"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 12 de setembro de 2012

CONTRA A HORROROSA CHINA, O BRASIL FARIA TANTOS GOLS SE JOGASSE COM UM TÍPICO CENTROAVANTE?


Uma das coisas que chamam a atenção no Brasileirão é a solidez defensiva de Fluminense e Atlético, os dois primeiros colocados. O Flu levou apenas 15 gols em 23 jogos, e o Galo, 16 em 22.
Os dois aprenderam a marcar com o Corinthians, que sofreu pouquíssimos gols na Libertadores (quatro gols em 14 partidas).

No Brasileirão, o Corinthians relaxou. Mesmo assim, sofreu 23 gols em 23 jogos. O problema é o ataque, que só fez 25. Fluminense e Atlético, este com um jogo a menos, marcaram 38 vezes.

Fluminense, Atlético e Corinthians utilizam o mesmo esquema tático (4-2-3-1) e a mesma estratégia. Quando perdem a bola, marcam com uma linha de quatro jogadores no meio-campo. Ficam um meia ofensivo e um centroavante para o contra-ataque. Quando recuperam a bola, os meias avançam pelas pontas. Formam dupla com os laterais, na defesa e no ataque.



Quase todas as equipes da Europa atuam, há tempos, da mesma forma. Alguns, em vez de um meia de ligação e um centroavante, possuem dois atacantes, como joga o Grêmio. Os técnicos brasileiros, enfim, estão abandonando a soberba, o discurso de que não têm nada a aprender com os técnicos de outros países.

Fluminense, Atlético, Corinthians e Grêmio têm uma maneira definida de jogar, o que não ocorre com a seleção.
Contra fortes adversários, o Brasil vai jogar com dois volantes e quatro mais adiantados, como fez nos dois amistosos e em várias outras partidas, ou vai trocar um dos quatro por mais um armador, marcador, no meio-campo, como jogou contra a Suécia e em várias outras ocasiões?
A goleada sobre a horrorosa seleção da China, com sete desfalques, foi boa, pelo número de gols maior do que se esperava. O jogo foi uma ilusão ou uma esperança?

Se o time tivesse jogado com um típico centroavante, como Leandro Damião, ele e a equipe teriam feito tantos gols, ou a nova formação, com Hulk e Lucas, pelos lados, e Neymar, mais avançado, pelo centro, como joga Messi, no Barcelona, tornou o ataque mais eficiente?

É óbvio que não dá para fazer uma avaliação por esse jogo, mas tenho a impressão, técnica e subjetiva, que esse é um caminho mais promissor.

Em uma entrevista, na véspera do jogo, Mano disse que conversou várias vezes com Parreira sobre a seleção. Isso é bom. Parreira é um técnico experiente e com bons conhecimentos. Mas um parece ser o clone do outro.
Gostaria que Mano também conversasse com treinadores diferentes, com Guardiola, com Loco Bielsa, com Zagallo da Copa de 1970, com alguns técnicos atuais, como Cuca e Abel Braga, e com os fantasmas de Rinus Michels (técnico da Holanda de 1974), de Tim (treinador da década de 1960) e do mestre Telê Santana.

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ESPERANÇA

A vitória contundente e a bela atuação do Atlético contra o Palmeiras, no último domingo, foram importantes para recuperar a confiança dos jogadores, do técnico e do torcedor. Cuca e a diretoria perceberam o momento e foram atrás do efeito suspensivo para Bernard jogar. Ele e Ronaldinho jogaram demais.

O Cruzeiro continua na mesma toada, de vitórias e de derrotas, de muita correria e de muita marcação. Falta colocar a bola no chão e trocar passes. Como só Atlético, Fluminense e Grêmio estão bem, continuam as chances de o Cruzeiro conseguir a quarta vaga para a Libertadores. Mesmo assim, há o risco de só entrarem os três primeiros, de acordo com o resultado da Copa Sul-Americana.

12 de setembro de 2012
Tostão (Jornal O Tempo)

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