"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 15 de agosto de 2013

INGRESSO DE FUTEBOL NO BRASIL, PROPORCIONALMENTE, É O MAIS CARO DO MUNDO


O país do futebol é também o país do ingresso per capita mais caro do mundo. Em dez anos, os bilhetes para assistir à paixão nacional subiram assustadores 489%, quase sete vezes mais que a inflação acumulada no mesmo período.
 
Em meio à construção de novas arenas para a Copa do Mundo de 2014, a elitização do futebol parece um caminho sem volta.

Levantamento da Pluri Consultoria, atualizado recentemente, mostra que a média do ingresso mais barato vendido hoje no país é de R$ 56. Com os R$ 22.402 de renda per capita anual brasileira, o mais fanático torcedor compraria apenas 400 entradas.
Comparativamente, os espanhóis, com renda per capita duas vezes maior (R$ 52.602) e ingressos até mais salgados – R$ 71,62, elevados pela dupla Barcelona e Real Madrid – seriam capazes de adquirir 734 bilhetes.

Salário mínimo, cesta básica, gasolina, nada subiu mais do que o ingresso brasileiro. “Com a diminuição do tamanho dos estádios, aumentar o preço seria algo lógico. Mas está se vendo que não é isso. Não é questão de paixão. É de aritmética, de renda, de consumidor, de opção de entretenimento.

E isso não é uma demanda ocasional, uma fase excepcional, um show do Paul McCartney”, critica o economista e diretor da Pluri Consultoria, Fernando Ferreira.

No caso de partidas decisivas, a elevação dos preços manteve a mesma tendência. Em 2009, o Cruzeiro decidiu a Libertadores no Mineirão com o ingresso médio a R$ 42,65. Quatro anos depois, o Atlético chegou à decisão e cobrou entradas que deram média de R$ 250,65, quase seis vezes mais (487%).

MENOS TORCIDA

A Consultoria BDO comparou os antigos estádios e as novas arenas nas primeiras nove rodadas do Brasileiro. Nos novíssimos campos de futebol, a média de público foi de 28.879, enquanto nos antigos palcos, a média não passou de 9.550. Nos novos estádios, o ingresso custa em média R$ 55,42. Nos velhos, R$ 25,20.

“Comparando com a renda, o ingresso é caro. Já fui aos estádios e vi que os serviços oferecidos não acompanham o preço cobrado, mas a tendência é melhorar. A curiosidade por conhecer as novas arenas contribui para isso”, analisa Pedro Daniel, consultor de esportes da BDO.

E os efeitos já aparecem. Depois de um ingresso com valor médio de R$ 110 para Santos e Flamengo – o último jogo de Neymar no Brasil –, os preços das entradas no estádio Mané Garrincha, em Brasília, caíram pela metade. No entanto, com jogos nem tão empolgantes como Flamengo e Portuguesa, na última quarta-feira, apenas 12.511 pessoas foram ao campo.

A pesquisa da Pluri mostra que a taxa de ocupação dos estádios no Brasil é de 38,4%, deixando o país no 31º lugar do ranking mundial. “Na verdade, a média de ocupação dos estádios brasileiros é de 14%. Ela só sobe para 38% no Brasileiro”, reavalia Ferreira.
 

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