"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 30 de junho de 2013

PLEBISCITO, MAIS UMA ARTIMANHA... EXEMPLOS PRÁTICOS DO QUE É O PLEBISCITO.

‘No plebiscito, eleitores não têm poder, apenas esperança de influenciar decisão’

Análise de Gustavo Romano, mestre em direito pela Universidade Harvard (EUA), na Folha de S.Paulo de ontem.
 
A ideia de um plebiscito pode parecer simples e soar como vitória, mas, das soluções possíveis, é a que traz mais incertezas e é a mais fácil de ser manipulada.
 
Ao contrário de um referendo, onde o eleitor vota em uma lei já pronta, no plebiscito ele vota em uma ideia.
O resultado da votação apenas estabelece diretrizes para a elaboração, posteriormente, de uma lei pelo Legislativo.
 
Além disso, enquanto o resultado do referendo sempre vincula, o do plebiscito é menos preciso.
O legislador, tendo ouvido as ruas, pode acabar legislando de uma maneira distinta.
 
Plebiscito é como comprar casa na planta: o eleitor vota na esperança de que o legislador legislará conforme instruído. Mas, depois de ter votado, perde o controle. Se a casa não for o que se esperava, paciência.
 
Referendo é como comprar a casa já pronta: é pegar ou largar. Mas, se largar, é preciso derrubar a casa e recomeçar do zero. Daí o diálogo ser crítico durante a elaboração do projeto.
 
Mas ainda que o legislador esteja politicamente comprometido a ouvir a voz das urnas, tal voz é facilmente manipulável no plebiscito.
 
Pense na seguinte pergunta: "Você é a favor do voto em lista fechada?"
Se a maioria vota pelo "não", o legislador continua sem saber o que o eleitor quer. Sabe apenas o que o eleitor não quer.
 
Desde que não legisle pela lista fechada, terá respeitado a vontade do eleitor.
 
Ou pense nessa variação: "Você prefere o voto em lista fechada ou distrital?"
Aqui o eleitor tem uma opção a mais, mas a pergunta deixa de fora as outras possibilidades. A opção pelo voto distrital não significa que ele é o preferido do eleitor, mas apenas que a outra opção apresentada é ainda pior.
 
O eleitor estará votando não necessariamente naquilo que quer, mas contra aquilo que não quer.
 
Em um plebiscito, o verdadeiro poder não reside no eleitor, mas em quem formula a pergunta.
Mesmo que lhe sejam apresentadas todas as opções possíveis (o que é improvável), o eleitor ainda não sabe exatamente no que está votando já que não sabe como o legislador interpretará o resultado.
 
30 de junho de 2013

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