"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 4 de setembro de 2012

A OPOSIÇÃO OFICIAL FINGE IGNORAR QUE FALTA ALGUÉM NO BANCO DOS RÉUS DO MENSALÃO

 


No mundo inteiro, partidos procuram eleitores. No País do Carnaval, milhões de eleitores engajados na resistência democrática procuram um partido. Inconformada com a inépcia administrativa, a vigarice política, a ideologia liberticida e outras marcas de nascença dos donos do PT, essa imensidão de órfãos busca desde 2003 alguma sigla que desfralde as bandeiras da resistência democrática. Se depender do PSDB, do DEM e do PPS, continuarão sem representantes, avisa o estridente silêncio da oposição oficial sobre o julgamento do mensalão.
 
Reanimados pela condenação do primeiro lote de culpados, redimidos pelas lições de decência e honradez contidas nos votos de nove ministros do Supremo Tribunal Federal, incontáveis brasileiros honestos vêm repetindo a expressão destacada na capa da mais recente edição de VEJA: “Até que enfim”. Estão fora desse coro todos os governadores, parlamentares e candidatos a prefeitos supostamente oposicionistas. Nem Lula tem ousado repetir que o mensalão não existiu. A julgar pelo silêncio obsequioso, seus adversários ainda estão em dúvida.
 
As urnas que elegeram Dilma Rousseff também formalizaram o nascimento de uma oposição real sem parentesco com a oficial, constatou um post aqui publicado em novembro de 2010. Tinha um ânimo combatente infinitamente maior, príncipios claramente definidos, objetivos a perseguir e um patrimônio eleitoral superior a 40 milhões de votos. Só lhe faltavam partidos e líderes dispostos a livrar-se de delinquentes de estimação e, em vez de perder tempo com picuinhas domésticas, opor-se ao inimigo verdadeiro o tempo todo.
 
Faltavam e faltam. A oposição está em greve no Brasil há sete anos, constatou nesta segunda-feira, num texto especialmente brilhante, meu vizinho Reinaldo Azevedo. Os oposicionistas oficiais sumiram, concordou o comentário de 1 minuto para o site de VEJA.
Não aprenderam nada com as derrotas. Os líderes logo descobrirão que não tem ninguém a liderar, e serão substituídos por gente capaz de compreender que a prudência não é incompatível com a bravura, que impostura tem limite e que quem vive morto de medo acaba morrendo de solidão.
 
O país que tem o governo com que sonha qualquer oposição tem também a oposição com que todo governo sonha. Livre de críticas, réplicas e cobranças, Lula mostrou já na estreia da turnê do palanque ambulante que vai distribuir insultos entre todos os que seguem fora do rebanho de devotos. Vai falar sobre qualquer tema, principalmente os que desconhece. Mas não dará um pio sobre o julgamento da quadrilha companheira.
 
Até agora, nenhum político oposicionista revidou no mesmo tom usado pelo embusteiro vocacional. E todos fingem ignorar que falta alguém no banco dos réus do mensalão.

04 de setembro de 2012
Augusto Nunes

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