"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 17 de abril de 2012

REFLEXÕES SOBRE JUSCELINO, JÂNIO, LACERDA E A REVOLUÇÃO DE 64

A respeito das excelentes matérias de Carlos Chagas aqui publicadas sobre o grande presidente Juscelino Kubitschek, é preciso acrescentar que a JK devemos perdoar tudo, tudo. Mas ele teve grande responsabilidade por 1964, e tudo o que veio depois, principalmente o 13 de dezembro de 1968, com o AI-5, que foi uma revolução dentro da revolução de 64.

Para fazer Brasília em quatro anos e outros projetos, JK deixou o Tesouro Nacional “em petição de miséria” ao entregar o governo a Jânio Quadros em 1961. JK, perto do final de seu mandato, foi obrigado a “negociar com o FMI”, mas não conseguindo “boas condições”, rompeu espetacularmente com o Fundo e foi capengando financeiramente até o fim, em 31 de janeiro de 1961.

Jânio Quadros que era “meio estranho”, mas inteligentíssimo, teve que negociar com o FMI e não pôde romper, teve que fechar o acordo. Vendo que teria que enfrentar recessão, desemprego e perda de padrão de vida, (velha receita do FMI para reequilibrar a economia), e que faria portanto uma administração medíocre, tentou “dar um golpe” para ser ditador e aí ter um mandato mais comprido, terminando por fazer uma boa administração. Foi muito afoito, o plano não deu certo, e aos trancos e barrancos isso tudo veio dar em 31 de março de 1964.

O grande governador Carlos Lacerda (um JK com os pés no chão), não apenas se julgava candidato a presidente da República. Na verdade, ele já tinha ganhado a convenção da UDN em Curitiba-PR, e sido ratificado em superconvenção da UDN no Rio de Janeiro-RJ.

Depois da extraordinária administração do Rio de Janeiro, 1961-1965, maior orador político da época, com bom carisma, iria dar muito trabalho a JK na famosa eleição de 65, que não houve.

Sem dúvida que era difícil ganhar do PSD/PTB/PCB etc., mas não era impossível, o povo estava pendendo para a oposição, queria mudanças. Carlos Lacerda podia ganhar aquela eleição.

Quanto ao fato da última cadeia, 1968, não ter deixado sequelas em JK e sim a Lacerda, discordo plenamente. Lacerda sempre esteve na Oposição, desde a juventude enfrentou os poderosos. Naquelas alturas da vida já era veteraníssimo em fugas, exílios e cadeias, e aquela última em 1968, quando entre outros estava em boa companhia do ilustre jornalista Helio Fernandes, foi fichinha, de tirar de letra. JK, sim, que não era acostumado, é que deve ter ficado “impressionadíssimo”.
17 de abril de 2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário