LEALDADE EXPLÍCITA
Não foi de propósito porque a cerimônia estava marcada com razoável antecedência, mas os entusiásticos elogios da presidente Dilma ao ex-presidente Lula, durante um seminário sobre desenvolvimento econômico, no palácio do Planalto, não deixam dúvidas a respeito da posição do governo no embate referente ao julgamento do mensalão. Coisa que jamais significará ingerência ou intervenção.
Caberá à presidente Dilma nomear dois novos ministros do Supremo Tribunal Federal, um em agosto, outro em novembro, pelas aposentadorias de César Peluso e de Ayres Brito. Como ambos foram designados pelo Lula, o placar continuará o mesmo na mais alta corte nacional de justiça: governo, 8, sem compromisso, 3.
Ainda que recomendando a seus ministros e auxiliares não se intrometerem na briga entre o Lula e Gilmar Mendes, a presidente Dilma reforçou sobremaneira o antecessor, se é que ele precisava de reforço. Praticou mais um ato de lealdade explícita através de seus elogios, traduzidos em longos aplausos.
Não há ministros nem integrantes do alto escalão do governo entre os réus do mensalão, considerando-se a pouca importância do cargo exercido no ministério da Defesa por José Genoíno. Agora, caso condenações se verifiquem no julgamento, ficará óbvio o desgaste também de Dilma, junto com o massacre do PT e do governo Lula.
Nessa hora, se o julgamento terminar antes das eleições de outubro, derrotas serão colhidas em profusão pelos companheiros candidatos. A começar por Fernando Haddad para a prefeitura de São Paulo, pedra de toque de toda a movimentação do Lula.
Dilma não poderá ser acusada de nada. Afinal, não há como ela intervir nos votos dos ministros do Supremo. Nem vontade. Estará, no entanto, aberta uma temporada de distanciamento entre ela e o PT. Nada que prejudique sua reeleição, em 2014. Ou não?
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TRADUÇÃO NECESSÁRIA
Significou o quê, a decisão do Supremo Tribunal Federal de não tomar posição em defesa de Gilmar Mendes? Simplesmente que a presidente Dilma e o ex-presidente Lula detém a simpatia da maioria daquela corte.
Não é rotineiro uma instituição deixar um de seus expoentes ao sol e ao sereno, mesmo entre sorrisos e rapa-pés. Essa simpatia, é claro, não se traduzirá em votos, no julgamento do mensalão. Companheiros e penduricalhos poderão ser condenados, sem que se altere o equilíbrio de forças na mais alta corte nacional de justiça.
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CACHOEIRA MUITO MAIS VIOLENTA
A quebra do sigilo bancário e fiscal da Delta Construções em todo o território nacional causará uma cachoeira bem mais violenta do que a cascata até agora produzida pelo próprio Carlinhos. Pelo que se ouve no Congresso, as ligações entre a empresa e agentes dos governos estaduais são de estarrecer em matéria de propinas para a obtenção de contratos.
A pergunta que se faz é se coisa parecida também se verificou para a execução de obras federais, do PAC. Nesse caso, não ficaria pedra sobre pedra no Dnit (Ministério dos Transportes), mesmo já tendo sido trocados seus responsáveis.
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AUTOMÓVEL MATA MAIS DO QUE CIGARRO
Transcorreu ontem o Dia Mundial Contra o Tabagismo. Nada a opor à campanha verificada em todo o planeta contra os males do cigarro. É clara a existência de um farisaísmo ostensivo por parte dos governos, nessa luta.
Porque se o fumo faz mal, mata e multiplica as despesas com saúde pública, adianta menos convencer os jovens a não fumar ou aumentar o preço dos cigarros do que simplesmente fechar suas fábricas. Para tanto, porém, falta coragem. A indústria tabagista contribui com fabulosos impostos, além de sua participação no caixa dois das campanhas eleitorais. Punir os fumantes, discriminá-los e tratá-los como réprobos adianta muito pouco.
E tem mais: obrigar que os maços de cigarro apresentem fotografias de extrema crueldade e violência é um exagero. Quem fuma e assume os riscos dessa prática foi ao botequim da esquina comprar cigarros, não ser agredido por imagens que repele.
Fosse justa essa determinação e seria necessário que as montadoras imprimissem de forma indelével nos pára-brisas dos novos carros fotografias de desastres que se sucedem todos os dias, com a exposição das vítimas nas mais chocantes situações. Porque carro mata mais do que cigarro, basta consultar as estatísticas...
01 de junho de 2012
Carlos Chagas
Não foi de propósito porque a cerimônia estava marcada com razoável antecedência, mas os entusiásticos elogios da presidente Dilma ao ex-presidente Lula, durante um seminário sobre desenvolvimento econômico, no palácio do Planalto, não deixam dúvidas a respeito da posição do governo no embate referente ao julgamento do mensalão. Coisa que jamais significará ingerência ou intervenção.
Caberá à presidente Dilma nomear dois novos ministros do Supremo Tribunal Federal, um em agosto, outro em novembro, pelas aposentadorias de César Peluso e de Ayres Brito. Como ambos foram designados pelo Lula, o placar continuará o mesmo na mais alta corte nacional de justiça: governo, 8, sem compromisso, 3.
Ainda que recomendando a seus ministros e auxiliares não se intrometerem na briga entre o Lula e Gilmar Mendes, a presidente Dilma reforçou sobremaneira o antecessor, se é que ele precisava de reforço. Praticou mais um ato de lealdade explícita através de seus elogios, traduzidos em longos aplausos.
Não há ministros nem integrantes do alto escalão do governo entre os réus do mensalão, considerando-se a pouca importância do cargo exercido no ministério da Defesa por José Genoíno. Agora, caso condenações se verifiquem no julgamento, ficará óbvio o desgaste também de Dilma, junto com o massacre do PT e do governo Lula.
Nessa hora, se o julgamento terminar antes das eleições de outubro, derrotas serão colhidas em profusão pelos companheiros candidatos. A começar por Fernando Haddad para a prefeitura de São Paulo, pedra de toque de toda a movimentação do Lula.
Dilma não poderá ser acusada de nada. Afinal, não há como ela intervir nos votos dos ministros do Supremo. Nem vontade. Estará, no entanto, aberta uma temporada de distanciamento entre ela e o PT. Nada que prejudique sua reeleição, em 2014. Ou não?
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TRADUÇÃO NECESSÁRIA
Significou o quê, a decisão do Supremo Tribunal Federal de não tomar posição em defesa de Gilmar Mendes? Simplesmente que a presidente Dilma e o ex-presidente Lula detém a simpatia da maioria daquela corte.
Não é rotineiro uma instituição deixar um de seus expoentes ao sol e ao sereno, mesmo entre sorrisos e rapa-pés. Essa simpatia, é claro, não se traduzirá em votos, no julgamento do mensalão. Companheiros e penduricalhos poderão ser condenados, sem que se altere o equilíbrio de forças na mais alta corte nacional de justiça.
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CACHOEIRA MUITO MAIS VIOLENTA
A quebra do sigilo bancário e fiscal da Delta Construções em todo o território nacional causará uma cachoeira bem mais violenta do que a cascata até agora produzida pelo próprio Carlinhos. Pelo que se ouve no Congresso, as ligações entre a empresa e agentes dos governos estaduais são de estarrecer em matéria de propinas para a obtenção de contratos.
A pergunta que se faz é se coisa parecida também se verificou para a execução de obras federais, do PAC. Nesse caso, não ficaria pedra sobre pedra no Dnit (Ministério dos Transportes), mesmo já tendo sido trocados seus responsáveis.
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AUTOMÓVEL MATA MAIS DO QUE CIGARRO
Transcorreu ontem o Dia Mundial Contra o Tabagismo. Nada a opor à campanha verificada em todo o planeta contra os males do cigarro. É clara a existência de um farisaísmo ostensivo por parte dos governos, nessa luta.
Porque se o fumo faz mal, mata e multiplica as despesas com saúde pública, adianta menos convencer os jovens a não fumar ou aumentar o preço dos cigarros do que simplesmente fechar suas fábricas. Para tanto, porém, falta coragem. A indústria tabagista contribui com fabulosos impostos, além de sua participação no caixa dois das campanhas eleitorais. Punir os fumantes, discriminá-los e tratá-los como réprobos adianta muito pouco.
E tem mais: obrigar que os maços de cigarro apresentem fotografias de extrema crueldade e violência é um exagero. Quem fuma e assume os riscos dessa prática foi ao botequim da esquina comprar cigarros, não ser agredido por imagens que repele.
Fosse justa essa determinação e seria necessário que as montadoras imprimissem de forma indelével nos pára-brisas dos novos carros fotografias de desastres que se sucedem todos os dias, com a exposição das vítimas nas mais chocantes situações. Porque carro mata mais do que cigarro, basta consultar as estatísticas...
01 de junho de 2012
Carlos Chagas
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