A jornalista Miriam Leitão escreveu um brilhante artigo na edição de O Globo de terça-feira 24, sobre o processo permanente de mudança que atinge a comunicação jornalística no mundo e também, como é natural, a apresentação gráfica de jornais e revistas. Perfeito. Ela tem razão, vivemos num processo cada vez mais rápido de percepção e modernização. Mas isso, aliás ela reconhece, não implica nem de longe na superação do jornal impresso.
Pois se examinarmos o progresso da informação e da opinião através da história, não vamos encontrar um exemplo sequer de que uma escala nova que surgiu tenha destruído a etapa que a precedeu.
Um dia, numa entrevista à Folha de São Paulo, o publicitário Nizan Guanaes afirmou o contrário do que estou sustentando. Disse uma bobagem. Me espantei. Não tem base nos fatos. O livro é milênios mais antigo que os jornais. Quando estes surgiram, com a galáxia de Gutemberg, no século XV, o livro continuou a existir e ganhou uma dimensão muito maior do que a que possuia.
Passaram-se mais de trezentos anos e surge o rádio no crepúsculo do século XIX. Democratizou extraordinariamente o mercado de informação, de opinião e de arte, mas não abalou, muito menos destruiu, a imprensa escrita.
Nos Estados Unidos em 1934, no Brasil em 1950, com Assis Chateaubriand, começou a televisão.
Muitos disseram que seria o fim do rádio. Outra bobagem. A televisão passou a ser a cores a partir de 72, entretanto as emissoras de rádio continuam com audiência altíssima. Em vários horários matutinos e vespertinos bate a TV em audiência.
O caso do programa Haroldo de Andrade Junior, nas manhãs de domingo na Tupi, 320 mil ouvintes por minuto, é um exemplo. Mas esta é outra questão. Ia esquecendo de dizer que quando a televisão se consolidou, disseram que o cinema estava com os dias contados. Outro rematado absurdo. O cinema continua inultrapassável. Inclusive ocupa em larga escala as telas da TV.
Finalmente chegamos a era da Internet. Fantástica. Qualquer pessoa ou família que tenha um computador transforma-se numa estação transmissora. Sem dúvida. Mas o sistema, insuperável em matéria de pesquisa, não transmite a sensação essencial do compartilhamento. Isso de um lado.
De outro, a tela é para ver. A página para ler. Não é fugaz como a imagem em movimento.
Não escapa de nossas mãos, de nossos olhos, de nosso pensamento. A responsabilidade do jornal impresso é muito maior. Pois na Internet alguém pode postar uma informação e retirá-la pouco depois. A responsabilidade se evapora. Mas o efeito do equívoco atinge pessoas.
Aconteceu há três semanas quando a CNN colocou no site uma interpretação errada quanto ao voto do ministro John Robert, presidente da Suprema Corte dos Estados Unidos sobre a constitucionalidade da lei do governo Obama a respeito do seguro saúde.
No dia seguinte todos os jornais (do mundo) noticiaram corretamente o voto decisivo de Robert. Um exemplo bem forte este. Mas a questão não é só essa.
É claro que depois da fotografia, do cinema, da televisão, da Internet, os jornais necessitam atualizar-se à linguagem moderna. Mas isso não significa métodos modernosos, fora da realidade.
Dou dois exemplos de fracasso, ambos ocorridos no Correio da Manhã: o projeto Jânio de Freitas e Amilcar de Castro, em 63. O desencadeado por Reinaldo Jardim, erm 70.
O primeiro durou quatro meses, pois Niomar Moniz Sodré demitiu Jânio logo após a morte de Paulo Bitencourt.
O segundo alongou-se por mais de dois anos; o jornal foi à falência. Amilcar de Castro era um artista plástico notável. Mas nada tinha com diagramação de jornal.
Exageros provocam rupturas desastrosas. Afundam o emprego de muitos profissionais, afundam empresas. Os jornais e revistas, sem dúvida, têm que reforçar aspecto visual e conteúdo. Para isso é necessário talento, sensibilidade, respeito humano para com os leitores. É só isso.
Um dia, numa entrevista à Folha de São Paulo, o publicitário Nizan Guanaes afirmou o contrário do que estou sustentando. Disse uma bobagem. Me espantei. Não tem base nos fatos. O livro é milênios mais antigo que os jornais. Quando estes surgiram, com a galáxia de Gutemberg, no século XV, o livro continuou a existir e ganhou uma dimensão muito maior do que a que possuia.
Passaram-se mais de trezentos anos e surge o rádio no crepúsculo do século XIX. Democratizou extraordinariamente o mercado de informação, de opinião e de arte, mas não abalou, muito menos destruiu, a imprensa escrita.
Nos Estados Unidos em 1934, no Brasil em 1950, com Assis Chateaubriand, começou a televisão.
Muitos disseram que seria o fim do rádio. Outra bobagem. A televisão passou a ser a cores a partir de 72, entretanto as emissoras de rádio continuam com audiência altíssima. Em vários horários matutinos e vespertinos bate a TV em audiência.
O caso do programa Haroldo de Andrade Junior, nas manhãs de domingo na Tupi, 320 mil ouvintes por minuto, é um exemplo. Mas esta é outra questão. Ia esquecendo de dizer que quando a televisão se consolidou, disseram que o cinema estava com os dias contados. Outro rematado absurdo. O cinema continua inultrapassável. Inclusive ocupa em larga escala as telas da TV.
Finalmente chegamos a era da Internet. Fantástica. Qualquer pessoa ou família que tenha um computador transforma-se numa estação transmissora. Sem dúvida. Mas o sistema, insuperável em matéria de pesquisa, não transmite a sensação essencial do compartilhamento. Isso de um lado.
De outro, a tela é para ver. A página para ler. Não é fugaz como a imagem em movimento.
Não escapa de nossas mãos, de nossos olhos, de nosso pensamento. A responsabilidade do jornal impresso é muito maior. Pois na Internet alguém pode postar uma informação e retirá-la pouco depois. A responsabilidade se evapora. Mas o efeito do equívoco atinge pessoas.
Aconteceu há três semanas quando a CNN colocou no site uma interpretação errada quanto ao voto do ministro John Robert, presidente da Suprema Corte dos Estados Unidos sobre a constitucionalidade da lei do governo Obama a respeito do seguro saúde.
No dia seguinte todos os jornais (do mundo) noticiaram corretamente o voto decisivo de Robert. Um exemplo bem forte este. Mas a questão não é só essa.
É claro que depois da fotografia, do cinema, da televisão, da Internet, os jornais necessitam atualizar-se à linguagem moderna. Mas isso não significa métodos modernosos, fora da realidade.
Dou dois exemplos de fracasso, ambos ocorridos no Correio da Manhã: o projeto Jânio de Freitas e Amilcar de Castro, em 63. O desencadeado por Reinaldo Jardim, erm 70.
O primeiro durou quatro meses, pois Niomar Moniz Sodré demitiu Jânio logo após a morte de Paulo Bitencourt.
O segundo alongou-se por mais de dois anos; o jornal foi à falência. Amilcar de Castro era um artista plástico notável. Mas nada tinha com diagramação de jornal.
Exageros provocam rupturas desastrosas. Afundam o emprego de muitos profissionais, afundam empresas. Os jornais e revistas, sem dúvida, têm que reforçar aspecto visual e conteúdo. Para isso é necessário talento, sensibilidade, respeito humano para com os leitores. É só isso.
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