"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 1 de junho de 2012

ANOTAÇÕES LÁ DO SANATÓRIO DA NOTÍCIA

Acima da lei e da ordem
 
Se uma imagem vale mais que mil palavras, quanto valem 40 minutos de imagem em movimento para a Justiça Eleitoral?!?
 
Se aquele programa do Ratinho, no SBT, com o cabo eleitoral de Fernando Hahahaddad não foi propaganda política antecipada, então a avó do ministro do Superior Tribunal Eleitoral é bicicleta.
 
Não pense, porém, que isso é efeito colateral da quimio que pode ter queimado os miolos do abusado propagandista; pode ser uma estratégia para queimar logo o poste da vez que não sai dos 3% de intenção de voto na corrida para a Prefeitura de São Paulo. De Lula, tudo se pode e deve esperar. Inclusive, nada.

Dilma pode esperar

Luiz Erário Lula da Silva para o apresentador Ratinho, seu parceiro na hora de traçar rabadas, como se o programa dele no SBT fosse grande coisa:

- Só serei candidato (a presidente da República) se Dilma não quiser.

Pronto, está lançada a campanha "Volta, Lula!" no mais puro e singelo Jeito PT de Ser que Lula nos ensinou - conforme Marta, a relegada da legenda, sempre faz questão de reverberar antes de relaxar e gozar.

Vamos por partes. Lendo e relendo o que o mestre nos ensinou na tela do SBT:

1ª parte - "...se Dilma não quiser", não quiser o quê? Não quiser ela mesma ser represidenta, ou não quiser Dilma que Lula seja candidato e, só por isso então, ele vai concorrer, sim senhor(a)?!?
2ª parte - Como assim "...só serei candidato se..."? Só será candidato porque já estava decidido desde o dia em que o poste iluminou a rampa do Palácio do Planalto. Jamais passou pela cabeça de Lula que Dilma seria repente.
3ª parte - O sujeito oculto na oração do Evangelho, Segundo Lula mostrou a cara: é O Cara. E o objeto direto é Dilma que será engambelada com o segredo de liquidificador de que, depois de novos e penosos quatro anos luláticos, ela poderá voltar em 2018 para ficar até 2022 ou 2026, se quiser e gostar.
Afinal, faz sentido, Lula é um idoso, de bengala e convalescente; Dilma, não. Dilma está forte e rija, posto que seu câncer foi muito mais saudável que o dele. Felizmente, ambos os males, graças ao SUS do Sírio-Libanês, foram completamente banidos do cume da pirâmide social que habita o Palácio.

É como já deve ter rouquejado o recém-lançado candidato à Presidência do Brasil:

- Dilma é jovem, bonita, independente... Pode esperar.

Como se sabe, Lula não mente; ele apenas se engana quando fala mais alto a sua porção Tim Maia.

O Rei está nu

Dia 12 de junho é a hora e a vez do tucano Marconi Perillo colocar as chuteiras, entrar em campo e usar na Comissão Pra/lamentar de Inquérito a velha tática de que a melhor defesa é o ataque. Vai enfiar a botina justamente naquele que, soberbo e vingativo querendo abafar o mensalão, garganteou para ir fundo na CPI "doa a quem doer".

Reprodução/internet


Perillo diz que pode provar que CPI do Cachoeira é apenas um rótulo para o escândalo que, entre os que são e tomam vinho da mesma pipa, vai pegar os governistas de calças na mão e mostrar que o rei está nu.

Para tremeliques da banda aliada, Marconi Perillo não sonha nem de leve em usar o direito constitucional de ficar calado. Tudo que disser poderá ser usado contra os seus ilustres inquiridores.

Flagrante da vida real

Aí então, o seu velho companheiro, parceiro que você convidava sempre que podia para "tomar um vinho", resolve espalhar por aí que a sua mulher é uma vadia e que você é chifrudo. E você, flagrado de calças curtas, sabendo-se inocente resolve reagir diante de tamanha injúria, calúnia e difamação.
E faz então o que tem que fazer. Vai a público e mostra pra todo mundo quem você é de verdade. Berra a plenos pulmões com todo o seu "sentimento de indignação":

- Quem inventou a história que prove!

Pronto, estamos conversados. Já sabemos do que e de quem se trata.
 

Lula demite Dilma da campanha pela reeleição em 2014

                           Lula diz que pode se candidatar à Presidência
 
 
Três relevantes e nobilíssimas razões levaram Lula a conceder sua primeira entrevista televisiva pós-luta contra o câncer na garganta ao programa do Ratinho: 1) dívida de gratidão da TV do Sílvio Santos; 2) alavanca para a campanha do comediante Fernando Hahahaddad, empacado nos 3% de preferência paulistana; 3) lançamento oficial da campanha "Volta, Lula!".
 
Afora isto, nada de novo no front. Lula disse apenas que se Dilma não quiser se candidatar em 2014, ele se apresenta e não deixa "um tucano governar o Brasil".
 
E também não é novidade nenhuma o seu anúncio de candidatura. Lula somente não resistiu aos cutucões do seu enorme Ego e resolveu dizer aos 8% de audiência do programa - coisa de 450 mil espectadores - que estava demitindo Dilma da sua pretensão de ser represidenta do Brasil, em 2014.
 
Aproveitou o espaço reconhecidamente populista e num escandaloso arremedo de jornalismo de bancada - onde e quando alguém faz que pergunta e o outro faz que não sabia o que seria perguntado - para ver se enfia o pé no traseiro de seu afilhado e embala sua caminhada rumo à Prefeitura de São Paulo.
 
Um espetáculo triste de flagrante liberalidade de pensamento e expressão, protagonizado com maestria por uma dupla que não quer nem saber se o pato é macho, o que quer é comer ovo.
 
Nunca antes na história desse país um convalescente do Sírio Libanês, o SUS das Elites, teve um efeito colateral tão grande quanto este que acometeu Lula depois da maratona de quimio e radioterapia. Trataram de sua garganta, mas não mexeram na cabeça, um reservatório cada vez mais cheio de pretensão e mais seco de água benta.

O silêncio divinal

Sabe quando Luiz Erário da Silva esteve tão calado quanto hoje? Quando estopurou o escândalo do mensalão. Hoje, cabalísticos sete anos depois, pelo mesmo mensalão, Lula comeu em tranca, fez boca de siri, não disse um ai.

Mandou dizer por escrito no site do Instituto Lula que seu sentimento era de indignação. Isso ele soube mandar dizer; dizer para o que é mesmo que serve o tal instituto que lhe escamoteia o nome, ele não disse e nem mandou dizer até agora.

Ontem, aqui em Brasília, mais precisamente num palanque oficial da primeira-presidenta Dilma, Lula discursou numa luta insana contra moínhos de vento, contra adversários imaginários, "essa gente que não gosta de mim". Pouca gente, pelas suas contas.

Pouca e desconhecida brava gente brasileira. Se Lula desceu a rampa do Palácio com 80% de popularidade, restaram-lhe 20% de rejeição. Vinte por cento de 198 milhões de brasileiros, dá uma continha mixuruca de 39 milhões e 600 mil inimgos.

Se fosse John Wayne, Lula daria um jeito; se fosse Deus, Lula seria magnânimo como tem sido com o seu divinal silêncio diante das denúncias de achaque ao STF que Gilmar Mendes tem lhe aplicado, sem sequer contar os próprios aliados
 
01 de junho de 2012
sanatório da notícia

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