"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

APRENDENDO A DEBATER

 

 
Nelson Motta, em sua coluna do jornal O Globo de hoje, começa colocando o dedo na ferida: "A maneira mais estúpida, autoritária e desonesta de responder a alguma crítica é tentar desqualificar quem critica, porque revela a incapacidade de rebatê-la com argumentos e fatos, ideias e inteligência". Ou seja, muitos trocam argumentos por “coices e relinchos”, título de seu excelente artigo sobre a reação de muitos esquerdistas às críticas de Ferreira Gullar ao “mito” Lula.

Foi-me impossível ler tais palavras e não pensar automaticamente na mensagem que havia recebido ontem de noite de um leitor crítico. As críticas são sempre bem-vindas, pois, como sabia o outro Nelson, o Rodrigues, “os admiradores corrompem”. O problema é quando o crítico não quer realmente debater, pois prefere se cercar de suas “certezas” obtidas não pelo raciocínio, mas pelas emoções.

E esse foi justamente o caso. O leitor inicia sua mensagem comparando meu currículo e minha idade com a sua experiência profissional. Nada mais patético do que começar fazendo um apelo à autoridade. Em seguida, ele liga uma metralhadora giratória de slogans e clichês esquerdistas, alegando que a Petrobras é um “orgulho nacional”, que eu devo ser um tucano, um “vendilhão da Pátria”, um lacaio do império americano, e devo receber dinheiro das multinacionais para defender a privatização da estatal.

Tudo isso entre um “prezado” e um “cordialmente”. Ou seja, ele pensa que educação está somente na forma, e não no conteúdo do que é dito. Deve ser influência da TV Senado, com aqueles xingamentos chulos entre um “vossa excelência” e outro.

Mas isso é o de menos. O mais triste mesmo é o sujeito demonstrar, na largada, que não quer debater de verdade, focando em argumentos. Infelizmente, essa é a regra por aqui: sobram coices e relinchos, e faltam bons argumentos! 
 
04 de janeiro de 2013
Rodrigo Constantino 

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