700 PESSOAS NA PASSEATA CONTRA A CORRUPÇÃO EM SÃO PAULO
NOTA AO PÉ DA CHARGE
É inconteste o que expressa a charge do Alpino. Inconteste e lamentável que uma passeata que desafia a continuidade da corrupção no país, apenas setecentas pessoas - um cálculo aproximado, mas vergonhoso - manifestem o constrangimento de assistir ao espetáculo do desatino político que invadiu o país.
Setecentas pessoas! Numa cidade como São Paulo, que os comentaristas políticos anunciam como o último reduto da oposição (?), demonstre uma pobreza tão grande de consciência!
Uma minoria do movimento radical gay dá um espetáculo, uma expressiva demonstração de força, e pressiona para que os seus direitos e outras vantagens sejam impostas a uma maioria imbecilizada, que a tudo assiste passivamente, debilitada moralmente para impor também limites às exigências e pressões manifestadas numa passeata que reúne quatro milhões ou mais de pessoas.
Miseravelmente contadas, apenas setecentas pessoas! Uma vergonha talvez maior do que a vergonha e a desfaçatez da iniquidade que invadiu o país. Absoluta falta de consciência cívica! Absoluto desprezo com as gerações futuras, que receberão uma país sabe-se lá em que condições...
Pergunto-me seguidamente: o que pode tão fraca gente contra a lavagem cerebral que se operou no país, transformando essa silenciosa maioria, num rebanho obediente apenas aos seus interesses?
Não pode um país formar-se apenas de multidão, porque se assim for, seremos apenas bando, ou como escreveu o poeta Affonso Romano de Sant'Anna, em seu poema QUE PAÍS É ESTE?
"Uma coisa é um país,
outra um ajuntamento.
(...)
Uma coisa é um país,
ourtra um fingimento."
E eu acrescentaria que um país não pode ser apenas um acampamento. Não pode ser apenas 'provisório' para o meu proveito. Um país tem que pulsar em sua gente! Não dá para ser apenas multidão... E a passeata me desmente, provando que um país pode ser apenas o reflexo de sua gente...
E percebo que aí mora a diferença. Louvamos a ordem, a ética, a decência dos outros países, mas não atinamos que essas virtudes decorrem de sua gente. O país é a terra sobre a qual edificamos a nossa imagem, a nossa cultura em sentido estrito dos costumes que formam a civilização.
Há uma cena em Rabelais, em que o líder de um rebanho de ovelhas corre desabridamente em direção ao precipicio, seguido cegamente pela manada.
Sabemos que multidões aniquilam a individualidade. Não há indivíduo na massa. Apenas massa, que se move em qualquer direção que lhe pareça, inconscientemente, a melhor opção porque é o caminho mais largo, mais confortável.
Humberto de Campos narra também, um episódio em uma de suas crônicas, muito ilustrativo do comportamento de massa.
Revolução Constitucionalista de 1932. A vitrine de uma papelaria expõe o mapa do Brasil, com destaque para o Estado de São Paulo. Pára uma pessoa, e fica atentamente olhando o mapa. Assim, outras também param, enquanto o primeiro já se tinha ido. E vai se formando pequena multidão. Repetinamente, alguém joga uma pedra na vitrine, gritando palavras de ordem contra o que seria uma manifestação do dono da papelaria em prol da Revolução Constitucionalista. E a multidão, que se marca pela impulsividade e inconsciência, enfurecida, invade a papelaria, destruindo tudo que estava a sua frente. Assim é a multidão.
m.americo
http://www.youtube.com/watch?v=KBwHS6v1FNI&feature=player_detailpage
NOTA AO PÉ DA CHARGE
É inconteste o que expressa a charge do Alpino. Inconteste e lamentável que uma passeata que desafia a continuidade da corrupção no país, apenas setecentas pessoas - um cálculo aproximado, mas vergonhoso - manifestem o constrangimento de assistir ao espetáculo do desatino político que invadiu o país.
Setecentas pessoas! Numa cidade como São Paulo, que os comentaristas políticos anunciam como o último reduto da oposição (?), demonstre uma pobreza tão grande de consciência!
Uma minoria do movimento radical gay dá um espetáculo, uma expressiva demonstração de força, e pressiona para que os seus direitos e outras vantagens sejam impostas a uma maioria imbecilizada, que a tudo assiste passivamente, debilitada moralmente para impor também limites às exigências e pressões manifestadas numa passeata que reúne quatro milhões ou mais de pessoas.
Miseravelmente contadas, apenas setecentas pessoas! Uma vergonha talvez maior do que a vergonha e a desfaçatez da iniquidade que invadiu o país. Absoluta falta de consciência cívica! Absoluto desprezo com as gerações futuras, que receberão uma país sabe-se lá em que condições...
Pergunto-me seguidamente: o que pode tão fraca gente contra a lavagem cerebral que se operou no país, transformando essa silenciosa maioria, num rebanho obediente apenas aos seus interesses?
Não pode um país formar-se apenas de multidão, porque se assim for, seremos apenas bando, ou como escreveu o poeta Affonso Romano de Sant'Anna, em seu poema QUE PAÍS É ESTE?
"Uma coisa é um país,
outra um ajuntamento.
(...)
Uma coisa é um país,
ourtra um fingimento."
E eu acrescentaria que um país não pode ser apenas um acampamento. Não pode ser apenas 'provisório' para o meu proveito. Um país tem que pulsar em sua gente! Não dá para ser apenas multidão... E a passeata me desmente, provando que um país pode ser apenas o reflexo de sua gente...
E percebo que aí mora a diferença. Louvamos a ordem, a ética, a decência dos outros países, mas não atinamos que essas virtudes decorrem de sua gente. O país é a terra sobre a qual edificamos a nossa imagem, a nossa cultura em sentido estrito dos costumes que formam a civilização.
Há uma cena em Rabelais, em que o líder de um rebanho de ovelhas corre desabridamente em direção ao precipicio, seguido cegamente pela manada.
Sabemos que multidões aniquilam a individualidade. Não há indivíduo na massa. Apenas massa, que se move em qualquer direção que lhe pareça, inconscientemente, a melhor opção porque é o caminho mais largo, mais confortável.
Humberto de Campos narra também, um episódio em uma de suas crônicas, muito ilustrativo do comportamento de massa.
Revolução Constitucionalista de 1932. A vitrine de uma papelaria expõe o mapa do Brasil, com destaque para o Estado de São Paulo. Pára uma pessoa, e fica atentamente olhando o mapa. Assim, outras também param, enquanto o primeiro já se tinha ido. E vai se formando pequena multidão. Repetinamente, alguém joga uma pedra na vitrine, gritando palavras de ordem contra o que seria uma manifestação do dono da papelaria em prol da Revolução Constitucionalista. E a multidão, que se marca pela impulsividade e inconsciência, enfurecida, invade a papelaria, destruindo tudo que estava a sua frente. Assim é a multidão.
m.americo
http://www.youtube.com/watch?v=KBwHS6v1FNI&feature=player_detailpage
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