Destacam-se ainda os sucessivos resultados positivos da balança comercial brasileira, ano após ano, muito em função da forte contribuição da exportação de minérios. Segundos dados do Ministério de Minas e Energia – MME, em 2010 o setor mineral obteve faturamento de US$ 157 bilhões, gerando divisas de US$ 51 bilhões, representando 25% das exportações brasileiras. Em 2010, as exportações de minério de ferro somaram US$ 29 bilhões, dos quais cerca de US$ 12,2 bilhões somente para a China.
Em face disto, a demanda por serviços relacionados à cadeia mineral avançou consideravelmente, proporcionando a criação de um círculo virtuoso com dinâmica própria e jamais presenciada pelo setor de mineração no país.
Este círculo permaneceu vigoroso até final de 2011 quando, sem qualquer amparo na legislação, o Ministério das Minas e Energia suspendeu de forma discricionária a outorga de autorizações de pesquisa e concessões de lavra para minerais metálicos (ouro, cobre, chumbo, zinco, ferro, etc). Atualmente, cerca de trinta (30) mil requerimentos estão pendentes nas superintendências regionais do DNPM. Em números percentuais isto significa quase 60% dos processos minerários ativos para commodities metálicas, que somam cerca de 50 mil títulos minerais na base de dados do DNPM. Segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), esta interferência do MME cancelou investimentos em mineração na ordem de R$ 22 bilhões.
MARCO REGULATÓRIO
O governo federal justificou à imprensa e empresas do setor que esta suspensão é necessária até que o Congresso Nacional aprove o novo projeto de lei (Marco Regulatório da Mineração). Projeto este, encaminhado apenas em junho de 2013, após quase dois anos de suspensão das concessões e outorgas. Uma onda de demissões e o forte retrocesso da exploração mineral em todo o país já são resultados, em parte, desta medida.
Outro indicativo do impacto desta decisão, apesar do recuo no preço das commodities, são os indicadores de crescimento da economia do Brasil (PIB) para o 1º trimestre de 2013, recentemente divulgado.
Acontece que o desempenho relativo dos principais setores da economia brasileira em 2013, evidenciado por forte declínio do setor mineral com reflexos nas exportações e consequentemente na Balança Comercial do país.
A necessidade de reformulação do código mineral brasileiro sempre foi consenso entre governo e setor mineral. Contudo, estas mudanças deveriam diminuir a discricionariedade do corpo burocrático do Estado e primar pela efetividade, transparência, competitividade e descentralização do setor. A falta de transparência do governo federal durante a elaboração do MRM impossibilitou a participação da sociedade brasileira.
Apenas após o envio da proposta do novo marco da mineração (PL 5807/2013) ao Congresso Nacional, em junho de 2013, tornaram-se públicas as propostas do governo. Nos últimos dois anos por diversas vezes os responsáveis pelo MRM cancelaram a presença ou recusaram convites para palestras e debates acerca do tema.
O teor das 372 emendas parlamentares ao PL 5807/13 refletem a falta de consenso e apontam grande divergência entre as proposta do novo marco e as reais necessidades do setor mineral.
27 de julho de 2013
(artigo enviado pelo geólogo Ricardo Sales)
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