"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 27 de julho de 2013

MERCADANTE PROCUROU TEMER PARA TENTAR DERRUBAR MANTEGA

O ministro da Educação foi ao vice-presidente da República para propor um plano insólito: convencer Dilma Rousseff a demitir o ministro da Fazenda
 

Em encontro com o vice-presidente Michel Temer, Mercadante (à dir.) propôs plano para forçar a demissão do colega de partido e ministério Guido Mantega (à esq.)
Em encontro com o vice-presidente Michel Temer, Mercadante (à dir.) propôs plano para forçar a demissão do colega de partido e ministério Guido Mantega (à esq.) (Mauricio Camargo/Folhapress e Jorge William Ag. Globo)
 
A meteórica queda de popularidade dos governantes não foi a única consequência imediata dos protestos que tomaram as ruas do país há pouco mais de um mês. Eles também desestabilizaram governos e alianças políticas que se mantinham unidos diante da perspectiva -- cada vez mais incerta -- de vitória nas eleições de 2014. Na semana passada, um graduado auxiliar da presidente Dilma Rousseff fez o seguinte diagnóstico: “O clima no governo nunca esteve tão ruim.
 
É um clima de barata voa, muito fogo amigo, ministro atacando ministro, uma situação caótica. Está todo mundo brigando com todo mundo, falando mal de todo mundo”.
 
O melhor exemplo dessa atmosfera de desentendimento ocorreu na quinta-feira 18, numa reunião entre o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), e o ministro da Educação, Aloizio Mercadante (PT). Era para ser uma agenda de rotina, mas a conversa trilhou o caminho de uma insólita conspiração que teve como alvo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já devidamente acossado por políticos, empresários e sindicatos devido ao desempenho pífio da economia brasileira.
 
Com a autoridade de quem desfila pelos gabinetes de Brasília como uma espécie de primeiro-ministro informal de Dilma, e de quem foi conselheiro econômico do ex-presidente Lula, Mercadante propôs o plano para forçar a demissão de Mantega.
 
A estratégia teria de ser posta em prática logo, para que as mudanças ocorressem em setembro. O alvo e o argumento do petista foram escolhidos a dedo. O péssimo desempenho da economia é uma das explicações para a queda vertiginosa de popularidade de Dilma. Nesse contexto, mudar o comando da equipe econômica seria fundamental para que a aliança PT-PMDB tenha chance de vencer a próxima sucessão presidencial.

27 de julho de 2013
Robson Bonin - Veja

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