Temos 3,55 milhões de crianças e adolescentes de 4 a 17 anos fora da escola
Todas as vezes em que a palavra sustentabilidade vem à tona, surgem os termos essenciais para a nossa sobrevivência: água, comida e energia. Vivemos problemas que afetam os 7 bilhões de habitantes do nosso planeta.
Aqui mesmo, no Brasil, temos o paradoxo de secas terríveis no Nordeste, com municípios onde não chove seis ou sete meses seguidos, enquanto em outros da mesma região as chuvas provocam enchentes devastadoras.
É um fenômeno incontrolável. Sobre comida, não há como esconder: temos enorme parte do povo passando necessidade. Muitas vezes o socorro às crianças vem das refeições escolares que são fundamentais, sobretudo nas escolas públicas. Mas a subnutrição é um fato.
O terceiro elemento — energia — é o alvo predileto dos que discutem as questões ligadas à sustentabilidade. Aí chegamos à emissão de gases prejudiciais à saúde. O efeito estufa, a busca de alternativas ecologicamente mais saudáveis, como o uso do etanol, a energia proveniente dos ventos (eólica) ou a solar, de larga aplicação em países desenvolvidos.
Isso não exclui a necessidade de exploração dos nossos recursos hídricos, mas com cuidados para não ofender a Natureza.
A construção da usina de Belo Monte é um exemplo desse tipo de discussão.
Surge, nesse quadro, um quarto elemento de que não devemos nos dissociar: a educação. Construiremos um mundo melhor, de maior conforto e bem-estar, se dermos à educação a prioridade devida.
Querem de imediato um exemplo? Segundo o Ipea, temos 3,55 milhões de crianças e adolescentes de 4 a 17 anos fora da escola. São necessários cerca de 10 bilhões de reais para corrigir essa distorção. Equivale a um acréscimo de 0,3% do PIB nacional. Tirar de onde? A sétima economia não tem uma resposta convincente.
Enquanto sofremos com esses percalços na educação básica, o ensino superior alterna bons e maus resultados. Estamos em 31° lugar entre os países com as melhores universidades, posição que cumpre melhorar de todo jeito.
Não apenas no campo das ciências humanas, mas também nas que lidam com a tecnologia da informação e comunicação e ciências da vida.
Vemos com entusiasmo o convênio do Brasil com o Estado de Israel, para adquirir conhecimentos em biotecnologia, fármacos e aviônica (eletrônica de aviação). O intercâmbio será enriquecedor.
Mas estamos diante de uma barreira aparentemente intransponível, que é a forma pela qual se trata o nosso magistério. Enquanto nas nações industrializadas é uma profissão honrada e bem remunerada, aqui há uma fuga dos melhores cérebros das ciências da educação.
Os que se formam em pedagogia e nos cursos de magistério para a educação básica têm a pior remuneração de todo o ensino superior. Os salários giram em torno de 2 mil reais mensais, enquanto os diplomados em medicina já ultrapassaram o valor de 7 mil reais, e os de engenharia, 6 mil reais. Enquanto isso não for corrigido, viveremos tempos difíceis.
29 de outubro de 2012
Autor: Arnaldo Niskier
Fonte: O Globo, 26/10/2012
Todas as vezes em que a palavra sustentabilidade vem à tona, surgem os termos essenciais para a nossa sobrevivência: água, comida e energia. Vivemos problemas que afetam os 7 bilhões de habitantes do nosso planeta.
Aqui mesmo, no Brasil, temos o paradoxo de secas terríveis no Nordeste, com municípios onde não chove seis ou sete meses seguidos, enquanto em outros da mesma região as chuvas provocam enchentes devastadoras.
É um fenômeno incontrolável. Sobre comida, não há como esconder: temos enorme parte do povo passando necessidade. Muitas vezes o socorro às crianças vem das refeições escolares que são fundamentais, sobretudo nas escolas públicas. Mas a subnutrição é um fato.
O terceiro elemento — energia — é o alvo predileto dos que discutem as questões ligadas à sustentabilidade. Aí chegamos à emissão de gases prejudiciais à saúde. O efeito estufa, a busca de alternativas ecologicamente mais saudáveis, como o uso do etanol, a energia proveniente dos ventos (eólica) ou a solar, de larga aplicação em países desenvolvidos.
Isso não exclui a necessidade de exploração dos nossos recursos hídricos, mas com cuidados para não ofender a Natureza.
A construção da usina de Belo Monte é um exemplo desse tipo de discussão.
Estamos diante de uma barreira aparentemente intransponível, que é a forma pel
a qual se trata o nosso magistério
Querem de imediato um exemplo? Segundo o Ipea, temos 3,55 milhões de crianças e adolescentes de 4 a 17 anos fora da escola. São necessários cerca de 10 bilhões de reais para corrigir essa distorção. Equivale a um acréscimo de 0,3% do PIB nacional. Tirar de onde? A sétima economia não tem uma resposta convincente.
Enquanto sofremos com esses percalços na educação básica, o ensino superior alterna bons e maus resultados. Estamos em 31° lugar entre os países com as melhores universidades, posição que cumpre melhorar de todo jeito.
Não apenas no campo das ciências humanas, mas também nas que lidam com a tecnologia da informação e comunicação e ciências da vida.
Vemos com entusiasmo o convênio do Brasil com o Estado de Israel, para adquirir conhecimentos em biotecnologia, fármacos e aviônica (eletrônica de aviação). O intercâmbio será enriquecedor.
Mas estamos diante de uma barreira aparentemente intransponível, que é a forma pela qual se trata o nosso magistério. Enquanto nas nações industrializadas é uma profissão honrada e bem remunerada, aqui há uma fuga dos melhores cérebros das ciências da educação.
Os que se formam em pedagogia e nos cursos de magistério para a educação básica têm a pior remuneração de todo o ensino superior. Os salários giram em torno de 2 mil reais mensais, enquanto os diplomados em medicina já ultrapassaram o valor de 7 mil reais, e os de engenharia, 6 mil reais. Enquanto isso não for corrigido, viveremos tempos difíceis.
29 de outubro de 2012
Autor: Arnaldo Niskier
Fonte: O Globo, 26/10/2012
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