Qualquer que tenha sido o interesse que levou à instalação
da CPMI do Carlinhos Cachoeira, a investigação tem sido inigualável para revelar
as entranhas (podres) da política brasileira.
Não está faltando nada: os partidos políticos, cada um por sua vez, vão tendo alguém envolvido; pairam suspeitas sobre diversos governadores; e sugerem-se sombras sobre o procurador geral da República e sua mulher. E a CPMI ainda poderá lavrar um tento: ouvir o depoimento de um corruptor. Afinal, Fernando Cavendish, o “homem” da Delta, não se gabava de, por “30 milhões, molhar a mão de qualquer político”?!
Aliás, essa CPMI contém várias especificidades: para alguns, ela deve ser apenas uma espécie de cortina de fumaça para esconder o julgamento do mensalão, enquanto, para outros, deve investigar as relações entre Carlinhos Cachoeira e detentores de mandato. Outros, ainda, querem saber também tudo que envolve essa turma toda e as empresas que negociam com governos federal, estaduais ou municipais.
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POR QUE TROCAR DE DONO?
Por último agora, o negócio é tratar de tirar a Delta Construções do olho do furacão, ou melhor, blindá-la, e rapidamente. Blindar, no jargão parlamentar, é evitar algo danoso para um governo, como convocar um ministro para depor em comissão do Congresso. E a melhor maneira de blindar a Delta seria repassando-a, de graça, para o grupo J&F, parceiro mais que privilegiado do meu, do seu, do nosso BNDES.
Por que razão, Senhor, fazer isso logo agora?! Para salvar as obras do PAC ou impedir que os prejuízos sejam grandes demais, como dizem juristas, economistas e outros “experts” ouvidos pela grande imprensa?
Isso faz pouco sentido. No mínimo, como sacou o deputado Miro Teixeira, afastar agora seus dirigentes pode impedir que se saiba o que aconteceu, de fato, em cada um dos contratos sob suspeição: como os novos donos poderão conhecer as antigas práticas? Qual espécie de garantia poderá ser exigida dos antigos donos? E como alcançar o mais substantivo, que seria receber de volta o dinheiro público eventualmente desviado e pôr na cadeia a enorme cadeia (que trocadilho!) de bandidos envolvidos nos esquemas?
Com tudo isso reunido, parece muito, mas muito estranho mesmo que tal cessão de controle da empresa possa estar sendo negociada ao mesmo tempo em que se desenrolam os trabalhos da CPMI. A não ser que os tentáculos dos poderes do Cachoeira já tenham chegado a sufocar tudo mesmo, inclusive a vergonha daqueles que pertencem ou que se opõem ao atual governo.
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DILMA NAO SABIA DE NADA?
Segundo a “IstoÉ Dinheiro”, Dilma teria dito que, à véspera do anúncio de dita aquisição, estivera com Joesley Batista, o controlador daquela holding, e que, estranhamente, ele nada lhe dissera. É bom lembrar que o frigorífico JBS, parte do grupo J&F, foi individualmente o maior doador da campanha da presidente da República. Será que ela não sabia mesmo de nada? Ou isso nada tem a ver com aquilo?
17 de maio de 2012
Sandra Starling
Não está faltando nada: os partidos políticos, cada um por sua vez, vão tendo alguém envolvido; pairam suspeitas sobre diversos governadores; e sugerem-se sombras sobre o procurador geral da República e sua mulher. E a CPMI ainda poderá lavrar um tento: ouvir o depoimento de um corruptor. Afinal, Fernando Cavendish, o “homem” da Delta, não se gabava de, por “30 milhões, molhar a mão de qualquer político”?!
Aliás, essa CPMI contém várias especificidades: para alguns, ela deve ser apenas uma espécie de cortina de fumaça para esconder o julgamento do mensalão, enquanto, para outros, deve investigar as relações entre Carlinhos Cachoeira e detentores de mandato. Outros, ainda, querem saber também tudo que envolve essa turma toda e as empresas que negociam com governos federal, estaduais ou municipais.
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POR QUE TROCAR DE DONO?
Por último agora, o negócio é tratar de tirar a Delta Construções do olho do furacão, ou melhor, blindá-la, e rapidamente. Blindar, no jargão parlamentar, é evitar algo danoso para um governo, como convocar um ministro para depor em comissão do Congresso. E a melhor maneira de blindar a Delta seria repassando-a, de graça, para o grupo J&F, parceiro mais que privilegiado do meu, do seu, do nosso BNDES.
Por que razão, Senhor, fazer isso logo agora?! Para salvar as obras do PAC ou impedir que os prejuízos sejam grandes demais, como dizem juristas, economistas e outros “experts” ouvidos pela grande imprensa?
Isso faz pouco sentido. No mínimo, como sacou o deputado Miro Teixeira, afastar agora seus dirigentes pode impedir que se saiba o que aconteceu, de fato, em cada um dos contratos sob suspeição: como os novos donos poderão conhecer as antigas práticas? Qual espécie de garantia poderá ser exigida dos antigos donos? E como alcançar o mais substantivo, que seria receber de volta o dinheiro público eventualmente desviado e pôr na cadeia a enorme cadeia (que trocadilho!) de bandidos envolvidos nos esquemas?
Com tudo isso reunido, parece muito, mas muito estranho mesmo que tal cessão de controle da empresa possa estar sendo negociada ao mesmo tempo em que se desenrolam os trabalhos da CPMI. A não ser que os tentáculos dos poderes do Cachoeira já tenham chegado a sufocar tudo mesmo, inclusive a vergonha daqueles que pertencem ou que se opõem ao atual governo.
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DILMA NAO SABIA DE NADA?
Segundo a “IstoÉ Dinheiro”, Dilma teria dito que, à véspera do anúncio de dita aquisição, estivera com Joesley Batista, o controlador daquela holding, e que, estranhamente, ele nada lhe dissera. É bom lembrar que o frigorífico JBS, parte do grupo J&F, foi individualmente o maior doador da campanha da presidente da República. Será que ela não sabia mesmo de nada? Ou isso nada tem a ver com aquilo?
17 de maio de 2012
Sandra Starling
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