Pesquisa de instituto americano mostra pior índice de satisfação no Brasil desde 2005
- Pedro Ladeira/FolhapressA ideia de que as coisas pioraram no Brasil vem se acentuando desde a eleição de Dilma
No meio das dezenas de análises publicadas pela mídia brasileira e estrangeira sobre as manifestações que sacudiram o país, passou meio despercebida no Brasil uma sondagem publicada em Washington pelo instituto Gallup no dia 26 de junho.
O estudo reúne as sondagens regulares que o instituto de pesquisas americano faz regularmente no Brasil e em dezenas de países. A comparação cobre os anos 2005-2012, sendo que as última etapa da pesquisa ocorreu entre dezembro de 2012 e janeiro de 2013.
As entrevistas concernem uma amostragem nacional de 1000 pessoas maiores de 15 anos de idade.
O movimento geral das curvas de opiniões mostra que os diversos índices de satisfação vêm caindo desde dezembro de 2011 e que alguns deles tiveram uma forte queda em dezembro de 2012.
Assim, a satisfação com o sistema escolar caiu de 57% em 2010 para 55% em 2011 e 48% em 2012.
Da mesma forma, a satisfação com a saúde pública declinou de 41% em 2010 para 36% em 2011 e 25% em 2012.
As opiniões favoráveis aos transportes públicos caíram de 56% em 2010 para 50% em 2011 e 48% em 2012.
A aprovação das lideranças políticas caiu de 68% em 2010 para 47% em 2012. Ao mesmo tempo a percepção de que a corrupção aumentou no governo subiu de 61% em 2010 para 63% em 2011 e 70% em 2012.
Enfim, a sensação de segurança nas cidades declinou de 48% em 2011 para 36% em 2012.
Na América do Sul, somente a Venezuela apresenta um índice de insegurança maior do que no Brasil : apenas 26% dos venezuelanos se sentem seguros nas ruas de suas cidades.
No final das contas, desenha-se uma conclusão bastante impressionante : em todos os itens citados as opiniões evoluíram para chegar em dezembro de 2012 na sua pior marca desde 2005. De uma maneira geral, a ideia de que as coisas pioraram no Brasil vem se acentuando desde a eleição da presidente Dilma Rousseff, embora outros índices, como a taxa de emprego (não estudados na pesquisa da Gallup), apareçam sob uma luz mais favorável.
É sempre fácil falar depois que as coisas aconteceram. No entanto, uma leitura atenta da evolução desses índices dos últimos sete anos demonstra que, desde de o começo de 2013, havia sinais claros da insatisfação popular no Brasil.
08 de julho de 2013
Luiz Felipe de Alencastro, cientista político e historiador, professor titular da Universidade de Paris-Sorbonne, na França, e professor convidado na FGV-Escola de Economia de São Paulo.
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