"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 7 de novembro de 2012

UMA NOVA FORMA DE ESCRAVIDÃO

                   DÍVIDA. - Endividamento bate novo recorde


Impulsionado pelo aumento do crédito, principalmente o imobiliário, o endividamento do brasileiro bateu novo recorde em agosto. Segundo o Banco Central, a dívida total das famílias com os bancos correspondia, naquele mês, a 44,5% da renda acumulada nos últimos 12 meses, superando os 44% de julho.
Outro indicador, o que mede o comprometimento do salário com o pagamento mensal de dívidas bancárias, também cresceu em agosto, para 22,4%, acima dos 22,1% de julho. É o maior porcentual da série iniciada em 2005, junto com o dado de junho, também de 22,4%.
O BC atribui o aumento nesses indicadores, entre outros motivos, à ampliação do crédito imobiliário, que são dívidas de alto valor, mas com prazo mais longo. Esse é um dos fatores que explicam a diferença entre o endividamento total e a parcela que é usada mensalmente para pagar dívidas. Além disso, a instituição afirma que muitos consumidores estão apenas trocando o pagamento do aluguel pela prestação da casa própria.
Apesar de representar cerca de um quarto das operações de crédito para pessoa física, o crédito habitacional responde por pouco mais de 5% do gasto mensal com dívidas. Já o crédito rotativo, como cheque especial e cartão, representa quase um terço dessas despesas, embora tenha participação menor no crédito.
Na semana passada, o diretor de Assuntos Internacionais e de Regulação do Sistema Financeiro do BC, Luiz Awazu Pereira, disse que o grau de endividamento de famílias, empresas e governo, no Brasil, é muito mais baixo que em países avançados em crise. Ele rebateu também críticas a uma suposta bolha de crédito no País e disse que há hoje uma tendência de estabilização e queda da inadimplência, embora o indicador permaneça no nível recorde de 5,9% desde julho.
Em relação ao comprometimento da renda, dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) mostram que o nível brasileiro está acima do verificado em países como EUA e Espanha, que têm patamar mais alto, no entanto, de endividamento das famílias. A explicação para a diferença, mais uma vez, está no crédito imobiliário.
O BC, em relatório de setembro, diz que a gradual substituição do crédito ao consumo pelo financiamento habitacional tende a favorecer a queda do comprometimento de renda para padrões internacionais.
Outro dado destacado pelo BC é que o gasto mensal com prestações é cada vez mais destinado ao abatimento das dívidas.
Em agosto, 14,5% da renda foram destinados à amortização, novo recorde, acima dos 14,3% de julho.
O Estado de São Paulo
07 de novembro de 2012

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