"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 17 de maio de 2012

CACHOEIRA: LAVAGEM DE DINHEIRO NA CORÉIA




CPI suspeita que empréstimos milionários recebidos por Cachoeira sejam oriundos de dinheiro enviado ao exterior pela quadrilha

A análise dos 41 volumes de documentos relativos à declaração de Imposto de Renda dos últimos 10 anos do bicheiro Carlinhos Cachoeira, encaminhados pela Receita Federal à CPI, indica que o contraventor tinha uma espécie de "lavanderia" internacional do dinheiro sujo obtido no Brasil.

Nas declarações de IR dos exercícios referentes aos anos de 2008, 2009 e 2010, o bicheiro informa que recebeu da empresa BET Capital R$ 11,4 milhões a título de empréstimos. A suspeita é de que os recursos da organização criminosa eram encaminhados para a empresa BET Company, estranhamente com sede na comunista Coreia do Norte, na Ásia, e acionária majoritária da BET Capital.

Carlinhos Cachoeira teria 49% das ações e a BET Company outros 51%. O esquema que começa a ser desvendado aponta que o dinheiro sairia do Brasil e voltava para a BET Capital, que emprestava milhões ao contraventor.

Cachoeira declarou ter recebido da empresa R$ 2,8 milhões em 2008; R$ 4,3 milhões em 2009; e novamente R$ 4,3 milhões em 2010.

Existem também empréstimos com cifras milionárias no nome da ex-mulher e de um ex-cunhado.

Para integrantes da comissão, há, além da sonegação fiscal, um movimento gigante de evasão de divisas. Hoje, durante reunião administrativa da CPI, alguns parlamentares vão sugerir que a Interpol seja acionada para mapear o caminho internacional do dinheiro da organização criminosa.

Informações extraoficiais apontam que existe uma espécie de conta-mãe num paraíso fiscal.

Cartão de crédito
O que também chamou a atenção dos parlamentares foi a declaração de rendimentos, incompatíveis com os gastos no cartão de crédito do bicheiro. Em 2008, ele declarou ter recebido R$ 20,4 mil em rendimentos tributáveis e, em 2007, R$ 17,8 mil.

No entanto, os gastos no cartão ultrapassam R$ 500 mil.

Em 2003 e 2004, o contraventor informou à Receita Federal que não teve rendimentos. Ele costumava guardar dinheiro em casa. Declarou ao Fisco ter, num cofre, a quantia de aproximadamente R$ 1,5 milhão.

Nos depoimentos prestados na CPI pelos delegados da Polícia Federal Matheus Mella Rodrigues e Raul Alexandre Marques de Souza, responsáveis pelas Operações Monte Carlo e Vegas, ficou evidente que existem 13 empresas ligadas ao bicheiro.

Uma delas tem sede num paraíso fiscal do Caribe.

As empresas JR, Alberto Pantoja e Brava receberam, aproximadamente, R$ 40 milhões em depósitos efetuados pela empreiteira Delta, no foco das denúncias desde o início do escândalo.

 17 de maio de 2012
João Valadares, Correio Braziliense

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