"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 11 de novembro de 2011

PAGOU, LEVOU, DANÇOU.

Agora é o ministro do Trabalho, Carlos Luppi - aquele que, se cair e os jornais não noticiarem, ninguém vai notar. E por que ele está lá?

Pelo mesmo motivo que, de repente, o PCdoB virou um celeiro de especialistas em Esporte. Aquele pessoal que lia Mao Tsé-tung, citava o dirigente albanês Enver Hoxha e achava que o esporte era uma perda de tempo agora só pensa em bola rolando.
Pelo mesmo motivo, também, que temos um Ministério da Pesca, ocupado por gente que não sabe a diferença entre uma minhoca e um barco.

Na raiz de tudo há uma distorção: boa parte dos políticos desistiu de fazer política. Hoje, seu ramo é a venda de apoio (que pessoas mais objetivas do que este colunista chamariam de chantagem): ou o Governo paga em cargos ou, quando precisar de algo no Congresso, terá de suar sangue e fazer jorrar benesses.

Agora, por exemplo, o Governo precisa renovar a DRU, Desvinculação das Receitas da União, sem a qual o orçamento não fecha. Por isso tem de tratar o PCdoB com toda a delicadeza, por isso tem de cuidar do PDT de Carlos Luppi com carinho, tem de criar ministérios que só servem para dar emprego e recursos a partidos.

Pois há outras ameaças no ar para o equilíbrio orçamentário: a PEC 300, que unifica em todo o país o salário dos policiais (o que é justíssimo, mas que não tem verba prevista); outro Projeto de Emenda Constitucional, a PEC 29, que destina uma porcentagem fixa do orçamento para saúde. O Governo tem de pagar.

Quando a imprensa pega, o alvo dança. Mas, até lá, leva o que lhe é pago.

Coluna Carlos Brickmann

(*) Coluna exclusiva para a Edição dos jornais de Quarta-feira, 9 de novembro de 2011

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