"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 16 de abril de 2013

ELEIÇÕES NA VENEZUELA, DERROTA BOLIVARIANA E A "DEMOCRACIA" COMO ELES QUEREM


 
Não, eu não endoidei. A “vitória” de Maduro nas eleições venezuelanas, apesar de lhe garantir mais seis anos de mandato, não pode ser chamada exatamente de vitória.
O que as urnas venezuelanas revelaram é que todo o aparato utilizado por Hugo Chávez para se manter no poder durante tanto tempo, começa a dar sinais de que não suportará o duro baque da realidade.
 
A Venezuela de hoje é praticamente escrava econômica dos EUA. Quase tudo o que se come, se veste ou se produz no país vem de lá ou tem os EUA como destino majoritário.
A infraestrutura industrial, agrícola ou mesmo a de serviços está completamente destruída e os problemas oriundos disso impedem que o país consiga dar uma condição de vida minimamente digna a seu povo.
 
Ao mesmo tempo, a violência e a corrupção se tornaram um pesadelo de tal magnitude que o cidadão comum se vê esmagado entre a mão de ferro do Estado e a sanha violenta dos criminosos, cada vez mais vorazes. O governo bolivariano, até hoje, se mostrou completamente incapaz de controlar esses fatores e, em muitos casos, até os incentivou como forma de suprimir opiniões contrárias aos seus ideais ou tornar a vida de opositores ao regime um verdadeiro “inferno civil”.
 
Como em muitos países que aplicam o mesmo tipo de “socialismo”, a Venezuela de hoje obriga seu cidadão a tomar partido do governo para usufruir qualquer ajuda do Estado. Sem esse comprometimento, o cidadão é alijado de qualquer programa social, não tem qualquer oportunidade de obter vagas em empresas estatais e, muito menos, conseguir financiamentos governamentais.
 
Enquanto injeta bilhões para manter viva a ditadura cubana e várias republiquetas simpatizantes da América Central, o governo Venezuelano assiste impassível o seu próprio povo passar por enormes dificuldades sociais e econômicas e sua juventude perder completamente a perspectiva de uma vida melhor em um futuro próximo.
 
O que foi visto em todo esse episódio da “democracia bolivariana” (tão amada pelas esquerdas brasileiras) foi um festival de violações constitucionais, uso descarado da máquina estatal para obtenção de vantagem eleitoral e o completo afastamento do candidato da oposição das rádios, TVs e jornais controlados pelo governo.
 
O “banimento” de Capriles dos meios de comunicação controlados pelos bolivarianos chegou ao cúmulo de manterem-se em exibição discursos, passeatas, aparições e até mesmo movimentos banais de Maduro (só faltaram transmitir o cara usando o banheiro para confirmar que ele era “do povo”), enquanto Capriles sequer tinha o nome mencionado como candidato da oposição.
 
O medo de uma derrota “nominal” foi tão grande que a autoridade eleitoral venezuelana proclamou a vitória de Maduro antes mesmo do fim da apuração (tendo em vista a diferença pouco superior a 1% dos votos, lisura do processo exigiria a contagem completa dos votos ou, pelo menos, até que restasse uma quantidade de votos inferior a da diferença percentual entre os candidatos).
 
O que se tira de tudo isso é que o tal amor que o povo venezuelano sentia pelo seu amado regime e o sucesso atribuído ao governo de Hugo Chávez não passam da manifestação de uma mentira e do jeito todo especial que esses regimes socialistas populistas enxergam (ou será “enchergam”?) a democracia: Pura propaganda.
 
Afinal, se o povo vive bem, suas políticas são um completo sucesso, os pobres nunca foram tão bem tratados e valorizados, o país é um manancial de maravilhas e o uso onipresente da máquina estatal é feito para garantir a continuidade do sistema em vigor; como explicar tal divisão interna e tal derrota prática?
Pense nisso.
 
16 de abril de 2013
arthurius maximus

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