Meses atrás, em uma coluna fictícia, escrevi que Mano Menezes, no psicanalista, dizia-se preocupado com a nomeação de Felipão para o cargo de assessor do Ministério do Esporte. Mano suspeitava que Felipão era o técnico preferido do governo. Um mês depois da Olimpíada, Felipão saiu do Palmeiras. Será que a ficção estava próxima da realidade?
Repito minha hipótese de que a CBF, influenciada pela importância política e comercial da Copa e pelos investidores e marqueteiros, quer um técnico carismático, capaz de empolgar o torcedor, de conviver com a pressão de um Mundial no Brasil e ainda ser um escudo para os dirigentes. Mano é racional, frio e técnico. Sorri pela metade, como José Serra.
No passado, as estrelas do futebol eram os jogadores. Depois, surgiram os treinadores. Agora, é a época dos investidores e dos marqueteiros. Isso pode ser bom ou ruim. Nenhum dirigente de clube ou da CBF decide nada sem ouvi-los. Nem sempre o que é bom para o time é bom para o clube, pelo olhar comercial e o político. Cada vez mais, futebol é uma feira de negócios.
Guardiola foi um sonho. São lamentáveis a prepotência e o corporativismo dos treinadores brasileiros, antigos e novos, em relação aos estrangeiros, mesmo sendo Guardiola. Querem manter os empregos, o prestígio e ainda ficar próximos da CBF.
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F ALTAM CRAQUES
Obviamente, em um passe de mágica, nem mesmo em um ano e meio, Guardiola faria a seleção jogar tão bem quanto o Barcelona. Não temos tantos craques. Mas muitas coisas poderiam ser melhoradas já para o Mundial. Temos de pensar no futuro e criar novos conceitos.
A maior dificuldade do técnico seria a falta de um craque no meio-campo, no nível de Xavi, Iniesta, Busquets, Fàbregas, Xabi Alonso, Pirlo, Yaya Touré. Todos estão em uma lista de 15 armadores selecionados pela Fifa que vão ocupar três posições na seleção do ano. Nenhum dos 15 é brasileiro.
Enfim, os treinadores brasileiros perceberam que os volantes, além de marcarem bem, necessitam ter bons passes, ser organizadores, inventivos e, ainda, chegar à frente. Só teremos um craque nessa posição quando os técnicos das categorias de base pararem de colocar os armadores habilidosos para ser meias ofensivos ou atacantes pelos lados.
Com a saída de Mano, que tentava mudar a maneira de jogar da seleção, continuaremos no jogo truncado, no estilo “vapt-vupt”. Às vezes, dá certo. Como disse Paulo Vinícius Coelho, quando Felipão era técnico do Palmeiras, o time parecia de futebol americano, que ganhava terreno (jardas), aos poucos, por meio de faltas, até chegar próximo ao gol para Marcos Assunção jogar a bola na área.
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ÚLTIMA RODADA
Apesar de não gostar da maneira rígida, pragmática e com
excesso de faltas das equipes dirigidas por Celso Roth, que é a mesma de quase
todos os times brasileiros, o Cruzeiro, se ganhar do Atlético, pode ficar na
sexta posição, muito boa para o nível do elenco.
De qualquer maneira, Celso Roth
está fora. Ele, mesmo quando vai bem, o que é frequente, não consegue agradar ao
torcedor e aos dirigentes, de nenhuma equipe. No Atlético, Celso Roth foi
demitido, em 2003, quando o time estava na sexta posição no Brasileirão.
28 de novembro de 2012
Tostão (O Tempo)
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