Nesse cenário, a questão crucial refere-se à indagação quanto ao comportamento do País no segundo semestre. O que podemos esperar? Sem dúvida, a inflação será um importante elemento balizador do apetite por negócios nos seis meses finais deste ano.
O Brasil conquistou, nos últimos anos, uma estabilidade monetária reconhecida mundialmente e que, somada ao processo de inclusão socioeconômica e ao sucesso no enfrentamento, a partir de 2008, da maior crise histórica do capitalismo, atraiu vultosos investimentos e empresas. Portanto, é fundamental manter a inflação dentro das metas, mitigando o temor entre os agentes do mercado.
Nessa época de certa instabilidade, que deverá ser superada pelos fundamentos econômicos ainda consistentes, como a reserva cambial em torno de U$ 400 bilhões, desemprego próximo a zero e consumo aquecido, é fundamental que as empresas mantenham-se organizadas e competitivas, estando preparadas para enfrentar desafios e complexidades e também para aproveitar as oportunidades. Nesse sentido, é importante contar com uma gestão tributária adequada.
No campo da administração, os gestores terão de ficar atentos a relevantes novidades que devem consolidar-se no breve futuro, como a adoção das novas regras de Basileia III para o setor financeiro; a efetivação da adoção das IPSAS (International Public Sector Accounting Standards, ou Normas Internacionais de Contabilidade Aplicada ao Setor Público); e as mudanças sugeridas pelo projeto europeu Solvência II (e que terão impactos no Brasil).
A convergência das normas brasileiras de contabilidade às IFRS segue evoluindo e se adequando às exigências e necessidades, tanto locais, quanto setoriais, não somente em razão das mudanças apuradas no âmbito das próprias IFRS e das normas tropicalizadas emitidas pelo CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) brasileiro, mas, também, pela tendência de uma aplicação mais ampla do novo padrão pelas empresas que buscam destacar suas práticas de transparência e de governança.
Assim, além das companhias de capital aberto e grandes corporações, que por lei já têm de adotar o novo padrão contábil, organizações de menor porte têm adotado as normas internacionais, com o propósito de serem mais transparentes e ter acesso a recursos mais baratos nos mercados. Percebemos, dessa forma, que as empresas e instituições brasileiras vêm se fortalecendo e valorizando padrões de gestão comparáveis aos das economias mais maduras.
Por outro lado, a taxa de desemprego ainda é bem baixa. Sabemos que o Brasil, apesar da crise internacional, tem mantido a oferta de trabalho em níveis recordes, vivendo praticamente um período de pleno emprego. Esse positivo indicador é sinônimo de maior consumo, porém, os custos de produção e da prestação de serviços acabam sendo inflacionados devido às pressões naturais emanadas do aumento da massa salarial. Isso, sem contar os megaeventos esportivos que estão batendo à nossa porta.
Ao final da Copa das Confederações, encerrada em 30 de junho, teremos, em breve, um indicativo inicial de como essas competições irão influenciar o mercado brasileiro, principalmente nas áreas do turismo e varejo. Além destes, o setor de infraestrutura continuará recebendo investimentos.
Em meio a tudo isso, a tendência é a de que, apesar da turbulência atual, o mercado brasileiro passe ser olhado com maior cuidado pelos investidores. Torna-se, enfim, cada vez mais importante focar nos investimentos que visam aumentar a eficiência dos profissionais e da infraestrutura do País.
Temos de tomar como princípio para encerrar o ano de 2013 com um saldo positivo, a garantia de estímulos na ampliação da formação de profissionais e da progressão do aprendizado, mantendo-os atualizados e preparados para os desafios e oportunidades.
Gestões empresariais modernas e confiáveis aos olhos do mercado, dos órgãos reguladores e da sociedade são essenciais para garantir o sucesso dos negócios.
Pedro Melo é presidente da KPMG no Brasil.
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