Hoje, depois de votar, gostaria de assistir, no Camp Nou, ao clássico entre Barcelona e Real Madri. Melhor, só os grandes jogos dos anos 60, no Maracanã, entre Botafogo e Santos.
Apesar de adorar meu trabalho de colunista e de estar presente em grandes jogos, como em uma Copa do Mundo, gostaria hoje de sentar na arquibancada do estádio e ver o clássico espanhol apenas como um amante do futebol, sem nenhum compromisso profissional.
Teria ainda a gostosa sensação de não ser objeto de curiosidade. Recuso muitos convites porque sei de minha insignificância. Sou apenas um colunista, que foi um excelente jogador e que gosta de falar de futebol. Nada mais do que isso.
Uma de minhas fantasias é interromper, em certas épocas, meu trabalho de colunista e viajar pelo Brasil e pelo mundo para ver, nos estádios, as grandes partidas, como a de hoje.
O ideal, inatingível, seria que todos os profissionais pudessem parar por um tempo suas atividades para refletir sobre o trabalho, os acertos e as besteiras. É o ócio criativo, como escreveu o sociólogo italiano Domenico De Masi.
Tenho saudades também da festa das torcidas nos estádios. No campo, poderia ver alguns detalhes táticos, que não consigo pela TV, como a posição de uma defesa quando seu time está no ataque.
Modéstia a parte, vejo e deduzo, com segurança, pela TV, a maioria das coisas que preciso para minhas análises. Além disso, tenho milhares de informações e assisto, imediatamente, à repetição dos melhores lances.
Hoje, o Barcelona, sem Piqué e Puyol, continua com a defesa enfraquecida. O elenco do Real é melhor que o do Barcelona.
A seleção da Espanha reúne não só vários jogadores dos dois times, como seus estilos. Mistura a posse de bola, a troca de passes curtos e a marcação por pressão do Barcelona, com os contra-ataques, os lançamentos longos e os maiores cuidados defensivos do Real.
A Espanha, como o Real, joga com dois volantes, mais Xavi. O Barcelona atua com um, além de Xavi. O lateral-direito Arbeloa é mais marcador do que Daniel Alves.
Noto ainda que o Real, cada vez mais, marca por pressão e troca mais passes, como faz o Barcelona, e que o time catalão, cada vez mais, usa os contra-ataques e os passes longos, de um lado para o outro, como o Real. Um aprende com o outro.
Uma das vantagens do Real é fazer mais gols de bolas cruzadas. Se o Barcelona fizesse o mesmo, sem alterar o estilo, ficaria ainda mais eficiente.
Os técnicos brasileiros deveriam ir a Barcelona para aprender como se joga com a bola de pé em pé, e o técnico do Barcelona deveria vir ao Brasil para aprender a tática do chuveirinho, do bololô na área, de como se faz tantos gols em jogadas aéreas.
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