"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

A LOUCA CAVALGADA DA MULHER MAIS RICA DO MUNDO

 

“É aquele tipo raro de livro que depois de ler você dá graças a Deus por ser pobre.”

A frase acima é de um jornal australiano, e está numa resenha feita sobre a biografia de Gina Rinehart. Ela acaba de se sagrar a mulher mais rica do mundo, segundo levantamentos de publicações de economia e negócios.


Uma viúva super-rica

Gina, australiana de 58 anos, viúva, parecida fisicamente com Susan Boyle exceto pelos cabelos compridos, é a única herdeira de um império da mineração. Sua fortuna pessoal foi avaliada em 30 bilhões de dólares.

Basicamente, além de ganhar muito dinheiro, ela briga. Brigou, quando jovem, com a madrasta, a quem acusou de só casar com o pai por causa do dinheiro. A madrasta, Rose, uma tailandesa de aclamada beleza, era quase quarenta anos mais nova que o pai de Gina. Conheceu-o quando foi trabalhar como empregada dele depois que ele enviuvou. Gina estava, é claro, certa. Três meses depois da morte do marido velho e rico, ela se casou com um amigo do defunto.

Gina está brigando, agora, com três dos quatro filhos. A disputa está na justiça. Os filhos a acusam de prejudicá-los financeiramente. Querem tirar da mãe o controle do patrimônio da família.

NA MÍDIA

Gina briga, ainda, com o conselho de administração de um dos maiores grupos de mídia australiano, o Fairfax. Ela comprou um lote grande de ações, e quer um lugar no conselho. Gina reclama dos resultados econômicos do grupo, muito aquém daquilo que ela consegue em suas minas.

Gina diz que seu interesse em entrar para a administração é apenas econômico. Mas os jornalistas do grupo não acreditam nela. Trata-se, segundo eles, de um primeiro passo para interferências editoriais. (Gina é ultraconservadora, e o jornal é de centro.)

A Austrália tem tradição em novos acionistas que prometem não mexer no conteúdo e acabam fazendo o oposto. Murdoch, australiano como Gina, quando comprou o Times de Londres, afirmou que a redação, então dirigida pelo lendário Harold Evans, teria independência. Em pouco tempo, Evans estava fora e Murdoch fez o que fez — empurrou o jornal para o conservadorismo e se cercou de marionetes.

Os administradores do Fairfax conhecem bem essa história. Farão bem se mantiverem Gina, com todos os seus bilhões, bem longe dor jornalistas.

10 de janeiro de 2013
Paulo Nogueira (Diário do Centro do Mundo)

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