Polêmicas a parte, devemos focar nossa atenção no preceito básico da
medicina, que é o atendimento de qualidade à população.
Atualmente, quando falamos em assistência de qualidade, significa que todas as partes envolvidas no processo de atendimento a saúde da pessoa devem ser vistos, ou seja, o local onde é feita, os profissionais envolvidos e a população atendida.
O Brasil, por ser um país continental e com diversidade econômico-social importante, sofre as consequências dessa pluralidade no campo da saúde.
A medicina de ponta, aquela que demanda tecnologia, mão de obra especializada e infra-estrutura, está concentrada nos grandes centros. No restante do pais vemos pólos de saúde em algumas microregiões, geralmente cidades de médio porte e pequenas cidades com infraestrutura básica de saúde.
Nestas cidades pequenas a procura por médicos é grande e a fixação do profissional sem residência médica é pequena, por outro lado, a maioria dos especialistas que retornam para o interior (pediatras, ginecologistas por ex.) acabam se fixando nestas cidades e constroem suas carreiras nestes locais, uma vez que após a residência médica o profissional deseja algo definitivo para ele e sua familia.
Bem, no meu entendimento, o problema não é salário nem indisponibilidade de médicos no mercado.
O sistema de saúde deve rever a assistência, individualizar as regiões e descentralizar os pólos de saúde. Do lado do médico, é preciso um plano de carreira, concurso público com remuneração justa, principalmente para as especialidades básicas: clinica médica, pediatria, ginecologia e cirurgia geral, uma vez que essas especialidades fazem uma diferença enorme para população do interior; por outro lado, como são as menos valorizadas atualmente, não são procuradas ou servem apenas como ponte para se fazer uma subespecialidade.
Uma vez que o governo federal aumente o número de vagas para as especialidades básicas, crie um plano de carreira e dê condições de trabalho para estes profissionais no interior, gradativamente as pequenas cidades do país terão especialistas mais aptos, com o compromisso de se fixarem e acima de tudo com a possibilidade de beneficiar a população com assitência de qualidade.
As medidas que o governo visa empregar (aumento de vagas nas universidades + facilitar reconhecimento de diplomas para estrangeiros + barganhar vagas de residência para recém formados etc.) apenas pioram a assistência de qualidade, parece o caminho mais fácil, porém, trazem consequências danosas para a população.
Nós, como profissionais médicos, devemos lutar por melhorias na saúde, muitos, a maioria com certeza, não estão satisfeitos com os subempregos das capitais. Por outro lado, após anos de formação, nos debatemos com o seguinte dilema: viver no interior com altos salários e não poder fazer aquilo que sabemos e aprendemos, ou permanecer nas capitais do país ganhando pouco mas exercendo o que consideramos ser medicina.
Não resta dúvida que o problema é extremamente complexo e seremos mais uma vez penalizados se não for visto desta forma.
Acácio Fernandes Cardoso
25 de abril de 2012
Atualmente, quando falamos em assistência de qualidade, significa que todas as partes envolvidas no processo de atendimento a saúde da pessoa devem ser vistos, ou seja, o local onde é feita, os profissionais envolvidos e a população atendida.
O Brasil, por ser um país continental e com diversidade econômico-social importante, sofre as consequências dessa pluralidade no campo da saúde.
A medicina de ponta, aquela que demanda tecnologia, mão de obra especializada e infra-estrutura, está concentrada nos grandes centros. No restante do pais vemos pólos de saúde em algumas microregiões, geralmente cidades de médio porte e pequenas cidades com infraestrutura básica de saúde.
Nestas cidades pequenas a procura por médicos é grande e a fixação do profissional sem residência médica é pequena, por outro lado, a maioria dos especialistas que retornam para o interior (pediatras, ginecologistas por ex.) acabam se fixando nestas cidades e constroem suas carreiras nestes locais, uma vez que após a residência médica o profissional deseja algo definitivo para ele e sua familia.
Bem, no meu entendimento, o problema não é salário nem indisponibilidade de médicos no mercado.
O sistema de saúde deve rever a assistência, individualizar as regiões e descentralizar os pólos de saúde. Do lado do médico, é preciso um plano de carreira, concurso público com remuneração justa, principalmente para as especialidades básicas: clinica médica, pediatria, ginecologia e cirurgia geral, uma vez que essas especialidades fazem uma diferença enorme para população do interior; por outro lado, como são as menos valorizadas atualmente, não são procuradas ou servem apenas como ponte para se fazer uma subespecialidade.
Uma vez que o governo federal aumente o número de vagas para as especialidades básicas, crie um plano de carreira e dê condições de trabalho para estes profissionais no interior, gradativamente as pequenas cidades do país terão especialistas mais aptos, com o compromisso de se fixarem e acima de tudo com a possibilidade de beneficiar a população com assitência de qualidade.
As medidas que o governo visa empregar (aumento de vagas nas universidades + facilitar reconhecimento de diplomas para estrangeiros + barganhar vagas de residência para recém formados etc.) apenas pioram a assistência de qualidade, parece o caminho mais fácil, porém, trazem consequências danosas para a população.
Nós, como profissionais médicos, devemos lutar por melhorias na saúde, muitos, a maioria com certeza, não estão satisfeitos com os subempregos das capitais. Por outro lado, após anos de formação, nos debatemos com o seguinte dilema: viver no interior com altos salários e não poder fazer aquilo que sabemos e aprendemos, ou permanecer nas capitais do país ganhando pouco mas exercendo o que consideramos ser medicina.
Não resta dúvida que o problema é extremamente complexo e seremos mais uma vez penalizados se não for visto desta forma.
Acácio Fernandes Cardoso
25 de abril de 2012
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