Se isso é democracia, se isso é atitude digna de um deputado, de um partido, parem o ônibus que eu quero descer.
Ridículo. Indecoroso. Intragável. Inadmissível. Indizível. É, se eu fosse dizer realmente o que eu acho dessa palhaçada, palhaçada não, teatro, que fica mais bonito, eu acho que não me publicariam. Enfim, vou tentar dizer, só que com palavras mais amenas.
Esse teatro de que, pressionados pela opinião pública, os deputados e senadores resolveram então abrir mão dos 14º e 15º salários que recebiam há mais de 65 anos, não me desce pela garganta.
Tá eles não vão mais receber, mas isso não acaba com os outros dois salários extras pagos um no começo do ano e outro no final do ano a título de ajuda de custo para compensar despesas com mudança e transporte para trabalhar em Brasília.
Quem eles querem enganar? Na verdade então havia um 16º e 17º salários "não declarados" como salário. Talvez como uma gorjeta? Um vale-transporte.
Os outros trabalhadores, que recebem um salário mínimo de merreca (leia-se isso mesmo que você pensou) e que seriam os mais necessitados, que eu saiba não ganham um salário extra para compensar os muitos transportes públicos precários que eles pegam para chegar ao trabalho. Claro que não. Eles ganham sim o vale-transporte, que é descontado no salário para ajudar o patrão. Isso tá na lei.
Então que a lei valha para todos. Ou será que os deputados e senadores não são pessoas comuns? O Sarney eu sei que não é, porque o Lula já falou isso.
Nos bastidores do "teatro" e da encenação, deputados reclamavam do fim desses salários, mas sem coragem de assumirem publicamente isso. Apenas o deputado Newton Cardozo (PMDB-MG), o coitado, disse com a cara mais lavada, que é errado isso, que estavam votando isso com medo da imprensa, que era uma deslealdade com os deputados que precisam desses valores e enfatizou que não falava isso pelo partido, mas por ele mesmo e pelos outros que não têm coragem.
Já o presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves, com a cara também lavada de vergonha, comemorou e parabenizou o Plenário, que com esse ato resgatava a altivez e a dignidade do Parlamento brasileiro. Não é lindo isso? Estou tão comovido que não consigo nem escrever mais nada. Vou logo ali chorar um pouco e já volto.
Agora o nome dele é Luiz Inácio "Abraham Lula" da Silva!
Num caso típico de perda de identidade, o ex-presidente Lula, ao discursar na festa de comemoração dos 30 anos da Central Única dos Trabalhadores (CUT), disse que ele é na verdade a encarnação do ex-presidente dos Estados Unidos, Abraham Lincoln. E continuou de salto alto dizendo que seus adversários políticos sentem inveja dele, se sentem incomodados com o sucesso que ele faz. E mais aquele típico blá, blá, blá de sempre.
Mas pensando numa frase do verdadeiro Abraham Lincoln, – "É melhor calar-se e deixar que as pessoas pensem que você é um idiota do que falar e acabar com a dúvida" – tive por um momento a dúvida se Lula é realmente quem diz ser.
Pois Lula fez exatamente isso: se calou diante do maior escândalo da história desse país. Na verdade ele não se calou calado, até porque disse várias vezes que não fez nada, não sabia de nada. Mas… Tenho que agora sair da minha zona de conforto e fazer algo inusitado, defender Lula. Vocês, por favor, façam "Ohhhhhhh".
Pensando como um psicólogo, não tem como uma pessoa conseguir não ter essas crises de identidade quando já foi comparada até com Deus. Eu entendo o Lula. Daqui a pouco ele vai querer virar santo, ser canonizado, ganhar Prêmio Nobel, entrar para o livro dos recordes, ganhar nome de rua, avenida. Vai querer tudo. E vai chegar uma hora em que ele não vai aguentar e o pior vai acontecer quando ele realmente descobrir o que ele é. Quem ele é.
E quem ele é? Bem ele é um ex-presidente com questões mal resolvidas, com complexo de rei na barriga, na cabeça, no corpo todo, mentiroso, fanfarrão, uma pessoa sem modéstia nenhuma, prepotente, articulador, muito esperto, e eu poderia continuar por mais várias páginas. Mas vou deixar você também ter o seu momento de reflexão.
Ato Falho!
Eu diria com toda a convicção que o PT também se envergonha do ano de 2005. Pois na exposição de fotos ilustrativas da trajetória do partido, eles simplesmente pularam o ano, que foi marcado pelo escândalo do mensalão. Eu ouvi dizer por aí que não foi bem assim, não foi um ato falho, foi culpa do estagiário que não levou as fotos para a gráfica fazer o painel.
Mas deputados do DEM, querendo ajudar a não deixar nenhuma lacuna na história, levaram um painel contando essa parte esquecida e aí…
E aí, o PT mostrou como eles são. Como eles pensam. O tempo fechou. Houve brigas, xingamentos e o Plenário brasileiro foi novamente palco de cenas vergonhosas, até com agressões físicas.
O deputado Devanir Ribeiro (PT-SP), além de dar um tapa no deputado Onyx Lorezonzi (DEM-RS), que discursava, arrancou o microfone dele e o chamou de canalha, canalha. Se isso é democracia, se isso é atitude digna de um deputado, de um partido, parem o ônibus que eu quero descer.
E claro, o PT se fará de vítima. Vai dizer que a oposição quer ofuscar a festa, quer tentar manchar o nome de um partido e toda a sua história. Mas nós sabemos que foram eles próprios, o próprio pessoal do PT que fez isso. Eles talvez só não saibam.
Salvem as baleias. Não joguem lixo no chão. Não fumem em ambiente fechado.
02 de março de 2013
Claudio Schamis
Política com Pimenta - Maquiagem com pimenta
Nenhum comentário:
Postar um comentário