Afinal, de líder e presidente do PT, passou a réu condenado a 6 anos e 11 meses de prisão por corrupção ativa e formação de quadrilha.
Diferente da maioria dos demais mensaleiros, não meteu a mão nos cofres públicos nem privados.
Não fez negócios escusos nem prestou consultorias regiamente remuneradas. Seu curto patrimônio é compatível com os vencimentos de que sempre viveu. Mora num apartamento pequeno, não tem fazendas, lanchas ou carros de luxo.
Perdeu a noção de muitos valores mas assumiu ontem, como suplente, para enfrentar despesas de sobrevivência. Faltaram-lhe conselheiros capazes de sugerir a permanência à sombra, melhor forma de enfrentar o futuro amargo que o aguarda.
O problema não é o Genoíno, que cumprirá seu destino. É a total ausência de um estadista na presidência da Câmara, em condições de conduzir a instituição por caminhos menos ridículos dos que hoje percorre.
Marco Maia, a um mês de voltar aos grotões de onde não deveria ter saído, bem que poderia ter convencido Genoíno a não assumir um mandato exposto ao convívio com uma sentença judicial.
Como também poderia ter levado os outros três deputados condenados a se licenciarem, evitando o vexame de comparecerem ao plenário e às comissões com o rótulo de corruptos pregado nas costas.
Nem se discute a impossibilidade de exercerem seus mandatos, submetidos no mínimo à curiosidade de seus colegas e ao crivo da imprensa. Inusitado muito maior é assistir a Câmara transformada em ante-sala da cadeia, ainda mais batendo de frente com o Supremo Tribunal Federal.
Pode demorar o choque final, ainda que venha inexorável depois de a sentença dos mensaleiros transitar em julgado.
Será aceita a evidência de que os mandatos de quatro deputados terão sido extintos com o ato final da condenação no Judiciário? Ou o sucessor de Marco Maia se irá aferrar à esdrúxula tese de que os condenados continuarão deputados até a casa vir a cassá-los?
E se não cassar, ficarão limitados às dependências parlamentares, porque se saírem à rua serão presos pela Polícia Federal?
Tudo poderia ter sido evitado se Marco Maia tivesse tido um lampejo de bom-senso, entre algumas lições de Direito Constitucional e outras tantas de Ética.
O corporativismo por ele cultivado dará frutos capazes de gerar imensa indigestão institucional.
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PEDRAS E ESPINHOS NO CAMINHO
É difícil, escarpada e cheia de pedras e espinhos a trajetória do PT no rumo da renovação.
Quando parecia superada a etapa de conquistar o inconquistável, que seria a defesa dos réus do mensalão, depois de estabelecida a premissa de que o partido já fizera tudo o que podia ser feito, acontece o quê?
O refluxo azedo da posse de José Genoíno como deputado.
Está sendo tudo renovado e revirado, sem que os companheiros possam, ao menos de público, exprimir sua reação ao retrocesso.
Ninguém, no partido, ousará criticar o ex-presidente da legenda, mas todos, sem exceção, lamentam seu gesto. Abre-se de novo a ferida que ameaçava cicatrizar.
Será que vão desanimar?
04 de janeiro de 2013
Carlos Chagas
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