Considerado uma vítima da ditadura militar, o neto do ex-presidente João Goulart, o advogado Christopher Belchior Goulart, 35 anos, recebeu no início da noite desta sexta-feira, na Capital, um pedido formal de desculpas do Estado brasileiro e uma indenização no valor de R$ 18,7 mil (30 salários mínimos).
A decisão partiu da Comissão da Anistia, formada pelo Ministério da Justiça, e foi unânime. Outros seis perseguidos políticos ligados ao Rio Grande do Sul tiveram processos julgados.
Nascido em 1976 em Londres, na Inglaterra, Christopher entrou na Justiça em busca de reparação por entender que sua vida foi diretamente afetada pelas pressões vividas por seus familiares a partir do momento em que seu avô foi deposto e seguiu para o exílio.
Foto: Mauro Vieira / Agencia RB |
— Sei que algumas pessoas podem questionar por que um jovem de 35 anos busca esse tipo de reparação. Mas eu estou tranquilo quanto a isso. Só eu sei o quanto minha família foi prejudicada — disse Christopher.
Em seu voto, o relator José Carlos Moreira da Silva Júnior reconheceu que os prejuízos ultrapassaram gerações.
— Não restam dúvidas de que Christopher foi atingido de forma direta. Ele foi privado de ter nascido em território nacional e de aqui contar com o aconchego de sua família. É um filho do exílio — afirmou Silva Júnior.
De mesma opinião, o presidente da comissão, Paulo Abrão, fez questão de explicar a decisão, no auditório lotado do prédio 11 da PUCRS. Conforme Abrão, o resultado não foi motivado pelo parentesco de Christopher.
— Não se trata de anistiá-lo por ser neto de Jango. Mas por ter sido uma pessoa atingida por atos de exceção, como foram tantas outras.
Durante o julgamento, Christopher falou por 10 minutos. Em seu discurso, agradeceu a posição adotada pela comissão.
— Meu país reconhece que errou. Aceito o reconhecimento e só tenho a agradecer - afirmou o advogado, emocionado.
Além de Christopher, foram anistiados e receberam reparação financeira outras seis pessoas, entre elas o engenheiro naturalizado Peter Ho Peng, preso entre 1971 e 1973 por envolvimento com o movimento estudantil. À época, ele teve os documentos recolhidos e perdeu a cidadania. Hoje, recebeu novamente o direito de ser brasileiro, e foi aplaudido de pé.
Confira quem foram os sete perseguidos políticos anistiados nesta sexta:
Christopher Goulart
Neto do ex-presidente João Goulart, Christopher nasceu em Londres, na Inglaterra, em 1976, enquanto sua família estava no exílio. Aos 35 anos, é advogado e ativista na área dos direitos humanos e segue lutando para que sejam esclarecidas as circunstâncias da morte de seu avô.
Sandra Iglesias Macedo
Gaúcha, foi casada com o jornalista já falecido Celso Afonso Gay de Castro, a quem acompanhou no exílio em 1971, passando por países como Chile, Argentina e França. Retornou ao Brasil após a Lei da Anistia, em 1979. Também foi militante na luta contra a ditadura.
Diógenes Sobrosa de Souza (já falecido)
Representado pela viúva, Lia de Souza, no julgamento que resultou em sua anistia, Souza foi soldado da Brigada Militar em Três Passos entre 1966 e 1967. Foi forçado a deixar a corporação por lutar contra a ditadura. Tornou-se membro da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Permaneceu preso entre 1970 e 1979, quando sofreu tortura. Cometeu suicídio em 1999, em função das sequelas da perseguição.
Peter Ho Peng
Nasceu em Hong Kong e chegou ao Brasil em 1950, onde foi naturalizado brasileiro. Estudou Engenharia na UFRGS, em Porto Alegre. Formou-se em 1970 e foi líder estudantil. Acabou preso em 1971. Ao ser libertado, em 1973, teve os documentos recolhidos e perdeu a cidadania, sendo obrigado a seguir para os Estados Unidos.
Namir José Oliveira Bueno
Foi funcionário do Banrisul na Capital e participou da greve dos bancários que sacudiu Porto Alegre em 1979, junto com personalidades como o ex-governador Olívio Dutra. Foi preso e, oito dias após a soltura, acabou se demitindo do banco por pressões políticas.
Jorge Luiz Marroni
Foi membro da Ação Popular e do Partido Revolucionário dos Trabalhadores. Gaúcho, respondeu em Porto Alegre a um inquérito policial militar por participar do movimento estudantil. Mais tarde, foi preso em Goiás, por integrar uma ação de resistência no município de Trombas.
Davi Guimarães Dib
Filho de Samuel Dib, preso político, foi compelido a se mudar para a ex-União Soviética em 1975 para escapar das perseguições e ameaças.
Neto do ex-presidente João Goulart, Christopher nasceu em Londres, na Inglaterra, em 1976, enquanto sua família estava no exílio. Aos 35 anos, é advogado e ativista na área dos direitos humanos e segue lutando para que sejam esclarecidas as circunstâncias da morte de seu avô.
Sandra Iglesias Macedo
Gaúcha, foi casada com o jornalista já falecido Celso Afonso Gay de Castro, a quem acompanhou no exílio em 1971, passando por países como Chile, Argentina e França. Retornou ao Brasil após a Lei da Anistia, em 1979. Também foi militante na luta contra a ditadura.
Diógenes Sobrosa de Souza (já falecido)
Representado pela viúva, Lia de Souza, no julgamento que resultou em sua anistia, Souza foi soldado da Brigada Militar em Três Passos entre 1966 e 1967. Foi forçado a deixar a corporação por lutar contra a ditadura. Tornou-se membro da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Permaneceu preso entre 1970 e 1979, quando sofreu tortura. Cometeu suicídio em 1999, em função das sequelas da perseguição.
Peter Ho Peng
Nasceu em Hong Kong e chegou ao Brasil em 1950, onde foi naturalizado brasileiro. Estudou Engenharia na UFRGS, em Porto Alegre. Formou-se em 1970 e foi líder estudantil. Acabou preso em 1971. Ao ser libertado, em 1973, teve os documentos recolhidos e perdeu a cidadania, sendo obrigado a seguir para os Estados Unidos.
Namir José Oliveira Bueno
Foi funcionário do Banrisul na Capital e participou da greve dos bancários que sacudiu Porto Alegre em 1979, junto com personalidades como o ex-governador Olívio Dutra. Foi preso e, oito dias após a soltura, acabou se demitindo do banco por pressões políticas.
Jorge Luiz Marroni
Foi membro da Ação Popular e do Partido Revolucionário dos Trabalhadores. Gaúcho, respondeu em Porto Alegre a um inquérito policial militar por participar do movimento estudantil. Mais tarde, foi preso em Goiás, por integrar uma ação de resistência no município de Trombas.
Davi Guimarães Dib
Filho de Samuel Dib, preso político, foi compelido a se mudar para a ex-União Soviética em 1975 para escapar das perseguições e ameaças.
Juliana Bublitz
15 de abril de 2012
Fonte: Zero Hora
citado no Blog do Montedo
COMENTO: eu também quero indenização, mas por ter nascido nessa pocilga de país! Ora, é só dar uma pequena olhada na lista de agraciados e nos motivos da 'perseguição' sofrida para se ter uma idéia do quanto a patifaria domina os recursos públicos 'deçepaíz'.
- Um advogado que nasceu três anos antes da Lei da Anistia. Quem devia explicações à justiça brasileira, na época, era seu avô, o qual morreu dois meses depois do nascimento desse sofrido jovem. Os pais do garotão não estavam no Brasil por que optaram pela sofrida vida européia, certamente financiada pelo vovô.
- A sofrida esposa do jornalista, nos seus oito anos de exílio e militância contra a ditadura, deve ter padecido muito no Chile, Argentina e França.
- Um brigadiano 'forçado a deixar a corporação' a que serviu por dois anos e que se suicidou vinte anos após a Lei da Anistia, não resta dúvida sobre a responsabilidade dos pagantes de impostos em indenizar seus atos.
- O pobre 'ling-ling' defenestrado do país por ser 'líder estudantil' não revela que sua expulsão se deveu ao envolvimento com organização política ilegal na época.
- Um bancário grevista que se demite do emprego também não deixa dúvidas quanto à culpa da sociedade pela sua opção.
- Um estudante gaúcho preso em Goias em uma "ação de resistência" é claro que foi mais um injustiçado.
- Um outro inocente "compelido a se mudar para a ex-URSS".
Na forma como são apresentados, são realmente vítimas do arbítrio pois nada fizeram para ser presos pelos selvagens militares que dominavam 'eçepaíz'. Por fim, não posso deixar de aproveitar a expressão "filho do exílio", usada a respeito de um dos agraciados para afirmar que tenho a certeza de que os membros da tal comissão não passam de uns filhos de quem a boa educação me impede de citar o adjetivo.
E assim seguem os canalhas, distribuindo as verbas públicas surrupiadas dos contribuintes - as quais deveriam ser utilizadas em proveito da sociedade - para encher a guaiaca dos cupinchas.
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