"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 7 de setembro de 2012

STF CONDENA METÁFORAS DE DJAVAN

 

LINHA DO EQUADOR - Por oito votos a três, o Supremo Tribunal Federal julgou incompreensíveis as metáforas compostas por Djavan. "Aos poucos, essa egrégia Corte está prestando contas de suas dívidas históricas com o povo brasileiro. Em recurso definitivo, julgamos incompreensíveis os versos 'Açaí, guardiã / Zum de besouro um imã / Branca é a tez da manhã'", disse o presidente Ayres Britto, ele próprio autor de seus versinhos.

Destacados dos demais mortais pela linguagem de alto teor poético e pela profusão de malabarismos sintáticos, os ministros do Supremo reconheceram, embora deveras frustrados, que são incapazes de desvendar metáforas como "Raio se libertou / Clareou / Muito mais / Se encantou / Pela cor lilás".

"Data vênia, que raios significa isso: 'A luz de um grande prazer é irremediável neon / Quando o grito do prazer açoitar o ar, reveillon'", indagou o ministro Celso de Mello.





   Djavan foi absolvido da responsabilidade de ter legado Jorge Vercillo ao mundo

Como punição, a ministra Rosa Weber sugeriu que o compositor fosse condenado a aprender japonês em braile para ensinar às crianças carentes. No final do dia, o Supremo apertou a pena: "A obra de Djavan deverá ser relida por Pedro Bial", sentenciou Gilmar Mendes.

Em sua coluna no jornal O Globo, Caetano Veloso reagiu indignado: "Precisamos djavanear o STF". E concluiu, de maneira cristalina: "A vida é oca / como a touca / De um bebê sem cabeça". Depois riu à beça.

07 de setembro de 2012
The i-Piaui Herald

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