Diferentemente do Atlético, que não joga bem fora de casa, por depender demais da pressão da torcida e de acuar o adversário, o Fluminense, pelo estilo e a serenidade, atua bem e do mesmo jeito em qualquer estádio.
O Fluminense aprendeu com o Corinthians da Libertadores, que aprendeu com os melhores times europeus, como se arma um sistema defensivo, com oito a nove jogadores atrás da linha da bola, e como se diminui os espaços entre os setores. No domingo, Lucas e Oswaldo tentavam driblar em velocidade e perdiam a bola. Havia sempre um jogador na cobertura.
Essa maneira de marcar não é nenhuma novidade. Os ingleses faziam isso em 1966; o Brasil, na Copa de 1994; o Boca Juniors ganhou vários títulos no Brasil jogando assim; e o Chelsea eliminou o Bayern e o Barcelona com essa estratégia.
Essa forma de marcar sempre foi vista no Brasil como uma retranca. Hoje, é uma evolução tática, desde que o time, quando recuperar a bola longe do outro gol, saiba discernir o momento de trocar passes, de ficar com a bola e de contra-atacar com velocidade. Há, no Brasil, um excesso de passes longos para o companheiro marcado. A bola vai e volta. É irritante.
Os times brasileiros, especialmente o Corinthians, e quase todos os grandes da Europa utilizam também, em certos momentos da partida, a marcação por pressão.
O desenho tático atual, 4-2-3-1, muito usado em todo o mundo, é uma variação do tradicional 4-4-2, ou melhor, do 4-4-1-1. Em todas essas formações, há um meia de cada lado, que marca e ataca, e um meia pelo centro, que volta para receber a bola e se aproxima do centroavante. As coisas vão e voltam com nomes diferentes e com o marketing de moderno.
Muitos confundem mudanças normais de posição, por causa da mobilidade dos jogadores, com alterações táticas determinadas pelos treinadores.
A seleção brasileira também utiliza o 4-2-3-1, porém, agora, sem centroavante fixo. Além de ficar com mais mobilidade e menos previsível, evita que Neymar volte para marcar o lateral pela esquerda, como teria de fazer se o time tivesse um outro e típico centroavante. Mano Menezes, com razão, quer Neymar mais próximo do gol.
Quem volta para marcar o lateral, pela esquerda, é Kaká ou, às vezes, Oscar. Kaká, pelas características, é mais reserva do atacante Cristiano Ronaldo, no Real Madri, do que do armador Özil. Isso é péssimo para Kaká. Será sempre reserva.
###
APLAUSOS
Os aplausos da torcida cruzeirense para Neymar foram uma homenagem à exuberância de seu talento e, ao mesmo tempo, um protesto contra jogadores, técnico e dirigentes do Cruzeiro. Sentimentos diferentes e, às vezes, contraditórios coincidem, com frequência, no ser humano.
O fato foi diferente dos aplausos recebidos por Ronaldinho da torcida do Real Madrid quando ele jogava pelo Barcelona. Eram dois grandes rivais. Seria como se o torcedor do Cruzeiro aplaudisse Ronaldinho, do Atlético.
Uma coisa é certa. Celso Roth não vai ficar no Cruzeiro. Além dos maus resultados, esperados pela fraca qualidade individual, o técnico, como é frequente, não criou empatia com o torcedor. Está na hora de um novo treinador começar, pelo menos, a planejar o próximo ano. O Cruzeiro não pode ter uma equipe tão fraca.
07 de novembro de 2012
Tostão (O Tempo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário