"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 29 de outubro de 2012

AS APOSTAS QUE NÃO DERAM CERTO

 
Embora tenham vencido na maior cidade do país, a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fizeram apostas erradas e sofreram derrotas em capitais e importantes municípios, onde colocaram seu patrimônio político em jogo no segundo turno das eleições municipais.
Uma das derrotas mais simbólicas foi em Salvador, onde Lula e Dilma subiram no palanque do petista Nelson Pelegrino, derrotado pelo deputado ACM Neto (DEM), crítico feroz dos governos do PT.
Lula esteve em Salvador no primeiro e no segundo turnos. Dilma fez comício com Pelegrino no segundo turno, embora o PMDB do ex-deputado e vice-presidente da Caixa, Geddel Vieira Lima, estivesse com ACM Neto.
 
No comício, Dilma disse que não faz um governo de "perseguição e vingança", mas afirmou que seu time estava naquele palanque.
A presidente levou para o comício as ministras de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e da Igualdade Racial, Luiza Bairros.
Lula convenceu a presidente a apoiar explicitamente o ex-presidente do Ipea Márcio Pochmann, candidato do PT a prefeito de Campinas, contra Jonas Donizete (PSB), que foi eleito. Dilma havia prometido que não iria fazer campanha em municípios onde os aliados estivessem divididos para evitar racha nos partidos governistas no Congresso.
A presidente também investiu na candidatura da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que perdeu para o tucano Arthur Virgílio Neto, ex-líder do PSDB que atacou duramente o governo do ex-presidente Lula e o PT. Em reunião com a própria candidata e o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, Dilma acertou sua presença na campanha de Manaus, embora a derrota fosse praticamente certa.
Foi um gesto político para premiar a lealdade do PCdoB ao Planalto e demonstrar que o partido é uma legenda preferencial em alianças futuras.
Lula resolveu peitar o PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e foi derrotado em Fortaleza e Cuiabá. Na capital cearense, prevaleceu a força política do governador Cid Gomes e de seu irmão Ciro Gomes, que apoiaram Roberto Cláudio contra o petista Elmano de Freitas, candidato de Lula.
Em Cuiabá, o petista Lúdio Cabral perdeu para Mauro Mendes (PSB). Lula esteve pessoalmente nessas duas capitais, enquanto a presidente preferiu evitar conflitos com os aliados.
O vice Michel Temer também sofreu derrotas, como em Florianópolis, onde Gean Loureiro (PMDB) perdeu para César Souza Júnior (PSD). Semana passada, Temer desembarcou em Florianópolis, com Ideli, para pedir votos a Loureiro.
 
Luiza Damé O Globo
29 de outubro de 2012

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