"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

WIKILEAKS PUBLICA MILHÕES DE E-MAILS DA STRATFOR

Empresa de inteligência e análise estratégica condena vazamento de dados

Fundador do WikiLeaks, Julian Assange, fala a jornalistas sobre vazamento (Finbarr O'Reilly / Reuters)

A rede WikiLeaks, que abalou a diplomacia mundial em 2010, anunciou nesta segunda-feira que começou a publicar mais de cinco milhões de emails confidenciais da Stratfor, empresa americana privada de inteligência e análise estratégica. As mensagens eletrônicas, datadas entre julho de 2004 e dezembro de 2011, revelaram o uso de "redes de informantes, estruturas de suborno, técnicas de lavagem de dinheiro e o emprego de métodos de cunho psicológico", afirma um comunicado do WikiLeaks.

"Os documentos mostram como trabalha uma empresa privada de informação e como bloqueia os indivíduos para seus clientes privados e governamentais", acrescenta o comunicado. O WikiLeaks afirma ter provas da existência de vínculos confidenciais entre a Stratfor e firmas como a Indienne Bhopal's Dow Chemical Co. e a Lockheed Martin, assim como organizações governamentais, entre elas o Departamento de Estado, o de Segurança Interior (Homeland Security), o Corpo de Fuzileiros Navais e o órgão de informação para Defesa.

O WikiLeaks, em seu comunicado, promete também que essa nova publicação vai provar a intenção da Stratfor de "subverter" a web e vai mostrar como os americanos tentaram "atacar" Julian Assange, fundador do site. A Stratfor, fundada em 1996 por George Friedman, define-se como "provedora de um serviço de análise geopolítica por assinatura".

Segundo a página da companhia texana, "ao contrário dos canais tradicionais de notícia, a Stratfor utiliza os serviços de inteligência para coletar informações graças a um rigoroso software de escutas e uma rede global de fontes humanas". A empresa privada promete a seus assinantes "conhecimento profundo dos assuntos internacionais, que abrange o que acontece, por que acontece e o que ainda vai acontecer".

De acordo com o WikiLeaks, a dimensão dessas mensagens só será entendida em algumas semanas, quando os meios de comunicação associados e o público examinarem as mensagens. Entre esses associados estão a revista Rolling Stone, o italiano La Repubblica e o site francês owni.fr.

Acusações - O WikiLeaks também afirma ter a prova de que a Stratfor deu assinatura ao general paquistanês Hamid Gul, ex-chefe dos serviços secretos do país, que segundo documentos diplomáticos dos Estados Unidos, preparava um ataque com uma bomba artesanal contra membros das forças internacionais no Afeganistão em 2006.

O grupo WikiLeaks diz ainda que tem evidências de que a Stratfor escutou a movimentação online de ativistas que buscavam reparações para a catástrofe de Bhopal (Índia). Esse acidente, o pior da história da indústria mundial, deixou milhares de mortos depois de uma nuvem de gás tóxico escapar da fábrica de pesticidas do grupo Dow Chemical/Union Carbide.

Manning - O jovem soldado americano Bradley Manning, suspeito de ser a "toupeira" do portal, foi acusado formalmente na sexta-feira por um tribunal por "conspiração com o inimigo". Bradley Manning é acusado de ter vazado para o WikiLeaks, entre novembro de 2009 e maio de 2010, documentos militares dos Estados Unidos sobre as guerras no Iraque e no Afeganistão, assim como 260 mil comunicados diplomáticos do Departamento de Estado, desencadeando uma tempestade nas chancelarias de todo o mundo.

Em comunicado, a Stratfor condenou o que chamou de "deplorável, lamentável e ilegal violação de privacidade". A companhia ainda lembra um ataque hacker que sofreu em dezembro e assegurou que não se trata de um mesmo incidente e que os dados de seus assinantes permanecem seguros.

Assange - O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, atualmente está na Grã-Bretanha e tenta evitar uma extradição para a Suécia, país que quer interrogá-lo por quatro supostos crimes sexuais, incluindo um estupro. O WikiLeaks teme que, caso Assange seja extraditado para a Suécia, Estocolmo o envie aos Estados Unidos. Washington espera impacientemente pela oportunidade de por as mãos em cima do fundador da ciberempresa, que difundiu centenas de milhares de documentos diplomáticos americanos.

28 de fevereiro de 2012
(Com agência France-Presse)

Nenhum comentário:

Postar um comentário