No Ritz de Paris, Cabral marca o casamento entre o dono da Delta e Jordana Kfouri que viria a morrer na queda do helicóptero em Trancoso que também matou sua futura nora
A divulgação dos detalhes das primeiras seções da CPI do Cachoeira confirmam o que foi previsto no artigo de quarta-feira.
O relator petista, seguindo ordens, propôs limitar a investigação da Construtora Delta aos seus contratos na região Centro Oeste do Brasil, uma tentativa constrangedora de tão bandeirosa. Bem traduzida quer dizer "investigue-se apenas Demóstenes e Marconi Perillo; esqueça-se o resto".
Nem o Congresso Nacional onde todo mundo tem telhado de vidro podia engolir essa com todas as gravações que estão em cartaz neste momento.
Já o ex-presidente Collor, aquele que foi escorraçado do Alvorada a pontapés pelo PT, despontou como o guardião do sigilo dos documentos, gravações e filmes guardados no pacote do inquérito do Supremo enviado ao Congresso que, por tudo que se divulgou até agora, incriminam o PT mais que ninguém.
Jordana Kfouri come caviar no Ritz de Paris
Um papel tão carimbado que ele sentiu-se na obrigação de explicar que, ao ameaçar todos os seus colegas com as penas da lei se "passassem informações por baixo dos panos a alguns confrades (repetidor da Globo nas Alagoas que é, ele se julga jornalista) para fazerem delas o uso que lhes convém", ele não estava tomando uma posição "hipócrita, safada e jaguara" (de cão ordinário; de pessoa de mau caráter e patife, segundo o Houaiss), mas sim "defendendo a lei".
O ex-presidente foi freudianamente exato nos adjetivos que selecionou...
Foi aparteado por Miro Teixeira que lembrou oportunamente que "pode vir o despacho (obrigando ao sigilo) da mais ilustre autoridade do planeta (e este veio do sempre genuflexivo ministro Lewandowski) o fato é que manter o sigilo é contrariar diretamente a Constituição".
Resumiu bem a situação o ex-líder do governo no Congresso, Candido Vaccarezza: "Com tudo que a Polícia Federal já apurou, o único acordo possível é em torno do aprofundamento das investigações. Quem tentar abafar qualquer coisa vai se desmoralizar".
O governador, seus secretários e o amigo Fernando na porta do Ritz
O próprio Lula, como confidenciou uma fonte do PT a Dora Kramer, do Estadão, já entendeu que o partido será o principal alvo das outras legendas nesta CPI porque é quem mais tem a perder.
Mas cautela e caldo de galinha nunca são demais. O resultado só sai depois que acaba o jogo. A velha raposa é persistente e conhece o poder que tem.
Enquanto a CPI se instalava resistindo às primeiras tentativas de sonegar ao país aquilo que o STF e o acuado Procurador Geral da Republica já sabem que contem o caminhão de lixo das organizações Delta-Cachoeira estacionado na sala-cofre do Senado, o ex-presidente, com a desfaçatez que o caracteriza, aparecia numa cerimônia pública ao lado de ninguém menos que o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, o mais irretorquivelmente corrupto dos corruptos colhidos em flagrante delito nesta que promete ser a safra recorde das roubalheiras jamais desvendada na história deste país.
Os secretários de Saude e Governo do Estado do Rio de Janeiro e o amigo Fernando (centro)
Cabral, como se sabe, é o pai da Delta, com cujo dono, Fernando Cavendish, costuma farrear em Paris e voar de helicóptero por aí, ainda muito mais que Dilma é a mãe do PAC, de cujas obras essa empreiteira detém 80%.
Lula conta cegamente com o "efeito Teflon" que lhe proporciona o fato de tantos brasileiros lhe atribuírem responsabilidade direta por estarem desfrutando pequenos confortos básicos nunca antes tidos e havidos, e dá de ombros para o resto.
Mas desde já está claro até para ele que, longe de apagar a memória dos "malfeitos" do PT para ganhar o poder e comprar apoios apurados no processo do Mensalão, a CPI da Delta-Cachoeira vai mostrar a que nível da estratosfera a associação explícita entre os antigos "paladinos da ética na política" e os collors e sarneys da vida em defesa da mais ampla, geral e irrestrita impunidade levou a corrupção no Brasil.
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