Não convidem para a mesma mesa a presidente Dilma Rousseff e Eduardo Cunha (RJ), líder do PMDB na Câmara dos Deputados. Por ora e talvez para sempre, o mais prudente é não convidá-los sequer para o mesmo ambiente. Dilma está furiosa com o que disse Eduardo em entrevista publicada, hoje, pelo jornal Valor Econômico.
Apontado pelo governo como o responsável pelo fato de a Câmara não ter votado a Medida Provisória (MP) dos Portos, Eduardo disse ao jornal coisas do tipo:
* O Palácio do Planalto com a MP patrocinou "interesses econômicos de quatro grupos", dois em Santa Catarina, um em São Paulo e um na Bahia;
* A aliança PMDB-PT não implica na aceitação automática de tudo o que sai do Planalto, como se fosse uma Bíblia;
* O governo da presidente Dilma Rousseff é "avesso à política, tem um discurso da tecnocrata";
* Onde está escrito "que toda medida provisória que o governo mandar pra cá, o seu conteúdo eu tenho que concordar integralmente, senão a aliança [PT-PMDB] não vale?"
* [Este governo] "não debate. Não articula e depois quer impor o que o tecnocrata decide. Eu garanto que quem escreveu essa MP nunca viu um contêiner na vida";
* "Em nenhum ministério o PMDB tem poder";
* "[A participação do partido do vice-presidente nos programas de governo é zero]. Zero. Absolutamente zero. O PMDB se sente absolutamente subrepresentado dentro do governo. Mas não é por isso que estamos deixando nem vamos propor deixar a aliança";
* "O presidente Lula fazia reuniões com o conselho político, debatia as matérias antes. Nunca houve reunião de conselho político depois que assumi a liderança. No governo Dilma tem mais de ano que não tem";
* "É um governo [o da Dilma] avesso à política, tem um discurso da tecnocracia, porém a tecnocracia que predomina nem sempre é a que tem razão. Às vezes tem, às vezes não";
* "O problema é que a verdade absoluta não pode pertencer a uma tecnocracia que está instalada nos gabinetes. {Ela não pode] achar que tem que impor ao Congresso Nacional as suas vontades dessa maneira. Não pode virar dogma. Isso aqui é o Parlamento, tem que ser respeitado como tal."
Em quase dois anos e meio de governo nenhum político da situação ousou dizer do governo Dilma o que Eduardo disse sem piscar. A presidente se sentiu atingida em sua autoridade. E a atitude de Eduardo não ficará por isso mesmo.
Dilma aumentou a pressão sobre Michel Temer (PMDB-SP), o vice-presidente da República, e Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), presidente da Câmara, para que a MP dos Portos seja votada no início da próxima semana. Se não for ela caducará antes do meio da semana.
Virou uma questão de honra para a presidente derrotar o impertinente líder do PMDB. Ela não descansará enquanto não o fizer.
10 de maio de 2013
in ricardo noblat
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