Gostar, o governador Eduardo Campos tem certeza absoluta de que o
ex-presidente Lula não gostou de vê-lo lançar um candidato do PSB para tentar
tirar a prefeitura de Recife das mãos do PT.
Mas, daí a dizer que a disputa levou os dois à antessala do rompimento político, o governador de Pernambuco já acha que é um exagero proposital fomentado por uma geração de petistas - na sua maioria paulistas - aflitos com os efeitos da fadiga de material materializada na situação nada promissora dos candidatos do PT às prefeituras das capitais.
Das 26 onde haverá eleição (Brasília não tem prefeito) as pesquisas indicam o PT com alguma folga na dianteira apenas em Goiânia.
No Recife perde o primeiro lugar para um candidato que Eduardo Campos tirou do zero, em São Paulo briga por uma vaga no segundo turno, em Minas fica distante do prefeito apoiado por Aécio Neves e, em dois dos cinco Estados que governa, Bahia e Sergipe, o PT é espectador da liderança do DEM nas respectivas capitais.
Eduardo Campos reconhece a si e ao seu partido (PSB) como um alvo preferencial dos petistas que, na opinião dele, "insuflam" Lula e tentam aprofundar uma cizânia que ao pernambucano não interessa no momento.
No oficial, tanto ele quanto seus correligionários não perdem uma chance de dizer e repetir apoio "fechado" à reeleição da presidente Dilma Rousseff.
É uma posição de prudência. Coisa de quem tem consciência da desproporção entre a estrutura do PSB e a, no dizer de um aliado do governador, "briga de cachorro grande" desde muito posta no horizonte entre PT e PSDB.
Obviamente Campos não quer comprar confusão com Dilma nem com Lula, mas digamos que por ora manifeste mais simpatia pela presidente que pelo antecessor nas avaliações internas do PSB e nas conversas com petistas mais agastados com o alimento ao atrito originado da direção nacional, leia-se, São Paulo.
Por essas análises, o comando petista estaria levando o ex-presidente Lula a um acirramento que, a depender do desenrolar dos acontecimentos - vale dizer, do resultado das eleições, do curso da economia e da desconstrução ou reconstrução das relações entre PT e PSB - poderia levar o partido de Eduardo Campos a confirmar o que hoje é só uma hipótese. Ainda remota.
A frase síntese e intencionalmente enigmática foi dita recentemente pelo governador de Pernambuco numa roda restrita: "É preciso o PT ter muito juízo em relação ao que pretende fazer com o PSB, porque a depender disso pode haver movimentos pós-eleitorais que venham a ganhar força".
Entre eles se inclui aproximação maior com forças de fora do campo governista. Para quê? Não se fala abertamente, mas subentende-se uma mensagem relacionada à eleição presidencial de 2014.
Não necessariamente automática, mas indicativa do início de um processo de ocupação de um espaço aberto no esgotamento da dicotomia entre PT e PSDB a respeito do qual o eleitorado dá notícia por meio do desempenho de Celso Russomanno em São Paulo.
Colateral. Queira o bom senso que a surpresa geral e dos petistas em particular, com o rigor e a independência dos ministros indicados para o Supremo nos governos Lula/Dilma não tenha o poder de incluir o critério de fidelidade ao Planalto no processo de escolha dos futuros integrantes da Corte.
Se assim for, aumentará o interesse e a vigilância da opinião pública pelas sabatinas aos quais são submetidos os indicados no Congresso.
Note-se. No artigo que publica sempre no primeiro domingo do mês, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso incorporou ao seu vocabulário o "presidenta" como gosta, aos subordinados impõe e dos simpatizantes recebe a deferência de ser chamada a presidente Dilma Rousseff.
Dos tucanos é o único a prestar-lhe essa homenagem.
04 de setembro de 2012
Dora Kramer - O Estado de S.Paulo
Mas, daí a dizer que a disputa levou os dois à antessala do rompimento político, o governador de Pernambuco já acha que é um exagero proposital fomentado por uma geração de petistas - na sua maioria paulistas - aflitos com os efeitos da fadiga de material materializada na situação nada promissora dos candidatos do PT às prefeituras das capitais.
Das 26 onde haverá eleição (Brasília não tem prefeito) as pesquisas indicam o PT com alguma folga na dianteira apenas em Goiânia.
No Recife perde o primeiro lugar para um candidato que Eduardo Campos tirou do zero, em São Paulo briga por uma vaga no segundo turno, em Minas fica distante do prefeito apoiado por Aécio Neves e, em dois dos cinco Estados que governa, Bahia e Sergipe, o PT é espectador da liderança do DEM nas respectivas capitais.
Eduardo Campos reconhece a si e ao seu partido (PSB) como um alvo preferencial dos petistas que, na opinião dele, "insuflam" Lula e tentam aprofundar uma cizânia que ao pernambucano não interessa no momento.
No oficial, tanto ele quanto seus correligionários não perdem uma chance de dizer e repetir apoio "fechado" à reeleição da presidente Dilma Rousseff.
É uma posição de prudência. Coisa de quem tem consciência da desproporção entre a estrutura do PSB e a, no dizer de um aliado do governador, "briga de cachorro grande" desde muito posta no horizonte entre PT e PSDB.
Obviamente Campos não quer comprar confusão com Dilma nem com Lula, mas digamos que por ora manifeste mais simpatia pela presidente que pelo antecessor nas avaliações internas do PSB e nas conversas com petistas mais agastados com o alimento ao atrito originado da direção nacional, leia-se, São Paulo.
Por essas análises, o comando petista estaria levando o ex-presidente Lula a um acirramento que, a depender do desenrolar dos acontecimentos - vale dizer, do resultado das eleições, do curso da economia e da desconstrução ou reconstrução das relações entre PT e PSB - poderia levar o partido de Eduardo Campos a confirmar o que hoje é só uma hipótese. Ainda remota.
A frase síntese e intencionalmente enigmática foi dita recentemente pelo governador de Pernambuco numa roda restrita: "É preciso o PT ter muito juízo em relação ao que pretende fazer com o PSB, porque a depender disso pode haver movimentos pós-eleitorais que venham a ganhar força".
Entre eles se inclui aproximação maior com forças de fora do campo governista. Para quê? Não se fala abertamente, mas subentende-se uma mensagem relacionada à eleição presidencial de 2014.
Não necessariamente automática, mas indicativa do início de um processo de ocupação de um espaço aberto no esgotamento da dicotomia entre PT e PSDB a respeito do qual o eleitorado dá notícia por meio do desempenho de Celso Russomanno em São Paulo.
Colateral. Queira o bom senso que a surpresa geral e dos petistas em particular, com o rigor e a independência dos ministros indicados para o Supremo nos governos Lula/Dilma não tenha o poder de incluir o critério de fidelidade ao Planalto no processo de escolha dos futuros integrantes da Corte.
Se assim for, aumentará o interesse e a vigilância da opinião pública pelas sabatinas aos quais são submetidos os indicados no Congresso.
Note-se. No artigo que publica sempre no primeiro domingo do mês, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso incorporou ao seu vocabulário o "presidenta" como gosta, aos subordinados impõe e dos simpatizantes recebe a deferência de ser chamada a presidente Dilma Rousseff.
Dos tucanos é o único a prestar-lhe essa homenagem.
04 de setembro de 2012
Dora Kramer - O Estado de S.Paulo
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