido é o terceiro maior do parlamento. Na verdade, o atual governo holandês só está no poder graças ao apoio do Partido da Liberdade, de Wilders. Então, ele é “radical” e “extrema-direita” e “marginal”, mas os sete partidos que tiveram bem menos votos do que o dele são “convencionais”? Isso é justamente uma das coisas que há de errado com o discurso político europeu e sua cobertura midiática: talvez ele pareça tão “radical” e “extrema-direita” porque são os outros que estão à margem.
Ainda assim, não é suficiente distorcer o próprio homem: você também tem que fazer isso com aqueles que decidem conhecê-lo por si próprios. O senador sul-australiano Cory Bernardi encontrou-se com o Sr. Wilders durante uma viagem pelos Países Baixos e, ao voltar para casa, suscitou manchetes como “Senador Sob Ameaça Por Ligações Com Wilders” (The Sydney Morning Herald) e “Geert Wilders Deixa Cory Bernardi Por Um Fio” (The Australian). Membros não só do partido de oposição, mas também de seu próprio partido, pediram que o Senador Bernardi fosse demitido de seu posto de secretário parlamentar da Liderança da Leal Oposição de Sua Majestade. E por que parar por aí? Um porta-voz do governo “recusou-se a comentar se o Sr. Abbott [1] deveria expulsar o Senador Bernardi do Partido Liberal”. Isso não aconteceria se Bernardi tivesse se metido com figuras mais respeitáveis – Hugo Chávez, por exemplo, ou um representante do Hamas. Para minha satisfação, enquanto dividia um palanque comigo em Adelaide alguns meses depois, Bernardi declarou que, como um cidadão livre, ninguém iria dizê-lo com quem ele deveria ou não se encontrar.
Para cada pessoa que pensa de maneira independente, como o Senador Bernardi, Lorde Pearson de Rannoch [2] ou a Baronesa Cox [3] (que organizou uma exibição do filme Fitna, de Wilders, na Câmara dos Lordes), há mil outras figuras públicas que captaram a mensagem: não mexa com o Islã, a não ser que você queira morrer – e fique longe de Wilders se você quiser ficar em paz.
Mas uma vida tranquila, no fim das contas, não é uma opção. Não é preciso concordar com tudo que o Sr. Wilders diz em seu livro – ou, na verdade, com qualquer coisa que ele diga – para reconhecer que, quando o líder do terceiro maior partido de uma das mais antigas legislaturas democráticas da terra tem que viver sob ameaça constante de assassinato e é forçado a viver em “esconderijos” por quase uma década, alguma coisa está muito errada com “o país mais tolerante da Europa” – e que temos a responsabilidade de falar sobre isso honestamente antes que a situação piore.
Uma década atrás, em meio à excitação com a queda de Saddam, muitos comentaristas da mídia tinham uma definição-padrão para o Iraque: uma entidade artificial montada com grupos que não fazem parte do mesmo Estado. E eu costumava brincar dizendo que aqueles que pensavam que os diversos componentes do Iraque eram incompatíveis deveriam olhar para os Países Baixos. Se sunitas e xiitas, curdos e árabes não têm em comum o suficiente para estabelecer um Estado funcional, o que dizer de uma jurisdição dividida entre drogados depravados pós-cristãos e muçulmanos anti-prostituição, anti-sodomia e anti-qualquer-coisa? Se o Curdistão não se encaixa direito no Iraque, como o Pornostão se encaixa na República Islâmica da Holanda?
Os anos passam, e a censura se torna cada vez mais deplorável. “O país mais tolerante da Europa” é um regime cada vez mais incoerente onde gays são espancados, mulheres descobertas são vítimas de escárnio nas ruas, e você não pode ter uma encenação de “O Diário de Anne Frank” no colégio a não ser que queira ver os personagens da Gestapo recebidos com gritos efusivos da plateia – “Ela está no sótão!”
De acordo com uma pesquisa, 20% dos professores de história abandonaram certos, hm, aspectos problemáticos da Segunda Guerra Mundial porque, em turmas com uma, ahn, disposição demográfica particular, alunos não acreditam que o Holocausto aconteceu, e, se aconteceu, os alemães deveriam ter terminado o trabalho para que não tivéssemos todos os problemas de hoje. Alguns professores mais inventivos astutamente bajulam seus alunos anti-semitas comparando o Holocausto à “islamofobia” – todos nós nos lembramos daqueles terroristas judeus sequestrando aviões Fokker e jogando-os no Reichstag, certo? E o que dizer de gangues de jovens judeus atacando idosos, como faz a juventude muçulmana no bairro de Kanaleneiland, onde Wilders morou?
Quanto à “islamofobia”, é muito ruim ver que, er, são os judeus que estão indo embora. “Sessenta por cento da comunidade ortodoxa de Amsterdã pretende emigrar da Holanda”, disse Benzion Evers, filho do rabino-chefe da cidade, cujos cinco de seus filhos já haviam partido em 2010. O exitoso guia turístico da Frommer sobre a “cidade mais tolerante da Europa” reconhece que “visitantes judeus que se vestem de forma que os identifique claramente como tais” correm o risco de serem atacados, mas atribui isso discretamente ao “conflito israelo-palestino”. “Judeus conscientes deveriam deixar a Holanda, onde eles e suas crianças não têm futuro”, aconselhou Frits Bolkenstein, ex-líder do Partido Liberal. “O anti-semitismo continuará a existir, pois os jovens marroquinos e turcos não ligam para os esforços de reconciliação.”
Se você está pensando para o que mais esses “jovens” não ligam, pergunte a Chris Crain, editor do The Washington Blade, o jornal gay da capital americana. Buscando se afastar dos caipiras cristãos fundamentalistas teocráticos do Partido Republicano, ele e seu namorado decidiram passar um tempo numa viagem a Amsterdã, “indubitavelmente o lugar mais ‘amigo dos gays’ do planeta”. Passeando pelas ruas do centro da cidade, uma gangue de sete “jovens” os abordou, ofendeu e espancou. Perplexas com o aumento da violência, autoridades de Amsterdã promoveram um estudo para determinar, como divulgou o Der Spiegel, “porque homens marroquinos estão atacando os gays da cidade.”
Uma década atrás, em meio à excitação com a queda de Saddam, muitos comentaristas da mídia tinham uma definição-padrão para o Iraque: uma entidade artificial montada com grupos que não fazem parte do mesmo Estado. E eu costumava brincar dizendo que aqueles que pensavam que os diversos componentes do Iraque eram incompatíveis deveriam olhar para os Países Baixos. Se sunitas e xiitas, curdos e árabes não têm em comum o suficiente para estabelecer um Estado funcional, o que dizer de uma jurisdição dividida entre drogados depravados pós-cristãos e muçulmanos anti-prostituição, anti-sodomia e anti-qualquer-coisa? Se o Curdistão não se encaixa direito no Iraque, como o Pornostão se encaixa na República Islâmica da Holanda?
Os anos passam, e a censura se torna cada vez mais deplorável. “O país mais tolerante da Europa” é um regime cada vez mais incoerente onde gays são espancados, mulheres descobertas são vítimas de escárnio nas ruas, e você não pode ter uma encenação de “O Diário de Anne Frank” no colégio a não ser que queira ver os personagens da Gestapo recebidos com gritos efusivos da plateia – “Ela está no sótão!”
De acordo com uma pesquisa, 20% dos professores de história abandonaram certos, hm, aspectos problemáticos da Segunda Guerra Mundial porque, em turmas com uma, ahn, disposição demográfica particular, alunos não acreditam que o Holocausto aconteceu, e, se aconteceu, os alemães deveriam ter terminado o trabalho para que não tivéssemos todos os problemas de hoje. Alguns professores mais inventivos astutamente bajulam seus alunos anti-semitas comparando o Holocausto à “islamofobia” – todos nós nos lembramos daqueles terroristas judeus sequestrando aviões Fokker e jogando-os no Reichstag, certo? E o que dizer de gangues de jovens judeus atacando idosos, como faz a juventude muçulmana no bairro de Kanaleneiland, onde Wilders morou?
Quanto à “islamofobia”, é muito ruim ver que, er, são os judeus que estão indo embora. “Sessenta por cento da comunidade ortodoxa de Amsterdã pretende emigrar da Holanda”, disse Benzion Evers, filho do rabino-chefe da cidade, cujos cinco de seus filhos já haviam partido em 2010. O exitoso guia turístico da Frommer sobre a “cidade mais tolerante da Europa” reconhece que “visitantes judeus que se vestem de forma que os identifique claramente como tais” correm o risco de serem atacados, mas atribui isso discretamente ao “conflito israelo-palestino”. “Judeus conscientes deveriam deixar a Holanda, onde eles e suas crianças não têm futuro”, aconselhou Frits Bolkenstein, ex-líder do Partido Liberal. “O anti-semitismo continuará a existir, pois os jovens marroquinos e turcos não ligam para os esforços de reconciliação.”
Se você está pensando para o que mais esses “jovens” não ligam, pergunte a Chris Crain, editor do The Washington Blade, o jornal gay da capital americana. Buscando se afastar dos caipiras cristãos fundamentalistas teocráticos do Partido Republicano, ele e seu namorado decidiram passar um tempo numa viagem a Amsterdã, “indubitavelmente o lugar mais ‘amigo dos gays’ do planeta”. Passeando pelas ruas do centro da cidade, uma gangue de sete “jovens” os abordou, ofendeu e espancou. Perplexas com o aumento da violência, autoridades de Amsterdã promoveram um estudo para determinar, como divulgou o Der Spiegel, “porque homens marroquinos estão atacando os gays da cidade.”
Puxa, que dureza. É desconcertante. Os gênios da Universidade de Amsterdã concluíram que os responsáveis pelos ataques se sentiam “estigmatizados pela sociedade” e “podem estar lutando com suas próprias identidades sexuais.”
Bingo! Dizer a jovens marroquinos que eles são gays enrustidos é a solução perfeita para reduzir as tensões na cidade! Enquanto isso, um monte daqueles turcos parece meio frutinha, não acha?
Mas não se preocupe. Na “nação mais tolerante da Europa”, ainda há muita tolerância. O que os holandeses não toleram? Em 2006, o ministro da justiça, Piet Hein Donner, sugeriu que não havia nada de errado com a shari’a se a maioria do povo holandês votasse a seu favor – como, de fato, estão fazendo entusiasticamente no Egito e outros regimes abençoados com a Primavera Árabe. A resposta prévia do Sr. Donner ao “radicalismo islâmico” foi (como Wilders relembra) propor uma nova lei da blasfêmia para os Países Baixos.
Nesse mundo virado do avesso, Piet Hein Donner e pesquisadores da Universidade de Amsterdã e os promotores do Openbaar Ministerie [4] responsáveis por esse espetáculo jurídico são “convencionais” – e Geert Wilders é o “radical” “extremista” “marginal”. Quão larga é essa margem? O Sr. Wilders cita uma enquete em que 57% das pessoas dizem que a imigração em massa foi o grande erro da história holandesa. Se a importação de uma grande população muçulmana para o ocidente foi realmente um erro, também foi algo inteiramente desnecessário. Algumas nações (holandeses, franceses e britânicos) podem considerar-se num certo débito pós-colonial com seus antigos povos-alvo, mas Suécia? Alemanha? De Malmö a Mannheim, o Islã transformou sociedades que até então não tinham nenhuma conexão com o mundo islâmico. Mesmo que você discorde daqueles 57% da pesquisa holandesa, a experiência do rabino-chefe de Amsterdã e do editor gay agredido e dos idosos que moram em Kanaleneiland sugere que, no mínimo, a islamização de cidades continentais oferece algum desafio para a famosa “tolerância” da Eutopia [5]. Ainda assim, a mesma classe política responsável por essa “substituição demográfica” (nas palavras da demógrafa francesa Michèle Tribalat) sem precedentes insiste em manter o assunto longe de qualquer discussão. O escritor britânico Martin Amis perguntou a Tony Blair se, durante as reuniões com seus companheiros premiês, o mapa demográfico continental fazia parte da “conversação europeia”. O Sr. Blair respondeu, com desconcertante honestidade: “é uma discussão subterrânea” – ou seja, os sujeitos que nos puseram nessa confusão não conseguem pensar num jeito de falar disso em público a não ser nas trivialidades banais de um relativismo cultural esgarçado.
Isso não é o suficiente para Geert Wilders. Ao contrário da maioria de seus críticos, ele viajou bastante pelo mundo islâmico. Ao contrário deles, ele leu o Corão – e o releu em todas aquelas noites intermináveis em algum esconderijo sombrio e afastado do consolo de sua família e seus amigos. Um modo de pensar em como as coisas estão acontecendo é inverter a lógica. Roterdã tem um prefeito muçulmano, portador de passaporte marroquino e filho de um imame berbere. Como os sauditas se sentiriam se um católico italiano fosse prefeito de Riad? Como os jordanianos se sentiriam se um judeu americano fosse prefeito de Zarqa? Os cidadãos do Cairo e de Cabul concordariam em se tornar minorias em suas próprias cidades simplesmente porque falar disso seria muito indelicado?
Abordar a questão é expor sua absurdeza. Da Nigéria ao Paquistão, o mundo islâmico é intolerante até com antigas minorias estabelecidas. Metade da população do Iraque fugiu do país, a última igreja do Afeganistão foi destruída em 2010, e, em ambos os casos, essa versão confessional de limpeza étnica ocorreu sob o nariz da América. O multiculturalismo é um fenômeno unicultural.
Mas a elite política da Europa insiste em dizer que essa imigração transformadora sem precedentes só pode ser discutida dentro das piedades convencionais: dizemos a nós mesmos que, em uma sociedade multicultural, o simpático casal gay do número 27 e o muçulmano poligâmico com quatro noivas crianças em niqabs [6] idênticos do número 29 da Elm Street podem viver lado a lado, cada qual contribuindo para a rica e vibrante tapeçaria da diversidade. E qualquer um que diga o contrário deve ser expurgado para as trevas exteriores.
Geert Wilders pensa que devemos ter a capacidade de falar sobre isso – e, de fato, como cidadãos das sociedades mais antigas e livres da terra, é nosso dever fazê-lo. Sem ele e outras almas corajosas, as opiniões de 57% do eleitorado holandês não teriam representação no parlamento. O que, pensando bem, é algo bastante estranho numa sociedade democrática. A maior parte dos problemas que afronta o mundo ocidental hoje advém daquelas políticas sobre as quais a classe política está de pleno acordo: em período eleitoral na Europa, o eleitor médio deve escolher entre um partido de centro-esquerda ou um cada vez mais compassivo partido de direita-da-centro-esquerda e, não importa em quem vote, eles geralmente concordam em absolutamente tudo, de imigração em massa a programas insustentáveis de bem-estar e mudança climática. E eles são cruéis quando se trata de deslegitimar qualquer um que queira um debate mais amplo. Nessa confusão do Cory Bernardi, por exemplo, fiquei impressionado em como a cobertura australiana foi preguiçosamente rasa sobre Geert Wilders. O Sydney Morning Herald publicou:
“Geert Wilders, que é o fiel da balança do poder no parlamento holandês, comparou o Corão ao Mein Kampf e chamou o Profeta Maomé de pedófilo...”
The Australian:
“Ele provocou a revolta da comunidade islâmica dos Países Baixos depois de classificar o Islã como uma religião violenta, comparando o Corão ao Mein Kampf, de Hitler, e chamando o Profeta Maomé de pedófilo.”
Tony Eastley, da ABC Radio:
“Geert Wilders, que controla o equilíbrio de poder no parlamento dos Países Baixos, revoltou os muçulmanos holandeses ao comparar o Corão com o Mein Kampf, escrito por Hitler, e chamar o Profeta Maomé de pedófilo...”
Meus Deus, você quase poderia pensar que todos esses dedicados jornalistas investigativos só copiaram e colaram o mesmo resumo preguiçoso do que efetivamente conferiram o que o sujeito disse de verdade. O homem que é revelado nas páginas seguintes não é o bandido ameaçador da demonologia midiática, mas um homem estudado, viajado, elegante, um analista perspicaz que cita figuras “extremistas” e “marginais” como Churchill e Jefferson.
Quanto àquelas notícias repetidas à exaustão pela mídia de Oz, o Mein Kampf é banido na maior parte da Europa; negar o Holocausto é considerado crime; e, quando uma lei francesa sobre a negação do genocídio armênio foi derrubada, o presidente Sarkozy anunciou imediatamente que faria outra lei para substituí-la. No Canadá, a Suprema Corte manteve uma condenação de “discurso de ódio”, de primeira instância, contra um homem que simplesmente listou os capítulos e os versículos de diversas prescrições bíblicas acerca do homossexualismo. Ainda assim, em um mundo ocidental cada vez mais acostumado a regular, controlar e criminalizar livros, discursos e ideias, a deferência estatal ao Islã é cada vez mais bajuladora. O “Profeta Maomé” (como os nossos ocidentais impecavelmente seculares agora se referem) é cada vez mais beneficiado por nossa vontade de torturar a lógica e a lei e a liberdade de maneiras cada vez mais inócuas em prol da causa do ajustamento ao Islã. Considere o caso de Elisabeth Sabaditsch-Wolff, uma dona-de-casa vienense que viveu em diversos países islâmicos. Ela foi processada por uma corte austríaca por chamar Maomé de pedófilo por ter consumado o casamento quando sua noiva, Aisha, tinha apenas nove anos. A Sra. Sabaditsch-Wolff foi considerada culpada e multada em 480 euros. O raciocínio do juiz foi fascinante:
“Pedofilia é factualmente incorreto, uma vez que pedofilia é a preferência sexual direcionada única ou majoritariamente a crianças. No entanto, ela não se aplica a Maomé. Ele ainda era casado com Aisha quanto ela tinha 18 anos.”
Então, você não é um pedófilo se deflorar uma criança na quarta série e mantê-la por perto até o colegial? Eis uma dica muito útil caso você esteja planejando uma viagem pelos Alpes. Ou essa é mais uma daquelas exceções que não são universalmente aplicáveis?
Um homem não quereria essa situação surreal nem mesmo para seus inimigos. Mesmo assim, é marcante como o establishment mal se incomoda em disfarçar seu desejo de que Wilders tenha o mesmo fim rápido e definitivo de Pim Fortuyn [7] e Theo van Gogh [8]. Em seu espetáculo jurídico, o juiz chegou mesmo a negar ao réu dentro do tribunal o mesmo nível de segurança de que gozou Mohammed Bouyeri, assassino de Van Gogh. Henk Hofland, eleito nos Países Baixos o “Jornalista do Século” (como ironicamente lembra o autor), pediu às autoridades para retirar a proteção policial de Wilders para que ele soubesse como era viver em constante medo de morrer. Enquanto o filme de Wilders, Fitna, é considerado “incendiário”, o filme “De moord op Geert Wilders” (“O Assassinato de Geert Wilders”) é tão não-incendiário e respeitável que foi produzido e promovido por uma emissora de rádio financiada pelo governo. Você pode quase ter a impressão de que, como sugeriu o website Gates of Vienna, o governo holandês está transmitindo “Henrique II”: “Quem irá me livrar desse loiro turbulento?”
Não faltam voluntários. Nos Países Baixos, um padrão perturbador surgiu: aqueles que buscam analisar o Islã fora dos estreitos limites do discurso político eutópico acabam banidos (Vlaams Blok [9], Bélgica), forçados ao exílio (Ayaan Hirsi Ali [10]), ou mortos (Fortuyn, Van Gogh). Impressionante quão rápido “o país mais tolerante da Europa” adotou a política “mate o mensageiro” como a panaceia para a “Islamofobia”.
Não é “irônico” que o país mais liberal da Europa ocidental seja igualmente o mais avançado em sua descida a um profundo inferno não-liberal. Isso era perfeitamente previsível, e tudo o que Geert Wilders está fazendo é afirmar o óbvio: uma sociedade que se torna mais islâmica acaba tendo menos de tudo, inclusive liberdade individual.
Eu não tenho o mínimo interesse em acabar vivendo como Geert Wilders ou Kurt Westergaard, muito menos morto como Fortuyn e Van Gogh. Mas eu também quero viver de verdade, como um homem livre, e eu não gosto da visão murcha de liberdade oferecida pelo Openbaar Ministerie holandês, pelas autoridades britânicas de imigração, pelas cortes austríacas, pelos tribunais de “direitos humanos” do Canadá e por todos os outros idiotas úteis do imperialismo islâmico. Assim, é necessário para nós fazer o que recomenda Ayaan Hirsi Ali: compartilhe o risco. Dessa forma, da próxima vez que um livro ou uma charge provocar uma fatwa, será publicado ao redor do mundo e enviará aos soldados do Islã uma mensagem: matar um de nós não fará diferença. É melhor ter uma boa linha de crédito no Banco da Jihad, porque você terá de matar todos nós.
Como Geert Wilders fala acerca da estagnação geral do mundo islâmico, “é a cultura, estúpido”. E nossa cultura já está se retraindo em uma capitulação preventiva e rumando a um futuro encolhido, furtivo e (como diria Blair) subterrâneo. Como escreveu John Milton em sua Aeropagitica, de 1644: “Dê-me a liberdade de conhecer, proferir e argumentar livremente de acordo com minha consciência”. É uma tragédia que as batalhas de Milton tenham de ser feitas novamente depois de três séculos e meio, mas o mundo ocidental está colapsando em um cativeiro psicológico feito por si mesmo. Geert Wilders não está pronto para se render sem exercitar seu direito de conhecer, proferir e argumentar livremente – na imprensa, nas telas e nas urnas. Deveríamos todos louvar esse espírito enquanto ainda podemos.
Mark Steyn
Bingo! Dizer a jovens marroquinos que eles são gays enrustidos é a solução perfeita para reduzir as tensões na cidade! Enquanto isso, um monte daqueles turcos parece meio frutinha, não acha?
Mas não se preocupe. Na “nação mais tolerante da Europa”, ainda há muita tolerância. O que os holandeses não toleram? Em 2006, o ministro da justiça, Piet Hein Donner, sugeriu que não havia nada de errado com a shari’a se a maioria do povo holandês votasse a seu favor – como, de fato, estão fazendo entusiasticamente no Egito e outros regimes abençoados com a Primavera Árabe. A resposta prévia do Sr. Donner ao “radicalismo islâmico” foi (como Wilders relembra) propor uma nova lei da blasfêmia para os Países Baixos.
Nesse mundo virado do avesso, Piet Hein Donner e pesquisadores da Universidade de Amsterdã e os promotores do Openbaar Ministerie [4] responsáveis por esse espetáculo jurídico são “convencionais” – e Geert Wilders é o “radical” “extremista” “marginal”. Quão larga é essa margem? O Sr. Wilders cita uma enquete em que 57% das pessoas dizem que a imigração em massa foi o grande erro da história holandesa. Se a importação de uma grande população muçulmana para o ocidente foi realmente um erro, também foi algo inteiramente desnecessário. Algumas nações (holandeses, franceses e britânicos) podem considerar-se num certo débito pós-colonial com seus antigos povos-alvo, mas Suécia? Alemanha? De Malmö a Mannheim, o Islã transformou sociedades que até então não tinham nenhuma conexão com o mundo islâmico. Mesmo que você discorde daqueles 57% da pesquisa holandesa, a experiência do rabino-chefe de Amsterdã e do editor gay agredido e dos idosos que moram em Kanaleneiland sugere que, no mínimo, a islamização de cidades continentais oferece algum desafio para a famosa “tolerância” da Eutopia [5]. Ainda assim, a mesma classe política responsável por essa “substituição demográfica” (nas palavras da demógrafa francesa Michèle Tribalat) sem precedentes insiste em manter o assunto longe de qualquer discussão. O escritor britânico Martin Amis perguntou a Tony Blair se, durante as reuniões com seus companheiros premiês, o mapa demográfico continental fazia parte da “conversação europeia”. O Sr. Blair respondeu, com desconcertante honestidade: “é uma discussão subterrânea” – ou seja, os sujeitos que nos puseram nessa confusão não conseguem pensar num jeito de falar disso em público a não ser nas trivialidades banais de um relativismo cultural esgarçado.
Isso não é o suficiente para Geert Wilders. Ao contrário da maioria de seus críticos, ele viajou bastante pelo mundo islâmico. Ao contrário deles, ele leu o Corão – e o releu em todas aquelas noites intermináveis em algum esconderijo sombrio e afastado do consolo de sua família e seus amigos. Um modo de pensar em como as coisas estão acontecendo é inverter a lógica. Roterdã tem um prefeito muçulmano, portador de passaporte marroquino e filho de um imame berbere. Como os sauditas se sentiriam se um católico italiano fosse prefeito de Riad? Como os jordanianos se sentiriam se um judeu americano fosse prefeito de Zarqa? Os cidadãos do Cairo e de Cabul concordariam em se tornar minorias em suas próprias cidades simplesmente porque falar disso seria muito indelicado?
Abordar a questão é expor sua absurdeza. Da Nigéria ao Paquistão, o mundo islâmico é intolerante até com antigas minorias estabelecidas. Metade da população do Iraque fugiu do país, a última igreja do Afeganistão foi destruída em 2010, e, em ambos os casos, essa versão confessional de limpeza étnica ocorreu sob o nariz da América. O multiculturalismo é um fenômeno unicultural.
Mas a elite política da Europa insiste em dizer que essa imigração transformadora sem precedentes só pode ser discutida dentro das piedades convencionais: dizemos a nós mesmos que, em uma sociedade multicultural, o simpático casal gay do número 27 e o muçulmano poligâmico com quatro noivas crianças em niqabs [6] idênticos do número 29 da Elm Street podem viver lado a lado, cada qual contribuindo para a rica e vibrante tapeçaria da diversidade. E qualquer um que diga o contrário deve ser expurgado para as trevas exteriores.
Geert Wilders pensa que devemos ter a capacidade de falar sobre isso – e, de fato, como cidadãos das sociedades mais antigas e livres da terra, é nosso dever fazê-lo. Sem ele e outras almas corajosas, as opiniões de 57% do eleitorado holandês não teriam representação no parlamento. O que, pensando bem, é algo bastante estranho numa sociedade democrática. A maior parte dos problemas que afronta o mundo ocidental hoje advém daquelas políticas sobre as quais a classe política está de pleno acordo: em período eleitoral na Europa, o eleitor médio deve escolher entre um partido de centro-esquerda ou um cada vez mais compassivo partido de direita-da-centro-esquerda e, não importa em quem vote, eles geralmente concordam em absolutamente tudo, de imigração em massa a programas insustentáveis de bem-estar e mudança climática. E eles são cruéis quando se trata de deslegitimar qualquer um que queira um debate mais amplo. Nessa confusão do Cory Bernardi, por exemplo, fiquei impressionado em como a cobertura australiana foi preguiçosamente rasa sobre Geert Wilders. O Sydney Morning Herald publicou:
“Geert Wilders, que é o fiel da balança do poder no parlamento holandês, comparou o Corão ao Mein Kampf e chamou o Profeta Maomé de pedófilo...”
The Australian:
“Ele provocou a revolta da comunidade islâmica dos Países Baixos depois de classificar o Islã como uma religião violenta, comparando o Corão ao Mein Kampf, de Hitler, e chamando o Profeta Maomé de pedófilo.”
Tony Eastley, da ABC Radio:
“Geert Wilders, que controla o equilíbrio de poder no parlamento dos Países Baixos, revoltou os muçulmanos holandeses ao comparar o Corão com o Mein Kampf, escrito por Hitler, e chamar o Profeta Maomé de pedófilo...”
Meus Deus, você quase poderia pensar que todos esses dedicados jornalistas investigativos só copiaram e colaram o mesmo resumo preguiçoso do que efetivamente conferiram o que o sujeito disse de verdade. O homem que é revelado nas páginas seguintes não é o bandido ameaçador da demonologia midiática, mas um homem estudado, viajado, elegante, um analista perspicaz que cita figuras “extremistas” e “marginais” como Churchill e Jefferson.
Quanto àquelas notícias repetidas à exaustão pela mídia de Oz, o Mein Kampf é banido na maior parte da Europa; negar o Holocausto é considerado crime; e, quando uma lei francesa sobre a negação do genocídio armênio foi derrubada, o presidente Sarkozy anunciou imediatamente que faria outra lei para substituí-la. No Canadá, a Suprema Corte manteve uma condenação de “discurso de ódio”, de primeira instância, contra um homem que simplesmente listou os capítulos e os versículos de diversas prescrições bíblicas acerca do homossexualismo. Ainda assim, em um mundo ocidental cada vez mais acostumado a regular, controlar e criminalizar livros, discursos e ideias, a deferência estatal ao Islã é cada vez mais bajuladora. O “Profeta Maomé” (como os nossos ocidentais impecavelmente seculares agora se referem) é cada vez mais beneficiado por nossa vontade de torturar a lógica e a lei e a liberdade de maneiras cada vez mais inócuas em prol da causa do ajustamento ao Islã. Considere o caso de Elisabeth Sabaditsch-Wolff, uma dona-de-casa vienense que viveu em diversos países islâmicos. Ela foi processada por uma corte austríaca por chamar Maomé de pedófilo por ter consumado o casamento quando sua noiva, Aisha, tinha apenas nove anos. A Sra. Sabaditsch-Wolff foi considerada culpada e multada em 480 euros. O raciocínio do juiz foi fascinante:
“Pedofilia é factualmente incorreto, uma vez que pedofilia é a preferência sexual direcionada única ou majoritariamente a crianças. No entanto, ela não se aplica a Maomé. Ele ainda era casado com Aisha quanto ela tinha 18 anos.”
Então, você não é um pedófilo se deflorar uma criança na quarta série e mantê-la por perto até o colegial? Eis uma dica muito útil caso você esteja planejando uma viagem pelos Alpes. Ou essa é mais uma daquelas exceções que não são universalmente aplicáveis?
Um homem não quereria essa situação surreal nem mesmo para seus inimigos. Mesmo assim, é marcante como o establishment mal se incomoda em disfarçar seu desejo de que Wilders tenha o mesmo fim rápido e definitivo de Pim Fortuyn [7] e Theo van Gogh [8]. Em seu espetáculo jurídico, o juiz chegou mesmo a negar ao réu dentro do tribunal o mesmo nível de segurança de que gozou Mohammed Bouyeri, assassino de Van Gogh. Henk Hofland, eleito nos Países Baixos o “Jornalista do Século” (como ironicamente lembra o autor), pediu às autoridades para retirar a proteção policial de Wilders para que ele soubesse como era viver em constante medo de morrer. Enquanto o filme de Wilders, Fitna, é considerado “incendiário”, o filme “De moord op Geert Wilders” (“O Assassinato de Geert Wilders”) é tão não-incendiário e respeitável que foi produzido e promovido por uma emissora de rádio financiada pelo governo. Você pode quase ter a impressão de que, como sugeriu o website Gates of Vienna, o governo holandês está transmitindo “Henrique II”: “Quem irá me livrar desse loiro turbulento?”
Não faltam voluntários. Nos Países Baixos, um padrão perturbador surgiu: aqueles que buscam analisar o Islã fora dos estreitos limites do discurso político eutópico acabam banidos (Vlaams Blok [9], Bélgica), forçados ao exílio (Ayaan Hirsi Ali [10]), ou mortos (Fortuyn, Van Gogh). Impressionante quão rápido “o país mais tolerante da Europa” adotou a política “mate o mensageiro” como a panaceia para a “Islamofobia”.
Não é “irônico” que o país mais liberal da Europa ocidental seja igualmente o mais avançado em sua descida a um profundo inferno não-liberal. Isso era perfeitamente previsível, e tudo o que Geert Wilders está fazendo é afirmar o óbvio: uma sociedade que se torna mais islâmica acaba tendo menos de tudo, inclusive liberdade individual.
Eu não tenho o mínimo interesse em acabar vivendo como Geert Wilders ou Kurt Westergaard, muito menos morto como Fortuyn e Van Gogh. Mas eu também quero viver de verdade, como um homem livre, e eu não gosto da visão murcha de liberdade oferecida pelo Openbaar Ministerie holandês, pelas autoridades britânicas de imigração, pelas cortes austríacas, pelos tribunais de “direitos humanos” do Canadá e por todos os outros idiotas úteis do imperialismo islâmico. Assim, é necessário para nós fazer o que recomenda Ayaan Hirsi Ali: compartilhe o risco. Dessa forma, da próxima vez que um livro ou uma charge provocar uma fatwa, será publicado ao redor do mundo e enviará aos soldados do Islã uma mensagem: matar um de nós não fará diferença. É melhor ter uma boa linha de crédito no Banco da Jihad, porque você terá de matar todos nós.
Como Geert Wilders fala acerca da estagnação geral do mundo islâmico, “é a cultura, estúpido”. E nossa cultura já está se retraindo em uma capitulação preventiva e rumando a um futuro encolhido, furtivo e (como diria Blair) subterrâneo. Como escreveu John Milton em sua Aeropagitica, de 1644: “Dê-me a liberdade de conhecer, proferir e argumentar livremente de acordo com minha consciência”. É uma tragédia que as batalhas de Milton tenham de ser feitas novamente depois de três séculos e meio, mas o mundo ocidental está colapsando em um cativeiro psicológico feito por si mesmo. Geert Wilders não está pronto para se render sem exercitar seu direito de conhecer, proferir e argumentar livremente – na imprensa, nas telas e nas urnas. Deveríamos todos louvar esse espírito enquanto ainda podemos.
Mark Steyn
21 de junho de 2012
Notas do tradutor:[1] Tony Abbott, líder do Partido Liberal da Austrália.
[2] Malcolm Everard MacLaren Pearson, Barão Pearson de Rannoch (20 de julho de 1942), membro da Câmara dos Lordes do Reino Unido.
[3] Caroline Cox, Baronesa Cox (6 de julho de 1937), é integrante da Câmara dos Lordes do Reino Unido.
[4] Órgão que executa as funções próprias de ministério público na Holanda.
[5] Mistura de “Europa” e “utopia”.
[6] Véus usados pelas muçulmanas que deixam apenas os olhos à mostra.
[7] Wilhelmus Simon Petrus Fortuijn, conhecido como Pim Fortuyn (19 de fevereiro de 1948 - 6 de maio de 2002), foi um político e sociólogo holandês. Suas críticas severas contra o multiculturalismo e o Islã motivaram seu assassinato por Volkert van der Graaf, ativista da organização ambientalista Vereniging Milieu Offensief (“Associação de Ofensiva Ambiental”, em tradução livre).
[8] Theodoor “Theo” van Gogh (23 de julho de 1957 – 2 de novembro de 2004) foi um produtor e diretor de cinema holandês. Era bisneto de Theodorus van Gogh, comerciante de arte e irmão do pintor Vincent van Gogh. Em conjunto com a escritora somali Ayaan Hirsi Ali, dirigiu o filme “Submission”, que trata do cotidiano feminino no Islã. Foi assassinado pelo extremista islâmico Mohammed Bouyeri, de origem marroquina.
[9] Vlaams Blok (“Bloco Flandrino”) foi um partido conservador belga originário da região de Flandres. Uma de suas principais plataformas eram políticas anti-imigração.
[10] Ayaan Hirsi Magan Ali (13 de novembro de 1969), ativista somali radicada nos Países Baixos. É uma das grandes críticas do Islã do país. Atualmente, mora nos Estados Unidos.
Mark Steyn, colunista da National Review, é o autor de “After America: Get Ready for Armageddon”. Esse artigo foi adaptado de seu prefácio ao livro “Marked for Death: Islam’s War against the West and Me”, de Geert Wilders.
Tradução: Felipe Melo
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