"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 28 de outubro de 2012

UMA DAS FONTES DO ESCÂNDALO DO MENSALÃO, CORREIOS SE TRANSFORMOU EM FEUDO DO PT


 
Uma das fontes do escândalo do mensalão, o aparelhamento político na estatal Correios continua, sete anos depois. Após passar pelas mãos do PTB e do PMDB, desalojados do comando em meio a denúncias de corrupção, a empresa virou feudo do PT, cujos líderes indicaram nomes para os principais cargos de direção.
Condenados pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do mensalão, o ex-ministro José Dirceu e o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) influenciaram a escolha dos dirigentes.
 
O principal exemplo é o presidente da empresa, Wagner Pinheiro de Oliveira, que deve sua nomeação ao ex-ministro Luiz Gushiken, absolvido no julgamento em curso no Supremo, e teve ainda a sustentação do grupo liderado por Dirceu.

Sindicalista vinculado à Central Única dos Trabalhadores (CUT) e filiado ao PT, Pinheiro ocupa cargos por sugestão de caciques do partido há pelo menos 20 anos.
A ligação com o ex-chefe da Casa Civil, segundo a assessoria do próprio ex-ministro, vem desde a década de 1980, quando o presidente dos Correios era funcionário da legenda na Assembleia Legislativa de São Paulo e Dirceu, deputado.

Nomeado no início do governo Dilma Rousseff com a missão de "sanear" a estatal após o escândalo de lobby e tráfico de influência que derrubou a ex-ministra Erenice Guerra (Casa Civil), o presidente dos Correios recebeu elogios de Dirceu em seu blog. Em janeiro de 2011, o ex-ministro da Casa Civil se referiu a ele como exemplo de gestor público "testado e aprovado".

Outro réu com influência na administração dos Correios é João Paulo Cunha. Graças a ele, o petista Wilson Abadio de Oliveira ascendeu à diretoria regional da estatal na Região Metropolitana de São Paulo, a mais rentável do País.
A indicação causou uma crise na bancada do PT, no início de 2011, porque Cunha não consultou os colegas sobre a nomeação.

Ex-chefe dos Correios no Rio Grande do Sul, Larry Manoel Medeiros de Almeida assumiu a vice-presidência de Gestão de Pessoas graças à indicação da ministra da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Maria do Rosário (PT-RS). Ele já foi multado pelo TCU em R$ 1,5 mil por irregularidades em licitações e na execução de despesas quando atuava na regional gaúcha. Almeida não recorreu da condenação, quitando o débito.

O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, escalou seu ex-auxiliar no Planejamento, Nelson Luiz Oliveira de Freitas, para a diretoria de administração.
 
Na cúpula dos Correios os petistas encontraram espaço para alojar também, como assessor especial, Ernani de Souza Coelho, marido da ex-senadora Fátima Cleide (PT-GO). Ele acumula ainda a presidência do conselho deliberativo da Postalis, o bilionário fundo de pensão dos funcionários.

O presidente dos Correios tem ainda outros auxiliares com carteirinha do PT. Seu chefe de gabinete, Adeilson Ribeiro Telles, é militante da legenda e, assim como o patrão, sindicalista com forte atuação na CUT. Na presidência da Postalis, Pinheiro colocou Antonio Carlos Conquista, seu ex-chefe de gabinete na Petros e filiado ao PT paulista.

Estatuto. O aparelhamento decorre também de um rearranjo institucional, que deu margem a mais apadrinhamento em cargos-chave. Mudanças feitas no Estatuto dos Correios, no ano passado, permitiram à atual diretoria nomear funcionários de outros órgãos públicos para funções técnicas e gerenciais, antes exclusivas de servidores de carreira, cujas remunerações variam de R$ 13,3 mil a R$ 18,7 mil.

Com isso, petistas de outros setores da administração puderam se abrigar na estatal. O Estado obteve a relação dos ocupantes desses cargos na administração central da empresa, em Brasília. Boa parte foi preenchida por militantes ou ex-militantes do PT.

Na chefia da Universidade dos Correios, Pinheiro alojou a professora Consuelo Aparecida Sielski Santos, filiada ao PT catarinense, cedida pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia.
Para assessorar Larry na vice-presidência de Gestão de Pessoas, escalou Alexandre Vidor, militante do partido no RS. Na Comunicação Social, foi alocado Felipe de Angelis, também do PT gaúcho. A vice-presidência de Administração abriga, como assessor, Idel Profeta Ribeiro, ligado à legenda em São Paulo.
 
Do site do jornal O Estado de S. Paulo
 
28 de outubro de 2012
in aluizio amorim

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