"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 25 de abril de 2012

LIMITES


Hoje quero dividir com vocês um texto de Mônica Monastério, de Madrid, Espanha.

A redatora apanhou talvez, o pior problema que nossa geração está enfrentando. E com palavras muito claras, está pondo os pingos nos ii’s.
“Somos as primeiras gerações de pais decididos a não repetir com os filhos, os erros de nossos progenitores e, com o esforço de abolirmos os abusos do passado, somos os pais mais dedicados e compreensivos.
Mas, por outro lado, os mais bobos e inseguros que já houve na História.
O grave é que estamos lidando com crianças mais “espertas” do que nós, ousadas e, mais “poderosas’ que nunca!


Parece que, em nossa tentativa de sermos os pais que queríamos ser, passamos de um extremo ao outro.
Assim, somos a última geração de filhos que obedeceram a seus pais e a primeira geração de pais que obedecem a seus filhos.
Os últimos que tivemos medo dos pais e os primeiros que tememos os filhos.
Os últimos que cresceram sob o mando dos pais e os primeiros que vivem sob o jugo dos filhos.
E, o que é pior – os últimos que respeitamos nossos pais e os primeiros que aceitamos que nossos filhos nos faltem com o respeito.

À medida que o permissível substituiu o autoritarismo, os termos das relações familiares mudou de forma radical, para o bem e para o mal.

Com efeito, antes se considerava um bom pai, aquele cujos filhos se comportavam bem, obedeciam suas ordens, e os tratavam com o devido respeito.
E bons filhos, as crianças que eram formais, e veneravam seus pais.

Mas, à medida em que as fronteiras hierárquicas entre nós e nossos filhos foram se desvanecendo, hoje, os bons pais são aqueles que conseguem que seus filhos os amem, ainda que pouco o respeitem.
E são os filhos, quem agora, esperam respeito de seus pais, pretendendo de tal maneira que respeitem suas idéias, seus gostos, suas preferências e sua forma de agir e viver. E que, além disso, que patrocinem no que necessitarem para tal fim.
Quer dizer; os papéis se inverteram. Agora são os pais que têm que agradar a seus filhos para “ganhá-los” e não o inverso, como no passado.

Isto explica o esforço que fazem tantos pais e mães para serem os melhores amigos e “darem tudo” a seus filhos. Dizem que os extremos se atraem.
Se o autoritarismo do passado encheu os filhos de medo de seus pais, a debilidade do presente os preenche de medo e menosprezo…ao nos verem tão débeis e perdidos como eles.
Os filhos precisam perceber que, durante a infância, estamos à frente de suas vidas, como líderes capazes de sujeitá-los quando não os podemos conter, e de guiá-los, enquanto não sabem para onde vão.

É assim que evitaremos que as novas gerações se afoguem no descontrole e tédio no qual está afundando uma sociedade que parece ir à deriva, sem parâmetros nem destino.
Se o autoritarismo suplanta, o permissível sufoca.

Apenas uma atitude firme, respeitosa, lhes permitirá confiar em nossa idoneidade para governar suas vidas enquanto forem menores, porque vamos à frente, liderando-os, e não atrás, carregando-os e rendidos às suas vontades.
Os limites abrigam o indivíduo. Com amor ilimitado e profundo respeito.”


25 de abril de 2012
Magu

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