José de Filippi Júnior (PT-SP) recorreu ao então diretor do Dnit, Luiz Antonio Pagot, em busca de doações de construtoras. Meses depois, Pagot foi demitido por suspeita de corrupção
Durante a campanha eleitoral de 2010, o petista José de Filippi Junior, responsável por arrecadar dinheiro para a então candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, procurou Luiz Antônio Pagot, então diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (Dnit), em busca de ajuda para conseguir doações. Pagot disse a ÉPOCA que Fillipi pediu a ele que buscasse recursos junto a entidades do setor da construção civil e forneceu o número de contas bancárias. Como diretor do Dnit, Pagot tinha sob sua responsabilidade cerca de R$ 10 bilhões para gastar em milhares de obras em rodovias, executadas por empresas dessa área. Pagot tinha acesso privilegiado a diretores dessas empresas.
Pagot afirma que, após a conversa com Filippi, reuniu-se com seis sindicatos de empresas da construção civil. Entre eles estão os sindicatos de São Paulo e de Mato Grosso, seu estado de origem. Pagot diz ter se reunido também com representantes da Associação Nacional das Empresas de Obras Rodoviárias (Aneor). “Fui um colaborador espontâneo”, afirma Pagot. De acordo com Pagot, graças a seu trabalho, entre 20 e 30 empresas medianas colaboraram com a campanha de Dilma. Ele diz que Fillipi recebia boletos de depósitos de empreiteiras que se dispuseram a fazer doações para a campanha.
Em nota enviada por sua assessoria a ÉPOCA, o deputado federal José de Fillipi Júnior (PT-SP) afirma que foi apresentado a Pagot no comitê da campanha presidencial, antes do primeiro turno da eleição. Filippi diz que, naquela ocasião, Pagot ofereceu à campanha três aviões do então governador de Mato Grosso (atualmente senador), Blairo Maggi (PR), seu padrinho político. Mas a oferta de Pagot, segundo Fillipi, não se concretizou. O deputado federal Fillipi afirma, ainda, que teve um segundo encontro com Pagot, após as eleições. Segundo ele, o objetivo da conversa foi “buscar recursos para saldar as dívidas da disputa eleitoral”. Na ocasião, a campanha devia cerca de R$ 28 milhões.
Filippi diz que, como resultado do “esforço de Pagot”, as empresas da família do senador Blairo Maggi ajudaram o combalido caixa petista com R$ 1 milhão. A Amaggi Exportação e Importação Ltda doou R$ 700 mil no dia 25 de novembro. No dia seguinte, a Agropecuária Maggi compareceu com R$ 300 mil. Fillipi nega ter recebido boletos de depósitos das empreiteiras, como afirma Pagot. Diz ele, em uma nota: “todo o processo de doação eleitoral é eletrônico e identificado pelas instituições bancárias. Assim, a coordenação financeira tinha acesso “online” aos depósitos feitos”.
O Dnit é um dos órgãos mais cobiçados pelos políticos.
Trata-se do braço do Ministério dos Transportes responsável por construir e reformar rodovias e ferrovias em todo o país. Seu orçamento este ano é de cerca de R$ 15 bilhões. Pagot chegou ao Dnit por indicação de Blairo Maggi, em um acordo entre o PR e o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Agora, sabe-se que, em 2010, Pagot foi procurado pelo partido do governo para usar sua posição privilegiada no governo para conseguir dinheiro para a campanha da candidata do governo. Na versão de Filippi, Pagot teria oferecido ajuda financeira de seu padrinho político à campanha da candidata do governo.
Meses depois de ajudar na campanha, Pagot acabou demitido do Dnit. Ele foi acusado de participar de um esquema do PR, que consistia em propina a fornecedores do governo. Em entrevista a ÉPOCA em abril, Pagot afirmou que havia sido afastado da direção do Dnit “através de uma negociata de uma empreiteira com um contraventor”.
Pagot se refere à construtora Delta e a conversas captadas pela Polícia Federal entre o bicheiro Carlos Augusto de Almeida Castro, o Carlinhos Cachoeira, e o então diretor da Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu. Nos diálogos, Cachoeira afirma ter plantado notícias contra Pagot na imprensa.
Ele e Abreu comemoram a decisão da presidente Dilma Rousseff de afastar Pagot, e outros suspeitos de corrupção, do Ministério dos Transportes. Pagot resistiu a deixar o cargo. Ele afirma que Filippi nunca ligou para agradecer seu trabalho na campanha. “Não é o estilo dele”, diz. “O estilo dele é ‘usa e joga fora’”
MURILO RAMOS E LEANDRO LOYOLA, Época
01 de junho de 2012
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Pagot afirma que, após a conversa com Filippi, reuniu-se com seis sindicatos de empresas da construção civil. Entre eles estão os sindicatos de São Paulo e de Mato Grosso, seu estado de origem. Pagot diz ter se reunido também com representantes da Associação Nacional das Empresas de Obras Rodoviárias (Aneor). “Fui um colaborador espontâneo”, afirma Pagot. De acordo com Pagot, graças a seu trabalho, entre 20 e 30 empresas medianas colaboraram com a campanha de Dilma. Ele diz que Fillipi recebia boletos de depósitos de empreiteiras que se dispuseram a fazer doações para a campanha.
Em nota enviada por sua assessoria a ÉPOCA, o deputado federal José de Fillipi Júnior (PT-SP) afirma que foi apresentado a Pagot no comitê da campanha presidencial, antes do primeiro turno da eleição. Filippi diz que, naquela ocasião, Pagot ofereceu à campanha três aviões do então governador de Mato Grosso (atualmente senador), Blairo Maggi (PR), seu padrinho político. Mas a oferta de Pagot, segundo Fillipi, não se concretizou. O deputado federal Fillipi afirma, ainda, que teve um segundo encontro com Pagot, após as eleições. Segundo ele, o objetivo da conversa foi “buscar recursos para saldar as dívidas da disputa eleitoral”. Na ocasião, a campanha devia cerca de R$ 28 milhões.
Filippi diz que, como resultado do “esforço de Pagot”, as empresas da família do senador Blairo Maggi ajudaram o combalido caixa petista com R$ 1 milhão. A Amaggi Exportação e Importação Ltda doou R$ 700 mil no dia 25 de novembro. No dia seguinte, a Agropecuária Maggi compareceu com R$ 300 mil. Fillipi nega ter recebido boletos de depósitos das empreiteiras, como afirma Pagot. Diz ele, em uma nota: “todo o processo de doação eleitoral é eletrônico e identificado pelas instituições bancárias. Assim, a coordenação financeira tinha acesso “online” aos depósitos feitos”.
O Dnit é um dos órgãos mais cobiçados pelos políticos.
Trata-se do braço do Ministério dos Transportes responsável por construir e reformar rodovias e ferrovias em todo o país. Seu orçamento este ano é de cerca de R$ 15 bilhões. Pagot chegou ao Dnit por indicação de Blairo Maggi, em um acordo entre o PR e o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Agora, sabe-se que, em 2010, Pagot foi procurado pelo partido do governo para usar sua posição privilegiada no governo para conseguir dinheiro para a campanha da candidata do governo. Na versão de Filippi, Pagot teria oferecido ajuda financeira de seu padrinho político à campanha da candidata do governo.
Meses depois de ajudar na campanha, Pagot acabou demitido do Dnit. Ele foi acusado de participar de um esquema do PR, que consistia em propina a fornecedores do governo. Em entrevista a ÉPOCA em abril, Pagot afirmou que havia sido afastado da direção do Dnit “através de uma negociata de uma empreiteira com um contraventor”.
Pagot se refere à construtora Delta e a conversas captadas pela Polícia Federal entre o bicheiro Carlos Augusto de Almeida Castro, o Carlinhos Cachoeira, e o então diretor da Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu. Nos diálogos, Cachoeira afirma ter plantado notícias contra Pagot na imprensa.
Ele e Abreu comemoram a decisão da presidente Dilma Rousseff de afastar Pagot, e outros suspeitos de corrupção, do Ministério dos Transportes. Pagot resistiu a deixar o cargo. Ele afirma que Filippi nunca ligou para agradecer seu trabalho na campanha. “Não é o estilo dele”, diz. “O estilo dele é ‘usa e joga fora’”
MURILO RAMOS E LEANDRO LOYOLA, Época
01 de junho de 2012
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