Por uns tempos, Dilma
Rousseff até se comportou adequadamente, dentro do figurino institucional que o
cargo lhe impõe.
Mas o uso do cachimbo petista entortou-lhe a boca.
No dia em que o Brasil comemorou 190 anos de independência, a presidente da República voltou a fazer proselitismo político-partidário.
Desta vez, ela fez uso de uma data pátria para cometer disparates em cadeia nacional de rádio e TV.
Pronunciamentos oficiais em datas cívicas sempre foram, tradicionalmente, marcados pela sobriedade e pelo estrito respeito institucional. Afinal, no dia em que o país comemora seu mais importante feito histórico, quem se dirige aos cidadãos é o chefe da nação e não o chefe de uma facção.
É assim em qualquer democracia madura do mundo, era assim também no Brasil. Até que o PT desvirtuasse mais este símbolo da República.
Dilma ocupou 10 minutos e 35 segundos no rádio e na televisão na noite de quinta-feira, véspera do Dia da Independência. Usou o direito e o espaço que a Constituição lhe dá, mas os transformou numa oportunidade para desferir ataques e veicular batatadas em cadeia nacional.
Assim como a nota oficial que divulgara há uma semana, ancorou seu discurso em um monte de mistificações.
Para começar, seguindo o padrão já adotado pelo seu antecessor no cargo, Dilma, oportunisticamente, tentou se apropriar de conquistas pretéritas para justificar resultados - alguns deles bastante questionáveis - do governo petista.
(Disse) que o Brasil "criou, nos últimos anos, um modelo de desenvolvimento inédito, baseado no crescimento com estabilidade, no equilíbrio fiscal e na distribuição de renda".
Das três pernas do tripé, duas lhe foram legadas pelo governo de Fernando Henrique Cardoso. Mas não custa lembrar que o PT foi contra o Plano Real, que dizimou a inflação no país, trazendo-a níveis comportados - na época, o plano de estabilização foi considerado por Lula um "estelionato eleitoral".
Os petistas fizeram de tudo para sabotar a conquista da estabilidade da moeda pelos brasileiros.
Também é sempre bom recordar que o PT opôs-se à Lei de Responsabilidade Fiscal. O partido não apenas votou em peso contra o projeto de lei de equilíbrio fiscal no Congresso, como, derrotado, foi ao Supremo Tribunal Federal arguir-lhe a constitucionalidade.
É de se perguntar o que seria dos governos petistas que se seguiram - tanto no plano federal, quanto nos estaduais e municipais - sem a legislação que pôs as finanças públicas do país em ordem...
Em seguida, Dilma anunciou que doravante a competitividade estará na agenda nacional. De pronto, é de se perguntar: Mas só agora, cara-pálida?
Repetidamente, o Brasil tem figurado nas piores colocações em rankings globais que medem este requisito.
No que é publicado pelo Fórum Econômico Mundial, por exemplo, temos feito muito feio.
Na (edição) mais recente, entre 142 países, fomos o 118° na qualidade rodoviária, 122° na aeroportuária e o 130° na portuária. Na média geral deste quesito, recuamos 20 posições em relação a 2010.
Pelo visto, vai demorar muito até que nos tornemos "um dos países com melhor infraestrutura, com melhor tecnologia industrial, melhor eficiência produtiva e menor custo de produção", como prometeu a presidente no pronunciamento.
Com pompa, Dilma também anunciou aos brasileiros que descobriu a roda.
Disse, no meio do pronunciamento, que acaba de adotar "um conjunto de medidas que vai provocar, no médio e no longo prazo, uma verdadeira revolução no setor de transportes no nosso país, (...) em um novo tipo de parceria entre o poder público e a iniciativa privada".
A esta "verdadeira revolução", damos o singelo nome de privatização, contra as quais Dilma e seu partido, sistematicamente, se contrapuseram quando eram oposição e também ao longo dos dez anos em que estão governo. Será que o PT demora tanto a acordar para tudo o que é bom para a sociedade?
As privatizações que ora serão tocadas pelo PT são as mesmas que Dilma Rousseff - deselegante e equivocadamente - criticou no pronunciamento que deveria ser de chefe de nação, mas transformou-se em mais uma peça de campanha eleitoral.
É dever do presidente da República dirigir-se aos seus concidadãos a cada 7 de setembro.
Mas, daqui a um ano, veremos que as 1.336 palavras proferidas na última quinta-feira foram lançadas ao vento. Pouco delas sobreviverão ao choque de realidade de um governo que fala muito mais do que faz.
Fonte: Instituto Teotônio Vilela
Mas o uso do cachimbo petista entortou-lhe a boca.
No dia em que o Brasil comemorou 190 anos de independência, a presidente da República voltou a fazer proselitismo político-partidário.
Desta vez, ela fez uso de uma data pátria para cometer disparates em cadeia nacional de rádio e TV.
Pronunciamentos oficiais em datas cívicas sempre foram, tradicionalmente, marcados pela sobriedade e pelo estrito respeito institucional. Afinal, no dia em que o país comemora seu mais importante feito histórico, quem se dirige aos cidadãos é o chefe da nação e não o chefe de uma facção.
É assim em qualquer democracia madura do mundo, era assim também no Brasil. Até que o PT desvirtuasse mais este símbolo da República.
Dilma ocupou 10 minutos e 35 segundos no rádio e na televisão na noite de quinta-feira, véspera do Dia da Independência. Usou o direito e o espaço que a Constituição lhe dá, mas os transformou numa oportunidade para desferir ataques e veicular batatadas em cadeia nacional.
Assim como a nota oficial que divulgara há uma semana, ancorou seu discurso em um monte de mistificações.
Para começar, seguindo o padrão já adotado pelo seu antecessor no cargo, Dilma, oportunisticamente, tentou se apropriar de conquistas pretéritas para justificar resultados - alguns deles bastante questionáveis - do governo petista.
(Disse) que o Brasil "criou, nos últimos anos, um modelo de desenvolvimento inédito, baseado no crescimento com estabilidade, no equilíbrio fiscal e na distribuição de renda".
Das três pernas do tripé, duas lhe foram legadas pelo governo de Fernando Henrique Cardoso. Mas não custa lembrar que o PT foi contra o Plano Real, que dizimou a inflação no país, trazendo-a níveis comportados - na época, o plano de estabilização foi considerado por Lula um "estelionato eleitoral".
Os petistas fizeram de tudo para sabotar a conquista da estabilidade da moeda pelos brasileiros.
Também é sempre bom recordar que o PT opôs-se à Lei de Responsabilidade Fiscal. O partido não apenas votou em peso contra o projeto de lei de equilíbrio fiscal no Congresso, como, derrotado, foi ao Supremo Tribunal Federal arguir-lhe a constitucionalidade.
É de se perguntar o que seria dos governos petistas que se seguiram - tanto no plano federal, quanto nos estaduais e municipais - sem a legislação que pôs as finanças públicas do país em ordem...
Em seguida, Dilma anunciou que doravante a competitividade estará na agenda nacional. De pronto, é de se perguntar: Mas só agora, cara-pálida?
Repetidamente, o Brasil tem figurado nas piores colocações em rankings globais que medem este requisito.
No que é publicado pelo Fórum Econômico Mundial, por exemplo, temos feito muito feio.
Na (edição) mais recente, entre 142 países, fomos o 118° na qualidade rodoviária, 122° na aeroportuária e o 130° na portuária. Na média geral deste quesito, recuamos 20 posições em relação a 2010.
Pelo visto, vai demorar muito até que nos tornemos "um dos países com melhor infraestrutura, com melhor tecnologia industrial, melhor eficiência produtiva e menor custo de produção", como prometeu a presidente no pronunciamento.
Com pompa, Dilma também anunciou aos brasileiros que descobriu a roda.
Disse, no meio do pronunciamento, que acaba de adotar "um conjunto de medidas que vai provocar, no médio e no longo prazo, uma verdadeira revolução no setor de transportes no nosso país, (...) em um novo tipo de parceria entre o poder público e a iniciativa privada".
A esta "verdadeira revolução", damos o singelo nome de privatização, contra as quais Dilma e seu partido, sistematicamente, se contrapuseram quando eram oposição e também ao longo dos dez anos em que estão governo. Será que o PT demora tanto a acordar para tudo o que é bom para a sociedade?
As privatizações que ora serão tocadas pelo PT são as mesmas que Dilma Rousseff - deselegante e equivocadamente - criticou no pronunciamento que deveria ser de chefe de nação, mas transformou-se em mais uma peça de campanha eleitoral.
É dever do presidente da República dirigir-se aos seus concidadãos a cada 7 de setembro.
Mas, daqui a um ano, veremos que as 1.336 palavras proferidas na última quinta-feira foram lançadas ao vento. Pouco delas sobreviverão ao choque de realidade de um governo que fala muito mais do que faz.
Fonte: Instituto Teotônio Vilela
12 de setembro de 2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário