Em termos de política, acho que
nada mais surpreende o brasileiro. A corrupção institucionalizada, fruto podre
da nossa indiferença, o desprezo à ética, o despreparo no exercício da missão
legislativa, a omissão em discutir as questões que mais interessam à
sociedadede, tornaram-se marcas registradas do político brasileiro.
Só faltava alguém perder a
calcinha no plenário da Câmara. Não falta mais!
Numa sessão realizada há cerca
de duas semanas, no horário de votação da Ordem do Dia, um deputado, saliente ou
pervertido, não se sabe ao certo, chegou correndo para votar, e na entrada do
plenário, próximo à Mesa, ao mexer no bolso, acredite se quiser, deixou cair uma
calcinha azul e vermelha, com babadinhos nas laterais!
Sem perceber o desastre, o
parlamentar foi para o meio do plenário onde se misturou aos colegas. Foi aí que
um dos seguranças, certamente preocupado com o bom nome e a tradição da Casa,
agiu com a precisão que a situação exigia, e num movimento rápido, sem despertar
a atenção dos senhores deputados, assessores e jornalistas que estavam no local,
empurrou a lingerie com o pé para o lado da lixeira.
A segurança foi imediatamente
alertada para o grave episódio, tanto que um assessor do presidente Marco
Maia (PT-RS) logo recolheu a calcinha e a escondeu no próprio bolso, visando
impedir, claro, que ela fosse descoberta por algum jornalista ávido por
escândalos, o que poderia resultar na instalação de uma nova Comissão
Parlamentar de Inquérito, que certamente receberia o sugestivo nome de "CPI da
Calcinha".
Indagado sobre a polêmica,
Marco Maia (PT-RS) comentou:
- Deve ser alguma sacanagem que
fizeram com alguém. Era fio dental? Não? Calçolão? Aí não, aí é um
fiasco.
Aproveitando que o deputado
Arnon Bezerra (PTB-CE) se aproximou do grupo, Maia lhe perguntou,
em tom de brincadeira, se era dele a calcinha perdida. A resposta foi
rápida:
- Não, presidente. Deve ser
algum fã do Wando.
O segurança que assistiu à
tragicômica cena disse que o deputado que perdeu a calçola não é do tipo que
vive ocupando os microfones da Casa a todo momento, não sendo muito conhecido.
Faz sentido! Sem ter o que fazer no plenário, o cara fica de saliência no
gabinete. Ou será que é puro fetiche?
Depois de uma apurada e
exaustiva análise, com a peça passando de mão em mão, assessores parlamentares e
seguranças chegaram à conclusão de que a lingerie era usada, e pelo tipo,
devia pertencer a alguém de compleição, digamos, robusta, já que a peça estava
muito mais para calçola do que para calcinha. Sem saber o que fazer com o
achado, assessores e seguranças resolveram encaminhar o artefato aos achados e
perdidos da Câmara, e como ninguém a reclamou, a calçola foi incinerada! Pode
isso?
01 de junho de 2012
IN ponto&virgula
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