Memória do Mensalão
(Comentário postado aqui em 30.1.2006)
Pobre senadora Heloísa Helena (PSOL-AL). Imagine só que ela pretende pedir à CPI dos Bingos para que seja ouvida em sessão secreta a promotora das festas masculinas mais animadas da República, a célebre Jeanny Mary Córner.
Consultado a respeito, o senador Efraim de Moraes, presidente da CPI, aconselhou Heloísa a desistir do pedido. Alegou que Jeanny poderá se valer da CPI para chantagear antigos clientes e inventar histórias que jamais poderão ser comprovadas.
Ora, quantas mentiras não foram contadas até aqui por todos que depuseram nas CPIs dos Bingos e dos Correios? E quantas histórias jamais foram ou serão comprovadas? Haverá mentiras menos ou mais indecorosas?
De fato, é mais fácil qualquer CPI convocar Lula para falar sobre o mensalão e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para explicar a privatização de empresas estatais do que convidar Jeanny Mary para depor. O mundo viria abaixo.
Convidado, você pode se recusar a ir. Convocado, você é obrigado a ir. Jeanny Mary aceita o convite. E Heloísa está convencida de que ela ajudaria a descobrir o desvio de dinheiro público para atividades, digamos, nada inocentes.
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Jeanny Mary aceita convite (2)
Heloísa e Jeany Mary conversaram longamente há duas semanas. E na última, a convite de Heloísa, Jeanny Mary assistiu anônima a uma sessão do Senado. Sentou nas galerias. Estava interessada em tentar reconhecer algum dos senadores.
Reconheceu dois, segundo contou Heloísa a Arthur Virgílio (AM), líder do PSDB no Senado. Os dois compareceram a pelo menos uma das festas que reuniram no hotel Gran Bittar, em Brasília, deputados e dirigentes do PT (entre eles, Sílvio "Land Rover" Pereira).
Diga-se a favor dos senadores que eles ficaram bebericando e jogando conversa fora no piso inferior da suíte reservada para a festa. Por ali, vez por outra, passavam as meninas de Jeanny Mary com destino ao piso superior. Era nesse que rolava tudo e um pouco mais.
Jeanny Mary não gostava do tratamento dado às meninas nessas ocasiões, revelou Heloísa a Arthur Virgílio. Havia bebida e comida de sobra, os clientes se fartavam, mas não deixavam que as meninas também o fizessem. Para que não perdessem a disposição.
Alguns obrigavam as meninas a engatinharem para recolher com a boca notas de 50 e de cem reais. E pelo menos um deputado do PT, que por sinal está na fila para ser cassado, era particularmente cruel com elas.
Tudo isso e bem mais, Jeanny Mary está disposta a contar nas CPIs. Mas ninguém parece disposto a ouvi-la.
12 de setembro de 2012
Ricardo Noblat
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