"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 15 de abril de 2012

ENTREMENTES... NO PALÁCIO PATOGÊNICO DO GOVERNO...

Neste fim de semana, em São Bernardo, no seu primeiro palanque público depois de ser liberado pelo médico Roberto Kalil Filho, Lula falou, tossiu, bebeu água, chorou e disse que deve voltar em "15 ou 20 dias". Mas não falou, digamos, de maneira "categórica".

Na mesma data, um pouco mais à noitinha, Zé Sarney baixou ao Sírio- Libanês e o mesmo Roberto Kalil Filho que, depois de Zé Alencar, já teve nas mãos assépticas a primeira-presidenta Dilma, coordenou a instalação de um stent no coração do presidente do Senado.

Quer dizer, o Sírio-Libanês é o palácio patogênico do governo e Kalil Filho o presidente-executivo de plantão na República dos Calamares.

Michel Temer, como tem acontecido em trocas de ministros e com tudo mais que acontece nas esferas do poder, ainda não foi avisado.

Em compensação, continua com aquelas feições imperscrutáveis que o irônico ACM identificava como as de um mordomo de filme de vampiro e tão inescrutáveis quanto fazem bem à concepção que o papa do PMDB construiu para o seu posto de vice-presidente mais enfeitado da história da nação.

Ao fim e ao cabo, de mais este final de semana, conclui-se que Lula não é mais feliz que Sarney que não é mais feliz que Dilma que tanto faz como tanto fez para Michel Temer que não tem nada a ver com isso. Ele apenas cumpre plantão, pronto como Kalil, para qualquer eventualidade.

RODAPÉ - "Imperscrutáveis" e "inescrutáveis" só têm uso e razões desculpáveis em notícias de domingo. Mesmo tirando o ritmo do texto, são boas para fazer rima. Gil e Caetano até já pensam em compor alguma coisa juntando as duas num verso só. Ou, quem sabe até, um deles ocupar um cargo público por causa disso e daquilo. Sabe cumé, né meu rei?... Como diria Michel Temer: - Um plantão de fim de semana a gente nunca sabe como termina. (Ops!... Isso ele falou de "uma CPI"- por acaso, a do Cachoeira).

15 de abril de 2012
sanatório da notícia

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