Desde 2010 eu vinha avisando que Lula e Dilma iriam se enfrentar. E ninguém
acreditou. Agora, os dois caminham para um duelo de titãs, e o caso de Rosemary
Novoa Noronha está sendo usado como arma estratégica nessa disputa que agita os
bastidores do poder.
O que está em jogo é a sucessão presidencial de 2014, que
já começou faz tempo, embora poucos estivessem percebendo, porque os políticos
(com as exceções de praxe) são dissimulados, ardilosos e cínicos.
Ao eleitorado, prometem dias melhores, mas quando chegam ao poder, só pensam em si próprios (e na próxima eleição, preferencialmente).
Desde que Dilma Rousseff tomou posse, tenho escrito aqui na Tribuna que o rompimento entre ela e o ex-presidente Lula é inevitável. Os dois – criador e criatura – podem fingir à vontade, podem sorrir juntos para o respeitável público, podem interpretar o papel que bem quiserem, mas a realidade é uma só: Dilma e Lula estão disputando o mesmo espaço. O PT só pode lançar um candidato, e a Física nos ensina que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço, ao mesmo tempo.
Lula diz que Dilma é candidata, mas já fez várias vezes a ressalva fatal, que tanto atormenta a atual locatária do Planalto-Alvorada. Afirma ele: “Se houver qualquer problema, o velhinho” estará pronto para entrar em campo”. Outro dia, nosso grande amigo Carlos Chagas chamou atenção para essa posição mais do que dúbia de Lula. Imaginem o que não passa pela cabeça de Dilma Rousseff.
DISPUTA HIPÓCRITA
No contexto dessa disputa hipócrita (que agita nos bastidores, enquanto em público os dois vivem na maior harmonia) Lula torce para que a economia fique travada, de forma a que em 2014 ele possa reinvindicar a candidatura, surgindo como salvador da pátria, e o PT prazerosamente o atenderá, podem ter certeza.
Ao mesmo tempo, Dilma tenta de tudo para retomar o crescimento econômico e torce para que a imagem de Lula se deteriore devido ao novo inquérito da Polícia Federal sobre o mensalão, em que o ex-presidente é o principal investigado, ao lado do ex-ministro Antonio Palocci, que perdeu o cargo, a honra e a reputação, mas continua influente no partido, que tem essa característica de conviver normalmente com a corrupção, sob o argumento de que os outros partidos também são corruptos, vejam a que ponto chegamos.
Aliás, não é por mera coincidência que se diz que a Operação Porto Seguro foi desfechada com a cumplicidade do Planalto (ou melhor, da ala dilmista do palácio, porque há a outra ala, a lulista, que não gostou nada da iniciativa da Polícia Federal, que trouxe à tona o romance do ex-presidente com sua chefe de gabinete, o poder transferido a ela e tudo o mais. Curiosamente, quando a operação foi desfechada, o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo estava curtindo uns dias de praia em Fortaleza…
Agora, o caso Rosemary volta às manchetes e ela ameaça falar, vejam só que situação delicada. A ala lulista do PT (praticamente todo o partido) está temerosa, é claro. A ala dilmista do governo (não existe ala dilmista no PT) está em festa.
O assunto é muito quente e logo iremos voltar a ele.
22 de abril de 2013
Carlos Newton
Ao eleitorado, prometem dias melhores, mas quando chegam ao poder, só pensam em si próprios (e na próxima eleição, preferencialmente).
Desde que Dilma Rousseff tomou posse, tenho escrito aqui na Tribuna que o rompimento entre ela e o ex-presidente Lula é inevitável. Os dois – criador e criatura – podem fingir à vontade, podem sorrir juntos para o respeitável público, podem interpretar o papel que bem quiserem, mas a realidade é uma só: Dilma e Lula estão disputando o mesmo espaço. O PT só pode lançar um candidato, e a Física nos ensina que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço, ao mesmo tempo.
Lula diz que Dilma é candidata, mas já fez várias vezes a ressalva fatal, que tanto atormenta a atual locatária do Planalto-Alvorada. Afirma ele: “Se houver qualquer problema, o velhinho” estará pronto para entrar em campo”. Outro dia, nosso grande amigo Carlos Chagas chamou atenção para essa posição mais do que dúbia de Lula. Imaginem o que não passa pela cabeça de Dilma Rousseff.
DISPUTA HIPÓCRITA
No contexto dessa disputa hipócrita (que agita nos bastidores, enquanto em público os dois vivem na maior harmonia) Lula torce para que a economia fique travada, de forma a que em 2014 ele possa reinvindicar a candidatura, surgindo como salvador da pátria, e o PT prazerosamente o atenderá, podem ter certeza.
Ao mesmo tempo, Dilma tenta de tudo para retomar o crescimento econômico e torce para que a imagem de Lula se deteriore devido ao novo inquérito da Polícia Federal sobre o mensalão, em que o ex-presidente é o principal investigado, ao lado do ex-ministro Antonio Palocci, que perdeu o cargo, a honra e a reputação, mas continua influente no partido, que tem essa característica de conviver normalmente com a corrupção, sob o argumento de que os outros partidos também são corruptos, vejam a que ponto chegamos.
Aliás, não é por mera coincidência que se diz que a Operação Porto Seguro foi desfechada com a cumplicidade do Planalto (ou melhor, da ala dilmista do palácio, porque há a outra ala, a lulista, que não gostou nada da iniciativa da Polícia Federal, que trouxe à tona o romance do ex-presidente com sua chefe de gabinete, o poder transferido a ela e tudo o mais. Curiosamente, quando a operação foi desfechada, o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo estava curtindo uns dias de praia em Fortaleza…
Agora, o caso Rosemary volta às manchetes e ela ameaça falar, vejam só que situação delicada. A ala lulista do PT (praticamente todo o partido) está temerosa, é claro. A ala dilmista do governo (não existe ala dilmista no PT) está em festa.
O assunto é muito quente e logo iremos voltar a ele.
22 de abril de 2013
Carlos Newton
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